Diretamente
de Ciudad de México.
A perplexidade começa com o fato de
que Donald Trump foi realmente convidado pelo presidente mexicano Enrique Peña
Nieto.
Para este senhor que se lançara como
candidato à presidência com a famigerada proposta de construir um muro na
fronteira dos EUA com o México, fica difícil de entender que Peña Nieto - que
já não está bem nas pesquisas de opinião - possa pensar que ganharia algo
politicamente recebendo em Palácio este grosseirão americano.
E, como se assinala, não deu
outra. Trump não recuou um centímetro na
sua absurda exigência de que o México pague pela construção do muro.
Mister Trump volta para os States podendo arrotar que não recuou.
Por sua vez, Peña Nieto, do corrupto PRI, que imaginara tirar algum lucro
político do encontro, dele saíu ainda mais desmoralizado.
Como se verifica, o impossível
acontece. Mas não segundo um despropositado roteiro em que tivesse havido
alguma gentileza de parte de Trump. Ao contrário, de acordo com o sádico,
invisível roteirista dessa reunião - que poderia ser incluída dentro da série O impossível acontece - todo o
script se desenrolou exatamente conforme as personalidades respectivas são vistas
pelos públicos mexicano e americana.
Para a sua gente, Peña Nieto passa por fraco.
E para os americanos, Donald Trump é um fanfarrão...
A Manifestação da
Oposição em Caracas
Diante
do desgoverno de Nicolás Maduro, a manifestação de ontem em Caracas da oposição
mostrou a gravidade da situação.
Jamais se vira na capital venezuelana um tal afluxo de pessoas.
Com a maioria dos manifestantes vestindo roupas brancas, o ato se desenvolveu
de forma pacífica.
Organizada pela MUD (Mesa da
Unidade Democrática), o porta-voz dessa aliança opositora, Jesus Torrealba
anunciou a convocatória de uma segunda marcha, marcada para o próximo dia sete
de setembro.
A finalidade dessas manifestações é a de
exigir a realização do referendo
revogatório.
O governo chavista - que é com
justiça considerado pela população como o fautor da débacle do Estado, do
desabastecimento, da hiper-inflação, etc . - continua tudo fazendo para
dificultar as manifestações.
O presidente Nicolás Maduro
persistiu na sua política de resistência ao referendo. Dada a situação e a
revolta crescente da população diante do caos chavista, surpreende deveras que,
defronte do cinismo dos órgãos do Estado chavista - que tudo fazem para criar
dificuldades aos atos pacíficos do povo - as passeatas e as manifestações
monstro organizadas pela Oposição ainda
se mantenham pacíficas.
Ignaro do perigo que corre, e da gravidade da
situação, o situacionismo e Maduro em
especial multiplicam provocações, destinadas a tentar entorpecer o clamor
multitudinário.
Além de fechar o metrô de
Caracas, o chavismo de Maduro tudo empreendeu para dificultar - e por
conseguinte diminuir - a grande demonstração popular. Nesse sentido, na rodovia
Pan-Americana, policiais da Guarda Nacional Bolivariana lançaram bombas de gás
lacrimogêneo contra manifestantes que se dirigiam à capital.
Dentro da mesma orientação
repressora, essa rodovia estava bloqueada pelos meganhas da G.N.B., desde a
noite de quarta-feira, dia 31, dentro do esforço de tentar reduzir o afluxo do
povo. Os populares, no entanto, movidos pela raiva e conscientes da importância
de manifestar a sua oposição a tal governo, responsável pelo crescimento da
fome no povo venezuelano, não tem sido detidos pelas inúmeras provocações e
bloqueios rodoviários.
O Conselho Nacional
Eleitoral - também dominado pelo chavismo - se arrasta, retardando a coleta de
assinaturas, apesar do desconforto e da cólera crescente da população. A MUD pressiona para que a coleta ocorra o
quanto antes, para que o referendo possa ser realizado ainda deste ano.
Se a consulta for feita
depois de dez de janeiro de 2017, data que marca dois terços do desgoverno de
Nicolás Maduro, o vice Aristóbulo Isturiz, assumiria no caso da destituição de
Maduro, de acordo com a Constituição chavista.
Como seria substituir
seis por meia-dúzia, a Oposição e grande parte da população repele essa
manobra.
Entrementes, Nicolás
Maduro continua a agir como se estivesse no melhor dos mundos, ignaro dos riscos
multitudinários que corre.
As suas alegadas
'soluções' para contra-arrestar a crise, não passam de fanfarronadas de quem
age totalmente alheio ao perigo iminente diante da concentração da revolta
popular.
Para que se tenha noção
da própria insanidade, alinho as últimas declarações de Maduro: "Tenho
pronto um decreto para retirar a imunidade de todos os cargos públicos e para
ninguém utilizar a imunidade para conspirar, fazer um complot (sic), ir contra
o povo e a paz".
E adiante, a
fanfarronada: "Vou com a mão de ferro que Chávez me deu. Que ninguém se
equivoque comigo."
Nem os Bourbon foram
tão longe na própria insânia provocatória. Nicolás Maduro, com a sua varinha de
pau, cutuca o Povo venezuelano. Paciência tem limite e quando se cerra a porta
para a saída democrática, além de represar-se o desespero, se criam condições
para que, cansado de tanto sofrimento, inflingido pela colossal mediocridade
de Maduro, não passe à violência a
sofrida gente da Venezuela.
( Fontes: Folha de S. Paulo,
The New York Times )
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