Nessa luta, por ora
incerta, em que a repressão pela corrupta autoridade do regime chavista foi
retomada, ainda que sem a força de situação que esteja montada em bases
sólidas, o bravo e denodado dirigente de uma resistência que não se intimida
com os arreganhos - posto que em processo de incremento - do poder usurpador e
ainda com controle, em aparência absoluto, do Tribunal Supremo e, dentro de um
quadro mais complexo, igualmente do Alto Comando das Forças Armadas, mantida
por ora a lealdade de seu Comandante em chefe, Ministro da Defesa general
Vladimir Padrino López ao presidente Nicolás Maduro.
Passou nesse momento em que o poder
repressor da ditadura chavista tem forçado a diversos aliados da resistência à
fuga ou ao silêncio, e nessa hora difícil de uma oposição que o seu chefe, o
deputado e presidente da Assembleia Nacional Juan Guaidó, que ostenta
igualmente o título de presidente constitucional interino da Venezuela - e
nesses termos é reconhecido por 54 países - continua com a conhecida coragem e
denodo a convocar manifestações, a que a mudança dos ventos determina por ora
uma baixa afluência da militância popular
anti-Maduro. Com efeito, os comícios em
tela tem tido pouco público. Assim, menos de duas mil pessoas se reuniram na
praça Alfredo Sadel, no leste de Caracas, distrito de maioria opositora para
ouvir o discurso de Guaidó, que pediu aos partícipes não ficarem parados diante
do medo. Mas, ao contrário de outras
ocasiões, não houve marchas por Caracas, nem múltiplas concentrações de
opositores de Maduro.
Nesse sentido, declarou Guaidó:
"Nada substitui a pressão dos venezuelanos. Nada substitui o exercício dos
cidadãos", afirmou o deputado e
presidente interino, recebendo tímidos aplausos. "Digo que é para provocar
mudança mais rápida na Venezuela, pois estamos em uma crise profunda, é o fim
do usurpador. Mas também sabemos que isso
não vai ser voluntário", disse o líder Guaidó, com o que deixou no
ar a possibilidade de uma intervenção externa.
Diante de uma recepção contida,
em que a pressão do poder repressor do chavismo se manifesta, com ameaças e
medidas pontuais, continuou o lìder Guaidó: Temos de manter a pressão nas ruas,
diariamente, mostrando ao mundo que somos um povo determinado e decidido a
atingir a liberdade", reiterou quem na prática encarna a resistência na
pátria de Bolívar.
Nesse sentido, o líder
oposicionista declarou que mantém comunicação com os diversos atores no
conflito da Venezuela, incluindo as Forças Armadas, o presidente colombiano
Ivan Duque, o Grupo de Contato e, até mesmo, o governo da China.
"Recebemos uma comunicação da diplomacia da China e eles dizem que querem
uma solução rápida através das abordagens do Grupo de Contato", disse
Guaidó.
Desde o malogrado levante,
dez deputados da Oposição foram acusados de traição, tiveram seus mandatos
suspensos, um foi preso (Zambrano) e três se abrigaram em missões diplomáticas.
Diante da repressão, que é
relativamente contida, não por iniciativa espontânea do corrupto governo
chavista, mas pelo temor de repercussões e eventuais reações internacionais provocadas
por violências e mesmo eventuais crimes dos muitos órgãos de controle do
sistema. antes de ditablanda, e nos
tempos correntes, de um sistema de acosso e de potenciais passagens pelos
cárceres do regime, que são de grande violência, o que têm levado a muitos
parlamentares a que se retira as imunidades a correr para refugiar-se nas
missões diplomáticas restantes na terra que foi de Bolivar.
Dada a censura na imprensa,
as informações só podem ser obtidas junto a opositores, com algum grau de
conhecimento da situação. Nesse circulo se inclui Benigno Alarcón, diretor do Centro
de estudos políticos da Universidade Católica Andrés Bello, em que a
resistência ao chavismo ainda se manteria ativa. Segundo ele, "não se poderia dizer que a
oposição esteja desgastada. O que há no país é censura de informações e talvez
uma decisão de revisar a estratégia de confronto usada pela oposição."
Ainda consoante Alarcón, hoje "mais de oitenta por cento da
população" venezuelana é de oposição ao regime chavista. "Essa é uma
luta política que se desenvolve há anos na Venezuela." Não se pode
esquecer que Guaidó era um estudante em
2007, assim como muitos de seus atuais companheiros de luta."
Foi justamente em 2007
que um referendo popular derrotou a reforma constitucional proposta por Chávez
- e os estudantes venezuelanos foram peça relevante da oposição.
Segundo Alarcón,
Guaidó ainda se mantém como um líder político e dificilmente será preso pelo
chavismo. "Seria uma medida
perigosa para o regime", explicou o cientista político. De acordo com ele,
a captura do líder oposicionista poderia provocar uma reação militar dos
Estados Unidos contra Maduro.
Em sociedades como
a atual venezuelana, a informação pode ser distorcida e de todo modo, as
observações de índole genérica expressam mais a opinião de quem as veicula, do
que uma visão mais aprofundada da realidade da terra bolivariana. Não se deve esquecer que, em sociedades como
a atual venezuelana, o conhecimento, essa dádiva rara das democracias e dos
países com alto nível de consumo intelectual, não mais está disponível na
quantidade de antanho. Por outro lado, as universidades claudicam sob o peso
das restrições da ditadura e através do espelho, por vezes partido, por vezes
rachado, ou até mesmo inexistente de comunicações com algum nível de seriedade
e eventual isenção. Dessarte,o que se dispõe é muito pouco, dada a pífia oferta
intelectual e cultural que o arrocho e as ameaças implícitas na barbárie do
chavismo trazem consigo.
Por outro
lado, a prática de demasiados contatos pode implicar ou açular a suspicácia do Sebin (o órgão repressor, através do
cárcere Helicóide, e com fumaças de temível investigação). Tudo isso redunda em mais conversas vazias,
eis que desprovidas de informações sérias.
Diante
desse quadro, sem abastecimento e com hiper-inflação, a informação pode ser um
conduto para lá de duvidoso. Ou nada significa, ou pode até criar falsas impressões
de reações futuras.
Por
outro lado, se a oposição, liderada por Juan Guaidó, tem alguma perspectiva,
não será lendo as cartas e ouvindo indicações do gênero que haverá motivo para
esperança.
De
qualquer forma, o que Guaidó e a oposição venezuelana dispõem são as promessas
do presidente americano Donald Trump. Se acaso estivesse em
tal aperto, e se não se chamasse Juan Guaidó, alguém confiaria nesse
portador de tais notícias?
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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