Com a falência do Estado, devida aos
reflexos da política temerária do ex-governador Sérgio Cabral, a virtual
acefalia sob o vice Francisco Dornelles, e as finanças continuando à beira do
abismo da inadimplência, não é nada difícil entender porque a segurança do
Estado está entregue mais aos bandidos do que às baratas.
O panorama do Estado mostra uma
Polícia Militar que aparece nas falas do Secretário Beltrame, e, entretanto,
para ti e na prática, ela não se vê em parte alguma, com o sensível, quase
debochado aumento da criminalidade, a qual diante da situação - inação e
ausência das forças da ordem - como não há de ficar cada vez mais presente e
ousada , nesse Rio de Janeiro, a verdadeira
Cidade Maravilhosa do Crime.
A falência do sistema das UPPs é menos
atribuível ao Secretário Beltrame, do que à falta de verbas, que restringem os
deslocamentos e a presença da PM. Depois de Amarildo, que credibilidade restou
às UPPs?
Nos parques citadinos, como, v.g.,
naquele do Flamengo, forçoso será reconhecer que não se vê polícia em parte
alguma. A ausência das forças da ordem é uma benesse... para o crime. Este atua
desimpedido, arrancando bicicletas de jovens que acreditaram na presente
ingênua crença de que as suas alamedas não são para proteger bandidos, mas sim para que todos
se exercitem livre e saudavelmente.
Como antes na Lagoa, em que dois dimenores covardemente assassinaram
pelas costas um médico, agora a caça está aberta para os fora da lei, que, a
seu tempo e com toda a calma, arranca as bicicletas de jovens ciclistas,
roubando-lhes a prática de saudável exercício.
É verdade que os bondes
desapareceram. Poder-se-ía dizer que eles não podem ser blindados e andam muito
devagar.
O deserto da polícia é o sinal que
não se apaga nunca, na medida em que consiste no contínuo aviso aos navegantes
do mal que a caça está aberta.
A ausência da Polícia é um sinal
malévolo e maligno, pois ele atua e mesmo chega a cooperar para a multiplicação
do crime. Nada mais terrível e contraproducente que os repetidos assaltos por
grupos de delinquentes que montam em ônibus de linha nas proximidades do Fundão
para arrancar as mochilas dos estudantes. No outro dia, cerca de doze jovens
bandidos adentraram um ônibus - pergunto-me porque os motoristas param os
coletivos para esses óbvios saqueadores - e assaltaram a todos os passageiros
estudantes, levando-lhes as mochilas.
O embarque foi na vizinhança do
Fundão e o escopo era de obviedade lancinante. Mas, mesmo assim, o motorista parou, solícito, para
que esse estrume humano entrasse no ônibus, para arrancar dos estudantes os
seus livros, cadernos e quaisquer valores que essas águias rapaces pudessem se
apossar do material adquirido com
sacrifício. No gesto desses boçais há o prazer que os animais de rapina não têm,
pois ele só mata quando tem fome. Não é o caso desta gente, condenada pela
própria via aos mangues da ignorância. Eles se apossam de muito, mas ficam com
pouco, e jogam no lixo o que sobra, na sua raiva incontida contra a grei dos
honestos e dos trabalhadores, que lutam por construir um digno futuro.
Porquê essa mentalidade de
carneiros que mal enxergam estar indo para o abatedouro? Porquê esse silêncio
das vítimas, essa resignação dos fracos diante desse grupo de biltres e
energúmenos, que vivem do saqueio e cuja bruta boçalidade os condena para a
vida breve e estúpida que na sua peculiar animalidade tem prazer em matar,
mesmo sem fome.
Que cidade é essa, em que a
segurança só está nos letreiros do caminho? E se dirigires, reza muito para que
teu anjo da guarda não esteja de folga, e que a sorte cruel dessa cidade, em
que o polícia, ave rara que não está decerto à tua disposição, te livre da
sarna dos bandidos, se tiveres a sorte da sua eventual presença, que será
naquela tarde uma dádiva caprichosa para o teu incerto futuro.
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