Como
assinala quase burocraticamente nota-editorial do Estado de S.Paulo, "por
catorze votos a onze, a comissão mista do Congresso que analisa a MP 870, sobre
a reforma administrativa do governo de Jair Bolsonaro, decidiu retirar do
Ministério da Justiça e Segurança Pública (...) o Coaf, devolvendo-o para o
Ministério da Economia. Trata-se de importante revés para Bolsonaro e um dos
seus principais ministros, Sérgio Moro."
De
acordo, no entanto, com o Estado de
S.Paulo, "a rigor, nada muda. O Coaf continuará a fazer seu trabalho como sempre, e é preciso
recordar que esse órgão esteve no centro das investigações que desmontaram os esquemas do petrolão e do mensalão - ou seja, foi
eficiente mesmo sem estar sob o comando do ministro da Justiça."
Por outro lado,
o Estado, com a sua habitual precisão, tampouco foi dramático quanto a outra
decisão da comissão do Congresso, que exige autorização judicial para que
auditores da Receita Federal compartilhem indícios de crime de corrupção e lavagem de dinheiro
com o M.P.. Essa determinação tinha sido encarada por representantes da Lava
Jato como prejudicial a seus propósitos
e favorável aos políticos corruptos. Tampouco nesse vertente, segundo o
Estadão, nada muda, eis que em relação aos limites impostos aos auditores da
Receita, trata-se de necessária prudência no tratamento de dados sigilosos,
que obviamente não poderiam ser partilhados com ninguém sem a autorização de um
juiz.
Sem embargo, sob o aspecto político, tutto
sommato, a quinta-feira foi um desastre para o governo. Não foi apenas,
como assinala a nota do Estado, mais uma derrota a se somar à já extensa
coleção governista; terá sido pancada
dolorosa, porque atro-pelou sem
piedade o "superministro" Moro,
que admitiu que o governo falhou na articulação política. Nesse contexto, Moro se apercebe da diferença
entre seu trabalho co-mo juiz, em que
era autônomo e com poder vinculante, e agora como ministro, em que o seu poder
depende do respaldo presidencial, da habilidade política e do apoio parlamentar.
Sem nada disso, como frisa a nota, Moro é apenas uma marca de prestígio a repre-sentar
um governo despreparado para entregar o que prometeu.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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