A coluna de hoje de
Ascânio Seleme nos guia para melhor entender a colossal incompetência política
do Presidente Bolsonaro. Por todo lado,
chovem sinais do fundo despreparo do Presidente e de assessores-chefe para
sequer valer-se de banalidades na política. Para que um presidente, com votação
maciça tropece nas primeiras semanas do próprio governo, é necessário pressupor
uma colossal incapacidade política, que sequer é capaz de valer-se do crédito
de confiança que é devido a qualquer poder presidencial que acabe de ser eleito
de forma clara. Collor está aí, com a sua abstrusa fórmula para derrubar a
inflação, para mostrar, aos dubitativos, quão forte é um presidente entrante,
se acaso tem alguma habilidade política.
Se alguém tem alguma dúvida em
capítulo, que leia a coluna de Ascânio. E até não seria preciso. Pois, pode
alguém entender que um presidente siga a linha de um filósofo até agora
desconhecido, ao invés de prestigiar as Forças Armadas ?
E o governo Bolsonaro apanha
incrivelmente no Congresso, como se estivesse em fim de mandato. Pois, como bem
lembra Seleme, no início já demitiu quem melhor dialogava com a Casa, atendendo
a futricas (que, de resto, o acusado desbaratou) do filho Carlos. E tenha-se
presente que o ex-Ministro Gustavo Bebianno reproduzindo diálogos com o
próprio, mostrou que as acusações eram balelas.
Não é à toa que o senhor
Bolsonaro venha, pela própria crassa inabilidade, desmentir regras já provadas
na política. Dessarte, analisando mais de perto os pontos aprovados e
rejeitados pela comissão, dá para entender o trabalho fisiológico do notório
Centrão, assim como o apoio do PT, que passa longe do interesse nacional.
Para não perdermos tempo com
tanta desonestidade e sistemática sobreposição de interesses inconfessáveis ao
que deva ser feito, a triste incompetência de Bolsonaro & Cia. abriu largas
avenidas para que o notório Centrão e um partido antes desmoralizado como o PT
tenham logrado a soma de sufrágios necessária para tirar o Coaf do Ministério
da Justiça - e da alçada do Juiz Moro! - para o devolver ao Ministério da
Economia! Tal equivale a tirar do Juiz Moro, com a sua ficha inatacável e seu
renome nacional, um instrumento indispensável, pois sem o Coaf, que controla
todas as atividades financeiras do Brasil,
o Juiz Moro perde a visão geral que teria automaticamente sobre a
movimentação de fundos, de pessoas, de empresas, de políticos ou parti-dos
suspeitos.
Quando um atentado é demasiado
grave para ser aceito sem qualquer reação,
esse governo dará uma de fraco se engolir a afronta, ainda mais quando
se trata de quem se trata. Nada pior do que a fraqueza diante das forças da
corrupção e do vale-tudo. Não foi para isso que Bolsonaro foi eleito. Se ele
aceitar essa afronta, estará agindo como alguém sem tutano, sem coragem e mesmo
sem discernimento. Aliás, a esse
respeito se aconselha a Sua Excelência que passe a ter presente os reais
valores de que dispõe, e não se deixe mesmerizar por figuras que até a pouco
não passavam de ilustres desconhecidos, salvo entre os elementos da ultra
direita. Pois, alguém com ascendência ao
senhor Bolsonaro deveria lembrá-lo que dispor do trunfo do apoio e da confiança
do Exército Nacional é um dado de enorme valor.
Dentre uma pessoa como o filósofo da ultra-direita Olavo de Carvalho, e a relevância das Forças Armadas, será bom
ter presentes quais são os verdadeiros valores que se acham em liça.
(
Fontes: O Globo, O Estado de S.Paulo,
Folha de S. Paulo )
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