A patente incapacidade
do governo Maduro de lidar com a grave situação demográfica na Venezuela está
escancarada para quem se anime a olhar para o quadro do país. Por uma série de
circunstâncias, dentre as quais cresce a da hiper-inflação a que a
administração chavista ou não tem condições de confrontá-la , ou chega a pensar
que um dia ela partirá por milagre divino,
a pobre Venezuela se arrasta, com grande e previsível maior sofrimento
para a sua gente pobre e sem recursos, que ou se resigna a viver nesse peculiar
inferno, ou parte para o imprevisível do exílio forçado.
Os números estatísticos crescem e
impõem atenção sempre maior. Segundo a Acnur, agência das Nações Unidas para os
refugiados, a crise venezuelana tornou-se também demográfica, eis que a
população encolheu 11.9% no total, e quase 10% nos últimos quatro anos.
Não há necessidade de grandes
perquisições e análises profundas. A situação social é calamitosa, em todos os
seus aspectos. Falta segurança nas ruas e logradouros, o estado nos hospitais é
caótico, pela falta de medicamentos, insumos e de corpos médicos em condições
de enfrentar tal desafio. Nada fala mais alto sobre a total falta de condições
do sistema médico-hospitalar venezuelano de prestar apoio de toda sorte àqueles
que dele carecem se reflete nas idas de militares venezuelanos para hospitais
em Roraima, diante do desamparo local.
Dos 3,7 milhões de venezuelanos
registrados atualmente no exterior, apenas setecentos mil emigraram antes de
2015, quando a crise médico-sanitária na Venezuela começou a intensificar-se
dramaticamente.
Assim, mais de 1,4 milhão de
pessoas receberam autorização de residência, vistos, de caráter humanitário ou
de trabalho, para se estabelecer legalmente em países latino-americanos, o que
inclui o Brasil.
Os números de asilo mais do que o
reflexo de situação politicamente caótica, espelham a grave crise social e a
patente incapacidade do governo chavista de lidar de forma pró-ativa com esse
desafio, clara e toybeeanamente perdido pelo incompetente e corrupto governo de
Nicolás Maduro.
As saídas do país, forçadas pelo
caos e a falta de condições sanitárias, alimentares e mesmo sociais, só fazem aumentar. Em 2015, o número de
pedidos foi de 10.2 mil. No fim de 2018, 464 milhares fizeram tal pedido.
Segundo as Nações Unidas, a maioria das solicitações são processadas em países
vizinhos. De acordo com a Acnur, muitos refugiados da Venezuela conseguiram
obter outros tipos de visto que lhes permitem frequentar escolas, sistemas
públicos de saúde e trabalhar.
O grande êxodo venezuelano -
que fogem da crise econômica e social - constitui por certo um dos mais
importantes deslocamentos de gente na história recente da região. O número de
refugiados da Venezuela não se inferioriza e muitas vezes ultrapassa aquele de
países que se acham em aberto conflito, como o Mianmar e o Afeganistão.
Essa deterioração social na
Venezuela principia a agravar-se nos últimos anos do governo de Hugo Chávez,
por força da hiper-inflação, da rampante corrupção e de uma administração
incapaz de lidar com tal desafio, conforme comprovado por seu sucessor Nicolás Maduro. Vige na Venezuela a opressão
do abandono de um país que perdeu o controle, por força dessa hiper-inflação, e
da deterioração social de uma sub-elite dirigente que não mais se ocupa da
manutenção dos bens comuns, e daí decorrem as ameaças que pesam sobre a vida da
população em geral, a segurança em todos os seus parâmetros, e a falta de condições mínimas de manutenção de
um padrão que se aproxime da usual normalidade. Tangidos por tal descomunal
desafio, cerca de três milhões de pessoas deixaram o país desde 2015 (e o período
fatídico que se inicia, com a morte de Chávez e a entrada plena em funções do
corrupto e incapaz regime de Nicolás Maduro). Cerca de três milhões de pessoas
abandonaram a Venezuela desde 2015.
Na Venezuela, em
consequência, a crise econômica e a hiper-inflação fazem com que cerca de 90%
das pessoas vivam na pobreza, beirando a indigência. Segundo o FMI, a inflação neste ano de 2019
atingirá 10.000.000% (dez milhões por
cento!)
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