quarta-feira, 8 de maio de 2019

Do imposto de renda de Trump et al.


                 
         Como é sabido por aqueles que se interessam pela trajetória do 45º presidente americano - sempre Donald Trump se negara - ao contrário de o que é praxe nos Estados Unidos - a fornecer o seu histórico como contribuinte do imposto de renda.
              O New York Times, que é decerto o maior jornal estadunidense, ao cabo de uma aturada busca,  logra obter parcela respeitável dos dados tributários de Mr Trump. E a verdade, esta delicada e discreta característica a que os grandes silêncios podem mascarar por um tempo, mas que, ao longo e ao cabo, tenderá a repontar sempre, volta a brilhar, como os cartazes da Broadway. 
              Será decerto monótono e até mesmo pouco imaginoso, que esses empedernidos tentativos de vedar o brilho da verdade venham ao cabo sempre a banhar-se sob as luzes ainda que gastas, mas sempre persistentes da exposição nua e crua da realidade que àqueles que  apraz   pôr as coisas em pratos limpos venham, a despeito dos  sólitos ínvios caminhos, a lutar por restabelecer.

               Foi justamente o que aconteceu com o intento de Mr Trump de ocultar a verdade, por que ela deslustrava as lisonjeiras luzes de quem se deseja apresentar como mago das finanças e bem-sucedido empresário. Não creio que valha a pena esmiuçar o artigo do Times. Basta dizer que os dados tributários disponibilizados pelo New York Times expõem algo que já era esperado, dado o recorrente comportamento enquanto à verdade de Mr Trump. Foi justamente o que aconteceu com o seu intento de ocultá-la, por que ela deslustrava as lisonjeiras luzes de quem se deseja fazer passar por arguto e exitoso empresário. Como é da praxe, é lugar-comum que a verdade sempre vem à luz.

                 O grande, inimitável capitalista passara anos sem pagar tributos porque os seus dados financeiros expõem, nua e cruamente, que ele incorreu em perdas financeiras superiores a mais de um bilhão de dólares. Com esses dados, além de não poder pagar ao Leão yanque por ganhos que não obtivera, surpreende deveras que Mr Trump tenha conseguido, graças decerto à própria cara-de-pau, passar para o mundo empresarial como exitoso homem de negócios, a ele a quem o seu resumo profissional mostra decerto que a sua grande habilidade esteve em evitar as luzes impiedosas da  desmoralizante falência, e logo a quem se vendia como mago empresarial.              
  
                 Em termos de ideologia, Trump lograria o improvável, por força de pontuais gentilezas, vindas indiretamente de Barack Obama, sempre interessado em aparecer bem na foto ideológica, a ponto de deixar o Departamento de Justiça sem titular, e das liberdades assumidas pelo encarregado do FBI, Mr James Comey, que chegou a comunicar ao Congresso americano, em plena votação antecipada dos eleitores americanos, que havia um novo computador na entourage de Hillary, com possiveis informações sobre a questão dos e-mails. Excluída a colossal má-fé da "informação", é forçoso reconhecer que ao admitir, por sua própria comodidade, passar a utilizar  um servidor públi-co para ser atendido por computadores privados, Hillary abriu imensa, deplorável  brecha por onde se meteu muita insídia do GOP, culminada com a última já referida  comunicação ao Congresso do então chefe do FBI, que já destratara a Hillary perante o Congresso, ora completar o seu triste e sinistro papel, que serviu à maravilha aos seus estranhos propósitos, "tendo por acaso" caído no periodo de votação antecipada.
                      Hillary, pesa-me repeti-lo, terá cometido um punhado de erros para ense-jar tal estranhissima vitória de um dos piores candidatos republicanos de que se tem memória. Ajudantes ele os  teve, como já referi, mas é também incômodo o silêncio de quem  presidia àquele espetáculo, em que um punhado valeroso trabalhava com afinco para que afinal soasse o tempo de a primeira mulher vir a ser chamada Madam President. Ironicamente, ela venceria a votação pública, mas todos sabemos que essa anacrônica determinação do século XVIII aí está para continuar a garantir a eleição de candidatos minoritários, consoante o provado figurino republicano. Só no século XXI, já foram eleitos contra a maioria do Povo americano Bush júnior e ... o inigualável Donald Trump. Ainda é cedo para computar os estragos de Mr Donald Trump - embora esperemos que o futuro,  o acolha pressuroso, como Buchanan, enquanto presidente de um só mandato - mas nunca é demais esperar que esse porvir traga para o povo americano um mandatário democrata...

( Fonte: The New York Times )

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