A análise feita por Philip
Bump, do Washington Post, sobre o
relatório produzido pelo Conselheiro Especial me parece merecer em determinados
pontos uma atenção especial. Assim, em
dois pontos de sua declaração, Robert Mueller qualificou o relatório como o
"documento com a máxima autoridade sobre o que foi descoberto". Adiante, o promotor especial declara que não
pretende depor ao Congresso: "qualquer depoimento não irá além do nosso
relatório."
Bump assinala que tal "parece
um pouco desanimador". A posição do Secretário de Justiça, William Barr
resumiu as conclusões de Mueller num comunicado impreciso de quatro palavras:
nenhum conluio, nenhuma obstrução. Mas como frisa o jornalista, todas as
afirmações de Barr divergem de o que o relatório afirma.
O que Mueller fez na sua declaração
foi exibir o relatório e chamar a atenção para ele, dizendo à sociedade
americana o que ele contém. O primeiro volume de seu relatório "inclui uma
discussão da resposta da campanha de Trump a esta atividade como também nossa
conclusão de que as provas eram insuficientes para fazer acusações de uma
conspiração mais geral." Evidências insuficientes (...) não quer dizer
falta de provas. De novo, a distinção existe no relatório, mas não como Trump
ou Barr apresentaram as conclusões de Mueller.
O segundo volume do relatório
confirma os esforços de Trump para prejudicar a investigação. "Com base
numa antiga política, um presidente em exercício não pode ser acusado de um
crime federal. Isso é inconstitucional,
mesmo se a acusação for mantida em
segredo e ocultada do público. O que também é proibido. "Por isso, acusar
o presidente de um crime não era uma opção que levamos em conta."
A
declaração em tela contradiz o que Barr afirmou: Ele (Mueller) deixara claro que não determinou que houve um
crime.
Em primeiro lugar, segundo o
conselheiro legal, é permitido realizar uma investigação de um presidente em
funções se for para preservar as provas. Em segundo lugar, o conselheiro legal
aponta para a existência de outros mecanismos para acusar de crimes os
presidentes que estão no exercício do cargo.
É fácil ler nas entrelinhas que este mecanismo
é o impeachment."
(
Fonte: O Estado de S. Paulo, em tradução do Washington Post. )
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