A
situação para o Governo Bolsonaro no Senado não se afigura muito melhor do que
na Câmara. Em almoço realizado na residência
oficial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre - que também é do DE\M -
líderes de bancada avaliaram que o governo está "sem rumo", e ainda
que Bolsonaro correria o risco de não terminar o mandato, se ele continuar apostando
no confronto. O tema parlamentarismo, como de hábito em tais circunstâncias,
passou pela conversa, mas logo saíu de cena.
Nesse contexto, entra o Senador José Serra (PSDB-SP). Ele disse nesta
reunião que está revisando a proposta de emenda constitucional instituindo o
parlamentarismo no Brasil, no fim de 2022 ( fim do governo Bolsonaro), e nesse
sentido, deve protocolar o novo texto em duas semanas. Seus colegas, sem embargo, não quiseram
prolongar tal questão.
Para os senadores Espiridião Amin
(PP-SC) e Jaques Wagner (PT-BA) falar em parlamentarismo agora seria um "tiro no pé", e poderia ser
interpretado como golpe do Congresso, articulado contra Bolsonaro. Nesse sentido, segundo os senadores o presidente
quer jogar a população contra o Congresso, incentivando manifestações de rua em
defesa de seu mandato. Como é notório, em 1993, um plebiscito rejeitara o parlamentarismo
no Brasil, mas em todas as turbulências
políticas o tema volta à tona.
A iniciativa de discutir saídas
para a crise partiu de Alcolumbre e de Tasso Jereissati (PSDB- CE). Há
concepção generalizada no Congresso de que tudo que não der certo no Governo
será debitado por Bolsonaro na conta do Legislativo. Após cinco meses de
mandato, o presidente ainda não conseguiu formar base de sustentação no
Congresso, além das fronteiras do PSL, o partido do bolsonarismo. Nesse
contexto, o presidente enfrenta resistência para aprovar a Reforma da Previdência,
considerada essencial por Guedes e sua equipe para o ajuste das contas
públicas.
Por sua vez, o
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se não participou desse almoço,
ele foi aconselhado a amenizar as críticas. Auxiliares do presidente
argumentaram que a simples menção do
tema parlamentarismo na conversa cheira a "golpe".
Ainda nesse
contexto, apesar da pressão de parlamentares para que o governo troque o seu
líder na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), o porta-voz da
Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que a ordem do presidente Jair
Bolsonaro é mantê-lo na função. Segundo o porta-voz, Vitor Hugo tem "toda
a confiança" para "executar as suas tarefas".
Nesse
contexto, "sobre Major Vitor Hugo o
presidente o fortaleceu na condução da liderança junto à Câmara, bem como tem
muita convicção no trabalho a ser desenvolvido também pela deputada Joice
Hasselmann (PSF-SP) e pelo Senador Fernando Bezerra (MDB-PE). Então é um trio
de atacantes extremamente bem-prepara-do) disse o porta-voz do Governo.
A pressão para que Vitor Hugo deixe a função aumentou após críticas feitas pelo
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em reunião de
líderes partidários. Na ocasião, o líder do governo foi acusado de atacar o
Legislativo ao compartilhar mensagem, via Whatsup, que associa negociações com
parlamentares a sacos de dinheiro. Segundo outros líderes, a situação seria
"incontornável" e que não há mais diálogo possível.
No Twitter, Vitor Hugo voltou a
defender-se. Segundo ele, Maia se sentiu
atacado por críticas que havia feito a reuniões fechadas que o presidente da Câmara
realiza na residência oficial. O líder
do Governo negou ter atacado o Congresso e afirmou que tentou se aproximar (sic)
de Maia desde o início da legislatura, sem sucesso.
Personalismos à parte, semelha difícil manter o atual líder Major Vitor Hugo nas suas funções.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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