A coalizão costurada por Bibi Netanyahu virou nuvem, por uma divergência entre o partido
secular Yisrael Beitenu, liderado por
Avigdor Lieberman, e os pequenos
partidos ultra-ortodoxos, a respeito da isenção do serviço militar.
No mundo de pequenos partidos em que se
transformou sob certos aspectos a democracia israelense, a participação no
governo de Avigdor Lieberman estava condicionada ao fim da isenção concedida
aos ultraortodoxos de estarem esses religiosos livres do serviço militar. Como
Israel é um país que carece de um exército forte, o serviço militar é imposto a
todos os cidadãos, e por isso a isenção concedida aos ultraortodoxos é mal vista por muitos, que a consideram uma
injustiça, ou um privilégio inaceitável.
Não podendo contornar a exigência de
Avigdor Lieberman - fim da isenção de serviço militar para os ultraortodoxos -
o Likud, de Netanyahu, designou a Lieberman como inimigo político.
Ao apresentar a resolução para
dissolver o Parlamento e convocar eleições para setembro p.f., o Likud continuou na sua orientação de
estimular rancores. Com efeito, o Likud
de Netanyahu impediu que o presidente Reuven Rivlin oferecesse ao
adversário derrotado por Netanyahu nas eleições, Benny Gantz, a
incumbência de formar governo, o que tradicionalmente ocorre em ocasiões similares. A resolução - que traduz a atual
predominância do Likud, mas não
reflete um espírito mais aberto (aquele que pode ser instrumental para oportunamente
criar condições para que tais obstáculos possam ser ulteriormente superados) foi
aprovada por 74 a 45 votos. Não tenho dúvidas que, criadas as necessárias
condições, um rei da Antiguidade, de nome Pyrrhos, do Épiro, teria concordado
com solução em linhas similares...
No cenário israelense, Netanyahu
está no poder há dez anos sem interrupção, e treze no total. Por sua vez Avigdor
Lieberman deixara o governo de Netanyahu em 2018, por discordar das
políticas do Premier para a Faixa de
Gaza, que é território palestino onde os árabes palestinos são submetidos a uma
política repressiva. Por outro lado, a exigência de Avigdor Lieberman configura a pedra de Drummond no meio do caminho. Para o especialista Maoz Rosenthal,
Lieberman deve agarrar-se à própria exigência: "Isso funciona
perfeitamente em sua base (eleitoral). Esse tipo de comportamento já o
beneficiou no passado."
(
Fontes: O Estado de S. Paulo, Carlos Drummond de Andrade )
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