quinta-feira, 23 de maio de 2019

Senado com agenda própria ?


                         
        A situação para o Governo Bolsonaro no Senado não se afigura muito melhor do que na Câmara. Em almoço realizado  na residência oficial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre - que também é do DE\M - líderes de bancada avaliaram que o governo está "sem rumo", e ainda que Bolsonaro correria o risco de não terminar o mandato, se ele continuar apostando no confronto. O tema parlamentarismo, como de hábito em tais circunstâncias, passou pela conversa, mas logo saíu de cena.
              Nesse contexto, entra o Senador José Serra (PSDB-SP). Ele disse nesta reunião que está revisando a proposta de emenda constitucional instituindo o parlamentarismo no Brasil, no fim de 2022 ( fim do governo Bolsonaro), e nesse sentido, deve protocolar o novo texto em duas semanas.  Seus colegas, sem embargo, não quiseram prolongar tal questão.
                Para os senadores Espiridião Amin (PP-SC) e Jaques Wagner (PT-BA) falar em parlamentarismo agora seria  um "tiro no pé", e poderia ser interpretado como golpe do Congresso, articulado contra Bolsonaro.  Nesse sentido, segundo os senadores o presidente quer jogar a população contra o Congresso, incentivando manifestações de rua em defesa de seu mandato. Como é notório, em 1993, um plebiscito rejeitara o parlamentarismo no Brasil, mas em todas as turbulências  políticas o tema volta à tona.
                   A iniciativa de discutir saídas para a crise partiu de Alcolumbre e de Tasso Jereissati (PSDB- CE). Há concepção generalizada no Congresso de que tudo que não der certo no Governo será debitado por Bolsonaro na conta do Legislativo. Após cinco meses de mandato, o presidente ainda não conseguiu formar base de sustentação no Congresso, além das fronteiras do PSL, o partido do bolsonarismo. Nesse contexto, o presidente enfrenta resistência para aprovar a Reforma da Previdência, considerada essencial por Guedes e sua equipe para o ajuste das contas públicas.
                       Por sua vez, o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se não participou desse almoço, ele foi aconselhado a amenizar as críticas. Auxiliares do presidente argumentaram  que a simples menção do tema parlamentarismo na conversa cheira a "golpe".
                           Ainda nesse contexto, apesar da pressão de parlamentares para que o governo troque o seu líder na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que a ordem do presidente Jair Bolsonaro é mantê-lo na função. Segundo o porta-voz, Vitor Hugo tem "toda a confiança" para "executar as suas tarefas".
                               Nesse contexto,  "sobre Major Vitor Hugo o presidente o fortaleceu na condução da liderança junto à Câmara, bem como tem muita convicção no trabalho a ser desenvolvido também pela deputada Joice Hasselmann (PSF-SP) e pelo Senador Fernando Bezerra (MDB-PE). Então é um trio de atacantes extremamente bem-prepara-do) disse o porta-voz do Governo.
                                A pressão para que Vitor Hugo deixe a função aumentou após críticas feitas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em reunião de líderes partidários. Na ocasião, o líder do governo foi acusado de atacar o Legislativo ao compartilhar mensagem, via Whatsup, que associa negociações com parlamentares a sacos de dinheiro. Segundo outros líderes, a situação seria "incontornável" e que não há mais diálogo possível.
                                     No Twitter, Vitor Hugo voltou a defender-se.  Segundo ele, Maia se sentiu atacado por críticas que havia feito a reuniões fechadas que o presidente da Câmara realiza na residência oficial.  O líder do Governo negou ter atacado o Congresso e afirmou que tentou se aproximar (sic)  de Maia desde o início da legislatura, sem sucesso.
                                        Personalismos à parte, semelha difícil manter o atual líder  Major Vitor Hugo nas suas funções.  

( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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