Consoante noticia o Estado de S. Paulo, pelo menos 75
das 102 universidades e Institutos Federais convocaram protestos para essa 4ª
feira, em resposta ao bloqueio de 30% dos orçamentos, determinado pelo Ministro
Abraham Weintraub, da Educação.
Essas
entidades terão apoio de universidades públicas estaduais de vários Estados - incluindo São Paulo, onde
os reitores da USP, UNICAMP e Unesp convocaram docentes e alunos para debaterem
os rumos da educação.
O
Ministro da Educação, Abraham Weintraub - que será o principal alvo do
protesto - disse ontem que as universidades precisam deixar de ser tratadas
como "torres de marfim". A par disso, não descartou ele novos
contingenciamentos.
Cientistas e pesquisadores de diversas instituições e estudantes de
faculdades particulares também vão aos protestos convocados.
É o
caso, v.g., de PUC-SP e Mackenzie. Além da comunidade de ensino superior, a
rede básica também aderiu à paralisação. Pelo menos trinta das principais
escolas particulares de São Paulo vão integrar o movimento, apesar da Federação
Nacional das Escolas sugerir corte de ponto dos faltosos. A Apeoesp, sindicato dos professores da rede
estadual pública de S. Paulo, a maior da América Latina, convocou os
professores a paralisarem - o mesmo foi feito pelos sindicatos da rede
paulistana.
Atos
correspondentes em todos os Estados vêm sendo convocados pelas maiores entidades estudantis e
sindicais do País, incluindo a UNE e a Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Educação (CNTE). Em Brasília, o prédio do MEC já amanheceu ontem cercado por homens da Força Nacional de
Segurança Pública. O secretário-executivo da Pasta, Antoni Paulo Vogel, afirmou
que a proteção foi pedido pelo governo federal.
Autonomia
e Custos. O Ministro Weintraub afirmou ontem ser
favorável até à entrada da polícia (sic) nas universidades. "Autonomia
universitária não é soberania", disse, durante café da manhã com jornalistas.
Ele argumentou que, no passado, a regra pode ter feito sentido, "mas
atualmente é dispensável."
Para ele, a autonomia das instituições deve se dar também na área
financeira, com a criação de mecanismos que permitam a busca de recursos e patrocínios.
"Hoje elas não podem... Não estou falando em cobrar, sou contra cobrar dos
alunos de graduação." Mas, emendou: "o ideal seria a criação de
mecanismos para que empresas se tornem patronas das instituições, possam
construir prédios, colocar nomes nas novas instituições", disse. "Essas torres de marfim que a gente
criou impedem que renda possa ser gerada para ser usada na pesquisa."
O ministro se esquivou de fazer comentários sobre a greve, mas
condicionou a liberação dos recursos bloqueados à aprovação da reforma da
Previdência, e não descartou novos cortes. Weintraub procurou ainda reduzir a
importância do bloqueio sofrido pela Pasta que lidera, citando outros
ministérios que tiveram
contingenciamentos maiores, como aquela da Defesa Nacional.
Weintraub disse haver recebido cinquenta reitores nos poucos dias no
cargo e, de acordo com relatos, a conta das universidades está em dia e "a
vida segue normal". "Se tiver algum problema, vou até o Ministério da
Economia, para abrir uma exceção. A gente vai atrás." Ele também foi
dramático ao falar sobre seu curto período à frente do Ministério da Educação.
Transcorridos menos de dois meses de sua posse, ele se queixa da perseguição.
"Estou sendo caçado com taco de beisebol e machadinha. O inimigo número um
de tudo", disse ele. "Estou sendo moído."
À tarde, em entrevista
à Radio Jovem Pan, Weintraub voltou a negar o contingenciamento de 30% - anunciado pelo próprio MEC. Mostrem os
números. Parem de mentir. Estamos contingenciando 3,5%. Você que está preso aí no trânsito: a
gente tá pedindo para segurar 3,5%"
Justiça. A Juíza
Renata Almeida de Moura Isaac, titular da 7ª Vara Cível de Salvador,
solicitou que a União justifique, em até
cinco dias, cada um dos bloqueios orçamentá-rios que impôs às instituições de
ensino superior no Brasil. O pedido é
consequência da Ação Popular impetrada pelo Deputado Federal Jorge Solla
(PT-BA) no dia trinta de abril, que pediu anulação imediata dos cortes, sob
alegação de que que o ministro Abraham Weintraub (Educação) atribuiu publicamente a decisão a uma reprimenda às instituições que "promoviam
balbúrdia." Segundo o Houaiss, balbúrdia é desordem
barulhenta, algazarra, tumulto; situação confusa.
Nesse contexto, me parece relevante a resposta
de Italo Monteiro, aluno do curso de
Odontologia da UFPE: "quando a sociedade concorda com o ministro, quando
ele diz que nas universidades o que se faz é balbúrdia, é porque as pessoas não
sabem o que acontece dentro da instituição. Então, resolvemos divulgar e dar publicidade a tudo de bom e
importante que acontece aqui dentro", disse Italo Monteiro, aluno do curso
de Odontologia da UFPE.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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