Segundo
revela despacho da Reuters, representantes do Governo Maduro e da
Oposição estão na Noruega para negociar o fim da crise política no país.
Essa
informação foi confirmada com quatro fontes da Oposição venezuelana.
Pelo Twitter, o líder opositor - e presidente
interino - Juan Guaidó confirmou o
contato com a Chancelaria norueguesa, mas negou a existência de uma negociação
formal : "Só haverá negociação se houver fim da usurpação, governo de
transição e eleições livres", escreveu Guaidó.
De
acordo com as fontes, que solicitaram o anonimato, o Ministro venezuelano da Comunicação, Jorge Rodriguez, e o governador do Estado de
Miranda, Héctor Rodriguez, viajaram para Oslo a convite do governo
norueguês, que atua enquanto facilitador da aproximação.
De
parte da Oposição, viajaram os assessores Gerardo Blyde e Fernando Martinez, ao
lado do segundo vice-presidente da Assembleia Nacional, Stalin González, sempre
consoante as quatro pessoas consultadas pela Reuters.
Contudo, os dois lados ainda não se reuniram. Até agora, os encontros foram realizados
separadamente com representantes da Noruega, segundo uma das fontes, que não
forneceu detalhes da agenda da negociação.
Por sua vez, o Ministério das
Relações Exteriores da Noruega e o Ministério da Comunicação da Venezuela
tampouco comentaram a notícia.
As reuniões em Oslo seriam um novo
esforço concreto dos dois lados para buscar um entendimento, depois que o
diálogo entre o governo Maduro e os partidos da Oposição naufragou, no início
de 2018, pouco antes das eleições boicotadas pela coalizão opositora.
"O esforço deve ser preservado. Ele tem seriedade e apoio",
disse uma das fontes da oposição, que acredita que as negociações apontem para
uma solução eleitoral à crise política na Venezuela. Não ficou claro, no
entanto, se Nicolás Maduro autorizou esse novo diálogo, o que segundo as
fontes, ocorreu após um esforço de vários membros do governo da Noruega.
Post
Scriptum
Parece-me
oportuno recordar que a Noruega, em fins do século passado, criou as condições
necessárias para a negociação da paz na Palestina entre o Estado Israelense e
os representantes árabes-palestinos.
Como se sabe, esse diálogo - favorecido pelo governo norueguês -
possibilitou a primeira troca de opiniões entre os arabes-palestinos e o regime
israelense. A Noruega se empenhou bastante, então, para criar condições para o
êxito do diálogo, que levou inclusive às famosas conversações e negociações
sobre o Acordo entre árabes e judeus, conforme patenteado pelo famoso encontro
nos jardins da Casa Branca, sob a
presidência de Bill Clinton, com Rabin e outros líderes israelitas de um
lado, e Yasser Arafat. de outro. A
princípio, os Acordos dos Jardins
da Casa Branca foram aceitos por
ambos as Partes, mas o futuro, esse pertinaz desfazedor de boas intenções,
contribuiria nos anos seguintes para inviabilizar a atmosfera de concordância
entre as Partes (palestinos e judeus), que não resistiu aos embates com a
realidade (Rabin seria assassinado,
por um israelita fanático de direita, e Arafat,
bastante mais tarde, sofreu morte suspeita, com possível intervenção de Israel
e seu serviço secreto).
Resumindo, Oslo tem
experiência em aproximar adversários e criar condições de eventual acordo. Daí
a declarar que há fundadas esperanças para o entendimento entre Maduro e
Chavismo, de um lado, e os representantes da Oposição venezuelana, de
outro, é outra estória, que o próprio
Maduro possa estar até mesmo pensando em
instrumentalizar, ou ganhar tempo.
Até o presente, nenhum exercício
de intermediação - e não foram decerto muitos e para valer - nos habilita a
aceitar como verossímil uma disposição para a composição de parte do presidente chavista Nicolás Maduro. Ele
sempre buscou instrumentalizar tais acordos para ganhar tempo e enfraquecer a
Oposição. Sem embargo, a despeito de ter o apoio de gospodin Putin e o da
China, a situação de Maduro - pelos inúmeros indícios - não é decerto das
melhores, to say the least. O último
episódio próximo da rebelião e com os vacilos de vários militares em favor da
Oposição, tudo isso não contribui para fortalecer Maduro, e enfraquecer Juan
Guaidó. O mais provável aponta para um ulterior reforço da Oposição e um apoio
maior que o dado até agora ao presidente interino. Mas daí a dizer que a sorte está lançada e o
destino do chavismo já determinado, é uma outra estória.
E por fim é bom não
esquecer que os famosos Acordos de Oslo
foram para o brejo, malgrado toda a expectativa e a boa vontade do governo de
Oslo, além do próprio Ocidente .
.
(
Fontes: O Estado de S. Paulo e experiência pregressa do responsável pelo blog.)
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