quinta-feira, 30 de maio de 2019

O Imponderável derrota Netanyahu


                 
    A coalizão costurada por Bibi Netanyahu virou nuvem, por uma divergência entre o partido secular Yisrael Beitenu, liderado por Avigdor Lieberman, e os pequenos partidos ultra-ortodoxos, a respeito da isenção do serviço militar.
       No mundo de pequenos partidos em que se transformou sob certos aspectos a democracia israelense, a participação no governo de Avigdor Lieberman estava condicionada ao fim da isenção concedida aos ultraortodoxos de estarem esses religiosos livres do serviço militar. Como Israel é um país que carece de um exército forte, o serviço militar é imposto a todos os cidadãos, e por isso a isenção concedida aos ultraortodoxos  é mal vista por muitos, que a consideram uma injustiça, ou um privilégio inaceitável.
          Não podendo contornar a exigência de Avigdor Lieberman - fim da isenção de serviço militar para os ultraortodoxos - o Likud, de Netanyahu, designou a Lieberman como inimigo político.

           Ao apresentar a resolução para dissolver o Parlamento e convocar eleições para setembro p.f., o Likud continuou na sua orientação de estimular rancores. Com efeito,  o Likud de Netanyahu impediu que o presidente Reuven Rivlin oferecesse ao adversário derrotado por Netanyahu nas eleições, Benny Gantz, a incumbência de formar governo, o que tradicionalmente  ocorre em ocasiões similares.  A resolução - que traduz a atual predominância do Likud, mas não reflete um espírito mais aberto (aquele que pode ser instrumental para oportunamente criar condições para que tais obstáculos possam ser ulteriormente superados) foi aprovada por 74 a 45 votos. Não tenho dúvidas que, criadas as necessárias condições, um rei da Antiguidade, de nome Pyrrhos, do Épiro, teria concordado com solução em linhas similares...

             No cenário israelense, Netanyahu está no poder há dez anos sem interrupção, e treze no total. Por sua vez Avigdor Lieberman deixara o governo de Netanyahu em 2018, por discordar das políticas do Premier para a Faixa de Gaza, que é território palestino onde os árabes palestinos são submetidos a uma política repressiva. Por outro lado, a exigência de Avigdor Lieberman configura a pedra de Drummond no meio do caminho. Para o especialista Maoz Rosenthal, Lieberman deve agarrar-se à própria exigência: "Isso funciona perfeitamente em sua base (eleitoral). Esse tipo de comportamento já o beneficiou no passado."

( Fontes: O Estado de S. Paulo, Carlos Drummond de Andrade )

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