É
dificil querer bater de frente contra a realidade. Em junho de 2016, o Primeiro
Ministro David Cameron fez votar mais um referendo sobre a permanência do Reino
Unido na União Europeia. Esse clamoroso erro de Cameron, pelo qual ele pagou
caro - deixou de ser Premier, com o
fim da própria carreira política - até hoje repercute.
Realizado em junho, já no começo dos
dias do veraneio estival, o dito referendo pela vontade de 52% dos votantes determinou
o fim da longa participação britânica na Comunidade Europeia. O que motivara
uma grande luta, ao cabo premiada com o ingresso na organização sediada em
Bruxelas, terminava anticlimáticamente, em uma decisão apertada, que refletia
um misto de desinteresse na participação do referendo, organizado já em período
estivo.
Agora, a proposta da Primeiro Ministro Theresa May
não podia deixar de incluir os defeitos que lhe caracterizam. Chega até a propor um novo referendo sobre a
permanência britânica na UE, embora que sob condições! Por motivos que dão a impressão de serem
inconfessáveis, a May subordina o dito possível referendo a nebulosas condições,
que o fariam depender de uma composição com o Parlamento. Ora, grita aos céus que, se a vontade do Povo
é soberana, ela não pode ser condicionada a eventuais acordos ou restrições.
Como a May semelha não ter a coragem de reconhecer que o referendo de 2016
foi um erro político - realizado em pleno verão, e por conseguinte com baixa
ressonância e afluxo - e que sobretudo ignorou todo um passado de lutas pela unificação europeia,
passado esse que se permitiu pela indiferença de uns, e a pouca visão de
outros, desfigurar, como se as porfias de antes que culminaram no ingresso
inglês na Organização de Bruxelas fossem coisa de somenos.
Dessarte, a May trata o referendo de 2016 como se seria algo que se
aproxime de qualquer coisa de semelhante a uma decisão histórica e quase
sagrada, tantas são as condições que
estabelece para que a nova votação dos súditos de Sua Majestade possa
realizar-se. Se um calamitoso erro foi
cometido pela displicência do então Primeiro Ministro, disso não resta sombra
de dúvida, e para tanto bastaria ver os óbices encontra-dos nas tentativas de
levar avante de qualquer jeito, como se fora escrita da arca da aliança, o que
um público menor em atmosfera pouco condizente à determinação de um novo
destino nacional, a ser tomado contra tantos precedentes em contrário, que aí
es-tão, e se afiguram de difícil retirada, até mesmo por oportunistas que na
sua insana busca de oportunidades políticas não relutam em ignorar a profusão
de argumentos a militarem contra.
Manda o bom senso que se ponha termo a esse novelo infindável, e que se
abram de par em par as sessões eleitorais para recolher o sufrágio soberano de
um Povo a que se devem criar condições para que afinal se pronuncie, e de forma condigna, com o afluxo e o relevo que
a importância da ocasião exige, sem mais outros interesses que os do Povo de
Sua Majestade. Que venham, pois, em
grande número, o que já é não pequena homenagem à importância da determi-nação.
E ao votarem na consulta que se lhes faz, que tenham muito presente o caminho
amplo, sem bairrismos nem interesses inconfessáveis, para que a Inglaterra volte a ter a presença
de seu próprio gênio nacional no vasto lar europeu, que representa para esse
Povo o desafio de que não recuariam aqueles que têm ideia de sua própria
grandeza, e o quanto há de crescer e prosperar diante de mais esse repto que é
próprio desta gente, que assim estaria de volta ao destino que lhe abriram os
precursores num passado de glórias e também cumpre não olvidar de grandes e
sonoros êxitos perante magnos desafios, a que não fizeram recuar as arrogantes negativas
no passado não tão longínquo de personalidades que talvez preferiam ver o Povo de
Sua Majestade Britânica posto de lado, e menos pelos próprios defeitos do que por suas grandes qualidades, que tão alto devem
levar essa gente quanto já o indica e de forma portentosa o seu passado de
afirmações, realizações e de memoráveis
lutas!
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