Operador
do PMDB depõe na Lava-Jato
A 35ª fase da
Lava-jato, a Operação Omertà, em operação de condução coercitiva e de buscas e
apreensões, levou para interrogatório o lobista
Milton de Oliveira Lyra Filho, que
é ligado ao Presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL).
A
Omertà identificou relações de Lyra com
recebedores de propinas da Odebrecht, que estão identificados nas
meticulosas planilhas do Setor de
Operações Estruturas da empreiteira - que é apontado, de resto,
pela força-tarefa da Lava-Jato como o "departamento da propina".
Milton Lyra, segundo registra o Estadão, é empresário sediado em
Brasília. Já há alguns anos chefia o
empreendimento comercial Meu Amigo Pet, que uma rede de produtos destinada a
animais de estimação. Essa rede, além de valer-se da internet, dispõe
igualmente de lojas físicas.
Relacionado com numerosos políticos, Milton |Lyra se aproximou do
presidente do Senado, Renan Calheiros, já há cerca de dez anos. Lyra também já trabalhou com o usineiro e ex-deputado João Lyra. A sua
última eleição foi em 2010, pelo PTB, das Alagoas, mas mais tarde se filiou ao
PSD.
Lyra apareceu em delação premiada, firmada com a Procuradoria-Geral da
República, por Nelson Mello, ex-diretor
de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas. Mello afirmou
que pagou R$ 30 milhões a dois lobistas com trânsito no Congresso para
efetuar repasses para senadores do PMDB,
entre eles o Presidente do Congresso, Romero Jucá (RR) e Eduardo Braga
(AM). Além de Milton Lyra, foi
igualmente citado Lúcio Bolonha Funaro. Lyra afirmava agir em nome dos senadores da
"bancada do PMDB", que teriam sido
destinatários da maior parte da propina, informa o delator.
Mas Lyra também é investigado em outra área, aquela que apura desvios
nos fundos de pensão. Ele aí aparece como operador de duas empresas que captaram R$ 570 milhões do Postalis,
fundo de pensão dos Correios.
Além disso, o lobista é beneficiário da offshore Venilson Corp., aberta
em fevereiro de 2013 no Panamá, segundo assinalam os documentos do Panama
Papers. Essa empresa foi usada para
abrir conta numa agência do banco UBS na
Alemanha. Tal instituição bancária
encerrou as relações com o brasileiro cerca de dois meses mais tarde, quando
houve tentativa de movimentar alta
quantia pela conta sem que fosse esclarecida a origem do numerário.
Por outro lado, em fins de 2015, o lobista Lyra aparece em um bilhete
apreendido na casa de Diogo Ferreira,
então chefe do gabinete do Senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS),
que tratava de suposta propina de R$ 45 milhões. Lyra nega qualquer tipo de conexão com o aludido caso.
Comissão
de Ética vai examinar fala de Moraes
Nesta
terça-feira, a Comissão de Ética Pública, vinculada ao Planalto, irá discutir
se abre ou não procedimento para investigar as declarações do Ministro da
Justiça, Alexandre de Moraes, acerca da Operação Lava-Jato.
Já no Congresso a oposição a Michel Temer
anunciou duas providências: PT e PCdoB entraram com representação na PGR contra
o Ministro da Justiça, assim como parlamentares oposicionistas estudam
convocá-lo para prestar esclarecimentos sobre a afirmação de que uma nova fase da Operação Lava-Jato
poderia ser deflagrada nesta semana.
Não basta que o Presidente Temer faça saber que chamou Moraes a palácio
para dar-lhe um puxão de orelhas. Preservar a operação Lava-Jato de ingerências
políticas é algo mandatório, e tem de ser respeitado.
(
Fontes: O Estado de S. Paulo, Folha de
S. Paulo )
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