quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Há segurança no Rio ?

                              

         Com a falência do Estado, devida aos reflexos da política temerária do ex-governador Sérgio Cabral, a virtual acefalia sob o vice Francisco Dornelles, e as finanças continuando à beira do abismo da inadimplência, não é nada difícil entender porque a segurança do Estado está entregue mais aos bandidos do que às baratas.
         O panorama do Estado mostra uma Polícia Militar que aparece nas falas do Secretário Beltrame, e, entretanto, para ti e na prática, ela não se vê em parte alguma, com o sensível, quase debochado aumento da criminalidade, a qual diante da situação - inação e ausência das forças da ordem - como não há de ficar cada vez mais presente e ousada , nesse Rio de Janeiro, a verdadeira  Cidade Maravilhosa do Crime.
         A falência do sistema das UPPs é menos atribuível ao Secretário Beltrame, do que à falta de verbas, que restringem os deslocamentos e a presença da PM. Depois de Amarildo, que credibilidade restou às UPPs?
          Nos parques citadinos, como, v.g., naquele do Flamengo, forçoso será reconhecer que não se vê polícia em parte alguma. A ausência das forças da ordem é uma benesse... para o crime. Este atua desimpedido, arrancando bicicletas de jovens que acreditaram na presente ingênua crença de que as suas alamedas não são  para proteger bandidos, mas sim para que todos se exercitem livre e saudavelmente.
            Como antes na Lagoa, em que dois dimenores covardemente assassinaram pelas costas um médico, agora a caça está aberta para os fora da lei, que, a seu tempo e com toda a calma, arranca as bicicletas de jovens ciclistas, roubando-lhes a prática de saudável exercício.
            É verdade que os bondes desapareceram. Poder-se-ía dizer que eles não podem ser blindados e andam muito devagar.
             O deserto da polícia é o sinal que não se apaga nunca, na medida em que consiste no contínuo aviso aos navegantes do mal que a caça está aberta.
             A ausência da Polícia é um sinal malévolo e maligno, pois ele atua e mesmo chega a cooperar para a multiplicação do crime. Nada mais terrível e contraproducente que os repetidos assaltos por grupos de delinquentes que montam em ônibus de linha nas proximidades do Fundão para arrancar as mochilas dos estudantes. No outro dia, cerca de doze jovens bandidos adentraram um ônibus - pergunto-me porque os motoristas param os coletivos para esses óbvios saqueadores - e assaltaram a todos os passageiros estudantes, levando-lhes as mochilas.
               O embarque foi na vizinhança do Fundão e o escopo era de obviedade lancinante. Mas,  mesmo assim, o motorista parou, solícito, para que esse estrume humano entrasse no ônibus, para arrancar dos estudantes os seus livros, cadernos e quaisquer valores que essas águias rapaces pudessem se apossar do  material adquirido com sacrifício. No gesto desses boçais há o prazer que os animais de rapina não têm, pois ele só mata quando tem fome. Não é o caso desta gente, condenada pela própria via aos mangues da ignorância. Eles se apossam de muito, mas ficam com pouco, e jogam no lixo o que sobra, na sua raiva incontida contra a grei dos honestos e dos trabalhadores, que lutam por construir um digno futuro.
                 Porquê essa mentalidade de carneiros que mal enxergam estar indo para o abatedouro? Porquê esse silêncio das vítimas, essa resignação dos fracos diante desse grupo de biltres e energúmenos, que vivem do saqueio e cuja bruta boçalidade os condena para a vida breve e estúpida que na sua peculiar animalidade tem prazer em matar, mesmo sem fome.

                 Que cidade é essa, em que a segurança só está nos letreiros do caminho? E se dirigires, reza muito para que teu anjo da guarda não esteja de folga, e que a sorte cruel dessa cidade, em que o polícia, ave rara que não está decerto à tua disposição, te livre da sarna dos bandidos, se tiveres a sorte da sua eventual presença, que será naquela tarde uma dádiva caprichosa para o teu incerto futuro. 

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