domingo, 12 de maio de 2019

Em crise a Resistência na Venezuela ?


                 
       Nessa luta, por ora incerta, em que a repressão pela corrupta autoridade do regime chavista foi retomada, ainda que sem a força de situação que esteja montada em bases sólidas, o bravo e denodado dirigente de uma resistência que não se intimida com os arreganhos - posto que em processo de incremento - do poder usurpador e ainda com controle, em aparência absoluto, do Tribunal Supremo e, dentro de um quadro mais complexo, igualmente do Alto Comando das Forças Armadas, mantida por ora a lealdade de seu Comandante em chefe, Ministro da Defesa general Vladimir Padrino López ao presidente Nicolás Maduro.
          Passou nesse momento em que o poder repressor da ditadura chavista tem forçado a diversos aliados da resistência à fuga ou ao silêncio, e nessa hora difícil de uma oposição que o seu chefe, o deputado e presidente da Assembleia Nacional Juan Guaidó,  que ostenta igualmente o título de presidente constitucional interino da Venezuela - e nesses termos é reconhecido por 54 países - continua com a conhecida coragem e denodo a convocar manifestações, a que a mudança dos ventos determina por ora uma baixa afluência  da militância popular anti-Maduro.  Com efeito, os comícios em tela tem tido pouco público. Assim, menos de duas mil pessoas se reuniram na praça Alfredo Sadel, no leste de Caracas, distrito de maioria opositora para ouvir o discurso de Guaidó, que pediu aos partícipes não ficarem parados diante do medo.  Mas, ao contrário de outras ocasiões, não houve marchas por Caracas, nem múltiplas concentrações de opositores de Maduro.
  
          Nesse sentido, declarou Guaidó: "Nada substitui a pressão dos venezuelanos. Nada substitui o exercício dos cidadãos", afirmou o deputado  e presidente interino, recebendo tímidos aplausos. "Digo que é para provocar mudança mais rápida na Venezuela, pois estamos em uma crise profunda, é o fim do usurpador. Mas também sabemos que isso  não vai ser voluntário", disse o líder Guaidó, com o que deixou no ar a possibilidade de uma intervenção externa.

              Diante de uma recepção contida, em que a pressão do poder repressor do chavismo se manifesta, com ameaças e medidas pontuais, continuou o lìder Guaidó: Temos de manter a pressão nas ruas, diariamente, mostrando ao mundo que somos um povo determinado e decidido a atingir a liberdade", reiterou quem na prática encarna a resistência na pátria de Bolívar.

              Nesse sentido, o líder oposicionista declarou que mantém comunicação com os diversos atores no conflito da Venezuela, incluindo as Forças Armadas, o presidente colombiano Ivan Duque, o Grupo de Contato e, até mesmo, o governo da China. "Recebemos uma comunicação da diplomacia da China e eles dizem que querem uma solução rápida através das abordagens do Grupo de Contato", disse Guaidó.
                  Desde o malogrado levante, dez deputados da Oposição foram acusados de traição, tiveram seus mandatos suspensos, um foi preso (Zambrano) e três se abrigaram em missões diplomáticas.
                  Diante da repressão, que é relativamente contida, não por iniciativa espontânea do corrupto governo chavista, mas pelo temor de repercussões e eventuais reações internacionais provocadas por violências e mesmo eventuais crimes dos muitos órgãos de controle do sistema. antes de ditablanda, e nos tempos correntes, de um sistema de acosso e de potenciais passagens pelos cárceres do regime, que são de grande violência, o que têm levado a muitos parlamentares a que se retira as imunidades a correr para refugiar-se nas missões diplomáticas restantes na terra que foi de Bolivar.
                     Dada a censura na imprensa, as informações só podem ser obtidas junto a opositores, com algum grau de conhecimento da situação. Nesse circulo se inclui Benigno Alarcón, diretor do Centro de estudos políticos da Universidade Católica Andrés Bello, em que a resistência ao chavismo ainda se manteria ativa.  Segundo ele, "não se poderia dizer que a oposição esteja desgastada. O que há no país é censura de informações e talvez uma decisão de revisar a estratégia de confronto usada pela oposição." Ainda consoante Alarcón, hoje "mais de oitenta por cento da população" venezuelana é de oposição ao regime chavista. "Essa é uma luta política que se desenvolve há anos na Venezuela." Não se pode esquecer  que Guaidó era um estudante em 2007, assim como muitos de seus atuais companheiros de luta."

                         Foi justamente em 2007 que um referendo popular derrotou a reforma constitucional proposta por Chávez - e os estudantes venezuelanos foram peça relevante da oposição.
                          Segundo Alarcón, Guaidó ainda se mantém como um líder político e dificilmente será preso pelo chavismo.  "Seria uma medida perigosa para o regime", explicou o cientista político. De acordo com ele, a captura do líder oposicionista poderia provocar uma reação militar dos Estados Unidos contra Maduro.
                            Em sociedades como a atual venezuelana, a informação pode ser distorcida e de todo modo, as observações de índole genérica expressam mais a opinião de quem as veicula, do que uma visão mais aprofundada da realidade da terra bolivariana.  Não se deve esquecer que, em sociedades como a atual venezuelana, o conhecimento, essa dádiva rara das democracias e dos países com alto nível de consumo intelectual, não mais está disponível na quantidade de antanho. Por outro lado, as universidades claudicam sob o peso das restrições da ditadura e através do espelho, por vezes partido, por vezes rachado, ou até mesmo inexistente de comunicações com algum nível de seriedade e eventual isenção. Dessarte,o que se dispõe é muito pouco, dada a pífia oferta intelectual e cultural que o arrocho e as ameaças implícitas na barbárie do chavismo trazem consigo.       
                                 Por outro lado, a prática de demasiados contatos pode implicar ou açular a suspicácia do Sebin (o órgão repressor, através do cárcere Helicóide, e com fumaças de temível investigação).  Tudo isso redunda em mais conversas vazias, eis que desprovidas de informações sérias.
                                        Diante desse quadro, sem abastecimento e com hiper-inflação, a informação pode ser um conduto para lá de duvidoso.  Ou nada  significa, ou pode até criar falsas impressões de reações futuras.
                                 Por outro lado, se a oposição, liderada por Juan Guaidó, tem alguma perspectiva, não será lendo as cartas e ouvindo indicações do gênero que haverá motivo para esperança.
                                
                          De qualquer forma, o que Guaidó e a oposição venezuelana dispõem são as promessas do presidente americano Donald Trump. Se acaso estivesse em tal aperto, e se não se chamasse  Juan Guaidó, alguém confiaria nesse portador de tais notícias?

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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