Se
a situação venezuelana apresentara alguma possível contestação à presente
realidade factual de um governo corrupto, como o de Nicolás Maduro, e a par
disso, comprovadamente incapaz e inepto diante do desafio colocado
pelo pretendente Juan Guaidós e, também, de seu antigo mentor, Leopoldo López,
que evadiu-se da residência forçada que lhe era imposta pelo regime, e
refugiou-se sob as latino-americanas vestes do asilo diplomático, na Embaixada
de Espanha - tendo como nota de pé de página a repercussão de suas declarações
no governo espanhol, com diversas posturas políticas que mais devam ser lidas
sob as caprichosas lentes das vindouras eleições e o consequente jogo dos
diversos protagonistas de eleições gerais, já demasiado complicadas pelo
embates das variegadas esperanças partidárias no cenário madrilenho, e as respectivas
complicações no que tange ao sagrado direito de asilo em Latino America.
O título acima tem um
longo e por vezes penoso trânsito na História. A crise venezuelana - e a de
seu, convenhamos, inepto fautor - arrasta-se em praça pública e no processo
dito revolucionário surge uma escala que não surpreenderá àqueles que estudam
os seus avatares quer no mundo contemporâneo, quer nos seus passados exemplos.
Juan
Guaidós é deveras um estranho precursor. A História, essa velha e caprichosa
Senhora, não costuma ser muito simpática
com esse gênero de personagem. Sem embargo - e utilizo esse adversativo para de
certa maneira adentrar a atmosfera que cerca a persona admirável que por primeiro ousa levantar a tocha - só mesmo
alguém que não esteja bem da cabeça, ousaria duvidar das possibilidades de que
o personagem único de um presidente interino reconhecido por cinquenta e tantos
países, venha a romper o encanto de seus temporários predecessores, maculados
pelo transitório interino e aferrar, seja por carisma, seja por coragem, e até
mesmo pelo geral consentimento de tantas nações, que pelos caprichos dessa
incansável e, por vezes, ardilosa anciã, se transforme em uma corrente do bem,
que vá tornar peremptos tantos risinhos à socapa, e que de súbito venha a
surpreender aos eternos gregos e troianos, tornando real o que para muitos não
passaria de uma ficção, e que pela sua força viesse a liberar-se por sua ínsita
coragem de tantas certezas que não ousem dizer seu nome, enquanto, cercado
pelos cínicos convencionais, o que não fora concebido para ser realidade, mas
sim apenas amostragem, não é que de repente a todos surpreende?
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