sábado, 11 de maio de 2019

Nas prisões de al Assad


                     
       Enganam-se aqueles que o E.I. seria responsável pelo maior número de mortos, dentro de sistema de manutenção do poder através da intimidação. Segundo a pesquisa moderna estabelece, tal primado maldito caberia mais à ditadura de Bashar al Assad, na Síria.
          De acordo com reportagem publicada pelo New York Times, chega a dezenas de  milhares o número de mortos produzido pelos infames calabouços da Síria.
          Mesmo agora, em que a revolução síria já se transmutou e não mais sequer se aproxima de o que um tempo seus adeptos pensaram fosse possível seu termo, ainda assim o regime de Bashar não diminuíu tanto o número de prisões, quanto haja tornado mais humana a própria repressão. Como tenho assinalado alhures, o que hoje se configura, seria impossível, caso a mensageira Hillary Clinton, em representação de todas as autoridades americanas cujo poder se estende a áreas exteriores, não houvesse recebido do então presidente Obama um não quanto a uma nova forma de presença estadunidense que tange à revolução síria. Enquanto secretária do Departamento de Estado, Hillary não se furtou a transmitir a Obama a opinião unívoca de todos os chefes de departamentos (ministérios e secretarias), quanto à conveniência de um papel mais afirmativo estadunidense no que tange ao apoio da Liga Árabe, que defendia uma vertente democrática para a revolução síria. Como relatei em outro blog, Obama negou-se a aceitar a proposta que lhe trazia a sua Secretária de Estado, em representação de todas as agências com competência na matéria. Mas o não de Obama se incluiria na série de erros dos moradores da Casa Branca, a tal ponto que escrever sobre a situação pós- recusa de Obama e assunção de gospodin Vladimir Putin do prato sírio, pode relembrar o velho ditado luso de que a boa iguaria não aproveita a quem a prepara, mas sim a quem a come. E Barack Obama preferiu continuar no seu inferno montanhoso afegão, que a tantas ambições imperiais já fizera sentir o pó áspero da derrota, do que apoiar uma bem-pensada sugestão trazida pela Secretária do Exterior.  Mas voltemos ao drama da chamada terra da passagem.

           Os cárceres sírios apresentavam então tal superlotação que os presos, se queriam conciliar o sono, têm que organizar um sistema para substituir a ausência de catres ou de qualquer petrecho que sirva para um precário repouso. Ter lugar para dormir no chão irregular e por vezes úmido dos calabouços da dinastia já corresponde a um favor especial.
            As masmorras dos al-Assad se caracterizam pelas torturas incessantes e pela superlotação das celas, a ponto de que os prisioneiros não dispõem de qualquer espaço para o repouso. Dessarte, ele somente se torna possível se houver um acordo entre os detidos que possibilite tal "rodizio" entre os que estão acordados e aqueles que dispõem de   "espaço" para o descanso.
             Por outro lado, o regime de Bashar procura através da repressão, da tortura, e dos intermináveis interrogatórios reduzir o contingente dos sírios que ainda se empenhem em combater-lhe a ditadura e o regime opressivo que a dinastia dos Assad representa.      

             Na sua ida à Canossa - no caso, o Kremlin sob o ex-agente secreto gospodin Putin - Bashar logrou escapar da derrota perante os revolucionários e do destino certo e inelutável do Tribunal Penal Internacional, ao eleger a sua particular Canossa e tornar-se voluntário vassalo do ditador russo., Em cedendo a absoluta liberdade tão prezada pelos al - Assad,  evitou ser mandado para o TPI, na Haia, onde seria muito provavelmente, por todas as atrocidades cometidas, sentenciado à  prisão perpétua. Não tendo mais escolha, Assad preferiu ser um sub-tirano, com poder sem limites contra os seus infelizes súditos, mas garantido de inopinadas "surpresas" pela proteção de seu amo e senhor Vladimir V.Putin, hoje virtual tzar de todas as Rússias. 

              Não se poderia dizer que na sua viagem para Moscou tenha arrostado punições como Canossa.  Entrou na velha fortaleza medieval dos boiardos russos, como um soberano perseguido, mas ainda dono de seu nariz. O seu tirocínio foi ainda ter condições na sua própria terra de oferecer condições de submissão aceitáveis para o novo amo e senhor. Cedeu na Ásia Menor terras e portos para a Rússia, que dessarte pôde afastar-se um pouco mais de seu temor permanente enquanto a mares que congelem no inverno. Além disso, Bashar ainda teve condições de oferecer ao seu Amo terras para bases aéreas, no que atendeu às determinações do novo Senhor de todas as Rússias.
             Reforçado pelo apoio aéreo russo, assim como satisfazendo todas as eventuais demandas de seu novo amo e senhor, Bashar al Assad saíu do temido e perigoso  isolamento, e garantiu graças ao poder de Moscou dispor de condições que lhe habilitavam  poder partir para o ansiado escopo  de poder, enfim,  esmagar a resistência dos rebeldes. Com a frieza de seus antepassados, se Bashar perdia a condição de soberano absoluto, continuaria senhor e opressor de seus infelizes súditos. Sorveu, dessarte, a amarga porção da vassalagem, não terá sido cousa fácil para quem se acreditara soberano absoluto. Se ele se jogara na repressão e na longa tentativa de dominar a revolta nascida em Dehra, e que outro poderia ter conciliado com a oferta de uma monarquia constitucional, ele, que se acreditava representar uma linha dinástica, quando na verdade a ambição e o orgulho lhe toldavam a visão quanto ao peso dinástico de suas real família, e que, mais do que por instantes, havia podido nutrir a aspiração e até a expectativa de tornar Damasco capital de um poder respeitado no Próximo e Médio Oriente, não tinha podido suportar o desafio dos estudantes e das primeiras inócuas demonstrações em prol de uma Constituição e um regime com traços de monarquia ocidental, aonde certas liberdades práticas na vizinha Europa pudessem ser observadas, dentro de moldes aceitáveis para os al-Assad, como tantos outros que depressa esquecem as origens plebeias e castrenses desses monarcas.

( Fontes: The New York Times, CNN)

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