Como
é sabido por aqueles que se interessam pela trajetória do 45º presidente
americano - sempre Donald Trump se negara - ao contrário de o que é praxe nos
Estados Unidos - a fornecer o seu histórico como contribuinte do imposto de
renda.
O New York Times, que é
decerto o maior jornal estadunidense, ao cabo de uma aturada busca, logra obter parcela respeitável dos dados
tributários de Mr Trump. E a verdade, esta delicada e discreta característica a
que os grandes silêncios podem mascarar por um tempo, mas que, ao longo e ao
cabo, tenderá a repontar sempre, volta a brilhar, como os cartazes da Broadway.
Será decerto monótono e até mesmo pouco imaginoso, que esses
empedernidos tentativos de vedar o brilho da verdade venham ao cabo sempre a
banhar-se sob as luzes ainda que gastas, mas sempre persistentes da exposição
nua e crua da realidade que àqueles que apraz
pôr as coisas em pratos limpos venham, a despeito dos sólitos ínvios caminhos, a lutar por restabelecer.
Foi justamente o que aconteceu com o intento de Mr Trump de ocultar a
verdade, por que ela deslustrava as lisonjeiras luzes de quem se deseja apresentar
como mago das finanças e bem-sucedido empresário. Não creio que valha a pena
esmiuçar o artigo do Times. Basta
dizer que os dados tributários disponibilizados pelo New York Times expõem
algo que já era esperado, dado o recorrente comportamento enquanto à verdade de
Mr Trump. Foi justamente o que aconteceu com o seu intento de ocultá-la, por
que ela deslustrava as lisonjeiras luzes de quem se deseja fazer passar por
arguto e exitoso empresário. Como é da praxe, é lugar-comum que a verdade
sempre vem à luz.
O grande, inimitável capitalista passara anos sem pagar tributos porque
os seus dados financeiros expõem, nua e cruamente, que ele incorreu em perdas
financeiras superiores a mais de um bilhão de dólares. Com esses dados, além de
não poder pagar ao Leão yanque por
ganhos que não obtivera, surpreende deveras que Mr Trump tenha conseguido,
graças decerto à própria cara-de-pau, passar para o mundo empresarial como
exitoso homem de negócios, a ele a quem o seu resumo profissional mostra
decerto que a sua grande habilidade esteve em evitar as luzes impiedosas da desmoralizante falência, e logo a quem se
vendia como mago empresarial.
Em termos de ideologia,
Trump lograria o improvável, por força de pontuais gentilezas, vindas
indiretamente de Barack Obama,
sempre interessado em aparecer bem na foto ideológica, a ponto de deixar o
Departamento de Justiça sem titular, e das liberdades assumidas pelo
encarregado do FBI, Mr James Comey, que
chegou a comunicar ao Congresso americano, em plena votação antecipada dos
eleitores americanos, que havia um novo computador na entourage de Hillary, com possiveis informações sobre a questão dos
e-mails. Excluída a colossal má-fé da
"informação", é forçoso reconhecer que ao admitir, por sua própria
comodidade, passar a utilizar um servidor
públi-co para ser atendido por computadores privados, Hillary abriu imensa, deplorável brecha por onde se meteu muita insídia do GOP, culminada com a última já referida comunicação ao Congresso do então chefe do
FBI, que já destratara a Hillary perante o Congresso, ora completar o seu
triste e sinistro papel, que serviu à maravilha aos seus estranhos propósitos, "tendo
por acaso" caído no periodo de votação antecipada.
Hillary, pesa-me repeti-lo, terá cometido um punhado de erros
para ense-jar tal estranhissima vitória de um dos piores candidatos
republicanos de que se tem memória. Ajudantes ele os teve, como já referi, mas é também incômodo o
silêncio de quem presidia àquele
espetáculo, em que um punhado valeroso trabalhava com afinco para que afinal
soasse o tempo de a primeira mulher vir a ser chamada Madam President. Ironicamente, ela venceria a votação pública, mas
todos sabemos que essa anacrônica determinação do século XVIII aí está para
continuar a garantir a eleição de candidatos minoritários, consoante o provado
figurino republicano. Só no século XXI, já foram eleitos contra a maioria
do Povo americano Bush júnior e ... o inigualável Donald Trump. Ainda é cedo
para computar os estragos de Mr Donald
Trump - embora esperemos que o futuro, o acolha pressuroso, como Buchanan, enquanto
presidente de um só mandato - mas nunca é demais esperar que esse porvir traga
para o povo americano um mandatário democrata...
( Fonte: The New York Times )
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