domingo, 12 de maio de 2019

A incompetência política costuma sair caro


           

       A coluna de hoje de Ascânio Seleme nos guia para melhor entender a colossal incompetência política do Presidente Bolsonaro.  Por todo lado, chovem sinais do fundo despreparo do Presidente e de assessores-chefe para sequer valer-se de banalidades na política. Para que um presidente, com votação maciça tropece nas primeiras semanas do próprio governo, é necessário pressupor uma colossal incapacidade política, que sequer é capaz de valer-se do crédito de confiança que é devido a qualquer poder presidencial que acabe de ser eleito de forma clara. Collor está aí, com a sua abstrusa fórmula para derrubar a inflação, para mostrar, aos dubitativos, quão forte é um presidente entrante, se acaso tem alguma habilidade política.

           Se alguém tem alguma dúvida em capítulo, que leia a coluna de Ascânio. E até não seria preciso. Pois, pode alguém entender que um presidente siga a linha de um filósofo até agora desconhecido, ao invés de prestigiar as Forças Armadas ?

            E o governo Bolsonaro apanha incrivelmente no Congresso, como se estivesse em fim de mandato. Pois, como bem lembra Seleme, no início já demitiu quem melhor dialogava com a Casa, atendendo a futricas (que, de resto, o acusado desbaratou) do filho Carlos. E tenha-se presente que o ex-Ministro Gustavo Bebianno reproduzindo diálogos com o próprio, mostrou que as acusações eram balelas.
               Não é à toa que o senhor Bolsonaro venha, pela própria crassa inabilidade, desmentir regras já provadas na política. Dessarte, analisando mais de perto os pontos aprovados e rejeitados pela comissão, dá para entender o trabalho fisiológico do notório Centrão, assim como o apoio do PT, que passa longe do interesse nacional.
                Para não perdermos tempo com tanta desonestidade e sistemática sobreposição de interesses inconfessáveis ao que deva ser feito, a triste incompetência de Bolsonaro & Cia. abriu largas avenidas para que o notório Centrão e um partido antes desmoralizado como o PT tenham logrado a soma de sufrágios necessária para tirar o Coaf do Ministério da Justiça - e da alçada do Juiz Moro! - para o devolver ao Ministério da Economia! Tal equivale a tirar do Juiz Moro, com a sua ficha inatacável e seu renome nacional, um instrumento indispensável, pois sem o Coaf, que controla todas as atividades financeiras do Brasil,  o Juiz Moro perde a visão geral que teria automaticamente sobre a movimentação de fundos, de pessoas, de empresas, de políticos ou parti-dos suspeitos.
                    Quando um atentado é demasiado grave para ser aceito sem qualquer reação,  esse governo dará uma de fraco se engolir a afronta, ainda mais quando se trata de quem se trata. Nada pior do que a fraqueza diante das forças da corrupção e do vale-tudo. Não foi para isso que Bolsonaro foi eleito. Se ele aceitar essa afronta, estará agindo como alguém sem tutano, sem coragem e mesmo sem discernimento.  Aliás, a esse respeito se aconselha a Sua Excelência que passe a ter presente os reais valores de que dispõe, e não se deixe mesmerizar por figuras que até a pouco não passavam de ilustres desconhecidos, salvo entre os elementos da ultra direita.  Pois, alguém com ascendência ao senhor Bolsonaro deveria lembrá-lo que dispor do trunfo do apoio e da confiança do Exército Nacional é um dado de enorme valor. 

                         Dentre uma pessoa como o filósofo da ultra-direita Olavo de Carvalho, e a relevância das Forças Armadas, será bom ter presentes quais são os verdadeiros valores que se acham em liça.       


( Fontes: O Globo,  O Estado de S.Paulo, Folha de S. Paulo )

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