quarta-feira, 15 de maio de 2019

Balbúrdia vira mote de protestos universitários


                
      Consoante  noticia o Estado de S. Paulo, pelo menos 75 das 102 universidades e Institutos Federais convocaram protestos para essa 4ª feira, em resposta ao bloqueio de 30% dos orçamentos, determinado pelo Ministro Abraham Weintraub, da Educação.
        Essas entidades terão apoio de universidades públicas estaduais  de vários Estados - incluindo São Paulo, onde os reitores da USP, UNICAMP e Unesp convocaram docentes e alunos para debaterem os rumos da educação.
        O Ministro da Educação, Abraham Weintraub - que será o principal alvo do protesto - disse ontem que as universidades precisam deixar de ser tratadas como "torres de marfim". A par disso, não descartou ele novos contingenciamentos.
        Cientistas e pesquisadores de diversas instituições e estudantes de faculdades particulares também vão aos protestos convocados.
        É o caso, v.g., de PUC-SP e Mackenzie. Além da comunidade de ensino superior, a rede básica também aderiu à paralisação. Pelo menos trinta das principais escolas particulares de São Paulo vão integrar o movimento, apesar da Federação Nacional das Escolas sugerir corte de ponto dos faltosos.  A Apeoesp, sindicato dos professores da rede estadual pública de S. Paulo, a maior da América Latina, convocou os professores a paralisarem - o mesmo foi feito pelos sindicatos da rede paulistana.
         Atos correspondentes em todos os Estados vêm sendo convocados  pelas maiores entidades estudantis e sindicais do País, incluindo a UNE e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Em Brasília, o prédio do MEC já amanheceu  ontem cercado por homens da Força Nacional de Segurança Pública. O secretário-executivo da Pasta, Antoni Paulo Vogel, afirmou que a proteção foi pedido pelo governo federal.

Autonomia e Custos.  O Ministro Weintraub afirmou ontem ser favorável até à entrada da polícia (sic) nas universidades. "Autonomia universitária não é soberania", disse, durante café da manhã com jornalistas. Ele argumentou que, no passado, a regra pode ter feito sentido, "mas atualmente é dispensável."
              Para ele, a autonomia das instituições deve se dar também na área financeira, com a criação de mecanismos que permitam a busca de recursos e patrocínios. "Hoje elas não podem... Não estou falando em cobrar, sou contra cobrar dos alunos de graduação." Mas, emendou: "o ideal seria a criação de mecanismos para que empresas se tornem patronas das instituições, possam construir prédios, colocar nomes nas novas instituições", disse.  "Essas torres de marfim que a gente criou impedem que renda possa ser gerada para ser usada na pesquisa."
                 O ministro se esquivou de fazer comentários sobre a greve, mas condicionou a liberação dos recursos bloqueados à aprovação da reforma da Previdência, e não descartou novos cortes. Weintraub procurou ainda reduzir a importância do bloqueio sofrido pela Pasta que lidera, citando outros ministérios  que tiveram contingenciamentos maiores, como aquela da Defesa Nacional.
                   Weintraub disse haver recebido cinquenta reitores nos poucos dias no cargo e, de acordo com relatos, a conta das universidades está em dia e "a vida segue normal". "Se tiver algum problema, vou até o Ministério da Economia, para abrir uma exceção. A gente vai atrás." Ele também foi dramático ao falar sobre seu curto período à frente do Ministério da Educação. Transcorridos menos de dois meses de sua posse, ele se queixa da perseguição. "Estou sendo caçado com taco de beisebol e machadinha. O inimigo número um de tudo", disse ele. "Estou sendo moído."
                        À tarde, em entrevista à Radio Jovem Pan, Weintraub voltou a negar o contingenciamento de  30% - anunciado pelo próprio MEC. Mostrem os números. Parem de mentir. Estamos contingenciando  3,5%. Você que está preso aí no trânsito: a gente tá pedindo para segurar 3,5%"

Justiça.  A Juíza Renata Almeida de Moura Isaac, titular da 7ª Vara Cível de Salvador, solicitou que a União justifique, em  até cinco dias, cada um dos bloqueios orçamentá-rios que impôs às instituições de ensino superior no Brasil.  O pedido é consequência da Ação Popular impetrada pelo Deputado Federal Jorge Solla (PT-BA) no dia trinta de abril, que pediu anulação imediata dos cortes, sob alegação de que que o ministro Abraham Weintraub (Educação)  atribuiu publicamente a decisão  a uma reprimenda às instituições que "promoviam balbúrdia."  Segundo o Houaiss, balbúrdia é desordem barulhenta, algazarra, tumulto; situação confusa.

                 Nesse contexto, me parece relevante a resposta de Italo Monteiro, aluno do curso de Odontologia da UFPE: "quando a sociedade concorda com o ministro, quando ele diz que nas universidades o que se faz é balbúrdia, é porque as pessoas não sabem o que acontece dentro da instituição. Então, resolvemos  divulgar e dar publicidade a tudo de bom e importante que acontece aqui dentro", disse Italo Monteiro, aluno do curso de Odontologia da UFPE.    
  
( Fonte: O Estado de S. Paulo )                    

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