quinta-feira, 9 de maio de 2019

A estranha reviravolta do Supremo


                 
       Não será decerto jornada a ser relembrada a decisão do Supremo Tribunal Federal ao voltar atrás de sua anterior sentença. Com a reviravolta final do atual presidente, Dias Toffoli, ressurgiu por seis votos a cinco a nova ordem, abrindo de novo as comportas para que as assembleias legislativas possam anular as prisões de deputados estaduais decretadas pela Justiça.
           Por sua parte, o presidente Dias Toffoli, que tinha dado voto considerado intermediário: declarara que as assembléias não poderiam reverter prisões, só suspender ações penais desses parlamentares. Já na sessão de ontem, oito de maio, Sua Excelência mudou de posição, votando pela imunidade total dos parlamentares estaduais.
             Também votaram, mas em sentidos opostos, Luis Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski.  Barroso, cuja presença no tribunal tem crescido, se alinhou com a posição ética. Segundo ele, a norma que dá ao Congresso a palavra final sobre prisões em flagrante por crime inafiançável se aplica apenas quando a prisão é feita por autoridade policial, não quando a ordem for fundamentada por um juiz.
               Já Lewandowski - que comemorou a mudança de Toffoli -  integrava, como seria de esperar, a posição que virou majoritária.
                Para o Rio de Janeiro, a reviravolta do Supremo prenuncia um recuo lamentável enquanto concerne à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Embora ainda haja nuvens no céu de suas excelências atualmente presas - são cinco, o que reflete o nível ético que envergonha o Palácio Tiradentes, que no passado abrigara o Congresso Nacional. Por isso, a presente decisão do STF não abre apenas brecha para a soltura de suas excelências - anuncia um  lamentável recuo  nas perspecti-vas do respeito pela ética  na assembleia que representa a mui leal e heróica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro e  seu estado.

( Fontes: O Globo e Rede Globo)

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