sexta-feira, 31 de maio de 2019

A Mineração no Brasil vai mal ?


                 
         Está em todos os jornais: o Produto Interno Bruto (PIB) caíu 0,2% no primeiro trimestre do ano, se comparado com o PIB do quarto trimestre de 2018. Essa queda no PIB foi a primeira desde o quarto trimestre de 2016 e confirma a lentidão na recuperação da economia nacional.
            Como o segundo trimestre não se apresenta alvissareiro em seus dados iniciais, as projeções apontam para crescimento em torno de 1%  neste ano, abaixo do 'avanço' de 1,1%  de 2018.
             Por ora, a falta de definição sobre a reforma da Previdência, com a estranha relutância de um bloco no Congresso sobre essa reforma de capital importância, é o motivo mais citado por economistas para explicar tal resultado ao lado de choques como a crise econômica na Argentina e a queda da produção da indústria extrativa, causado pelo rompimento da barragem da Vale do Rio Doce em Brumadinho (MG).

            A Vale já tivera em Mariana a indicação clara de que o atual modelo de exploração do minério, com os seus inaceitáveis riscos ao meio ambiente e, sobretudo, às populações circunstantes, já o demonstrara de forma plena, e por conseguinte apontando para a urgente necessidade de adotar-se novo modelo mais consentâneo, não só para o controle da clara e inaceitável ameaça ambiental, como Brumadinho o mostrou na sequência para aqueles que não tinham querido aceitar e adaptar-se com a devida urgência ao desafio representado por essa evidente  e relevante ameaça ambiental.

               Com efeito, a tragédia de Mariana e o consequente enorme dano à bacia do Rio Doce já o havia demonstrado para quem tivesse olhos para ver e a necessária consciência crítica das reais ameaças envolvidas para tirar as consequências indispensáveis, em termos de redefinição quanto à segurança dos métodos até então empregados com os seus inaceitáveis riscos, em termos não só dos trabalhadores participantes, mas também o quanto tais métodos superados e mesmo ruinosos implicam em mortal desafio, tanto  para os seus empregados, quanto nas consequências desastrosas que trariam para o entorno da barragem de Brumadinho, assim como no perigo que trazem para as populações circunstantes os métodos empregados por empresas do porte da Vale do Rio Doce. Está mais do que evidente que o estágio em que se encontram não só reflete uma visão superada de tal desafio, mas também clama para que além da ordem venha também o progresso, com os seus novos métodos que se adequam ao progresso da ciência e terão sobretudo presente a atenção e o cuidado extremo que exige o emprego de novos instrumentos e novos métodos, que não só procurem respeitar o meio-ambiente, mas sobretudo as populações circunstantes e aqueles que por força do ofício devam exercer sua atividade na cercania das grandes obras exigidas por sua notável produção e consequente acesso a trabalhos cujo alto custo traz a par de lucros ponderáveis, a necessidade de uma consciência muito presente quanto a tudo que deva ser empreendido para salvaguardar a segurança de seus eficientes e dedicados trabalhadores, que não podem ser expostos a riscos como o da avalanche artificial que matou centenas de trabalhadores, no seu refeitório a jusante da barragem de Brumadinho.

            A importância do Meio Ambiente é de tal monta que ela se reflete nas várias atividades humanas. Não há nada de romântico na avaliação médio ambiental. As forças da natureza estão aí para o homem utilizá-las com proveito das populações circunstantes, mas também de gente que demora bastante longe dos locais onde tais recursos se encontram.

                A distância, no entanto, não deve fazer esquecer que o homem será sempre o instrumento indispensável, não só para localizar tais recursos, mas também para aceitar o desafio que implica a sua utilização.  Todo desafio tem os seus riscos, e tolo será aquele que os desconhecer, como meio para cortar custos. 

                A tragédia de Mariana, que começara, na aparência, pequena, mostraria na sequência o despreparo das grandes mineradoras como a Vale para lidar com tais desafios. Um dos maiores perigos que enfrenta qualquer atividade está no menosprezo seja dos riscos, seja dos consequentes recursos a serem empregados. Em termos de proteção da vida humana, já nos ensinou a prática de que são preferíveis as sirenes, pelo seu alto e conciso poder de sinalização do perigo, do que as linhas telefônicas. É um exemplo simples, quase comezinho na aparência, mas se olharmos para Mariana e se estivermos de boa fé, não será difícil concordar com a necessidade de respeito aos moradores potencialmente afetados pelas obras das grandes mineradoras, mas também de se dispender o que é necessário para salvaguardar a vida humana e tudo o que o bicho homem, essa industriosa e maravilhosa criatura, tende a fazer e a ter em matéria de mínimos confortos existenciais.  Sem esquecer, como se tem permitido com demasiada frequência, que o meio ambiente seja ignorado, e que as atividades potencialmente danosas a ele não mereçam as atenções e os cuidados que o entorno populacional - v.g., como o de Brumadinho  - pode eventualmente  causar a seus moradores.

                      Falamos da tragédia de Mariana, que se arrastou por demasiado tempo, depois de causar mortes pontuais, nos seus efeitos desastrosos sobre a bacia do Rio Doce.

               E o que se dirá então da catástrofe de Brumadinho, com a sua inaceitável carga de trabalhadores mortos soterrados e sufocados pela terra da barragem, que lhes veio célere ao encontro, a eles que pensavam apenas recuperar forças, comendo o rango que lhes era servido pelos seus patrões da Vale?


( Fontes: O Estado de S.Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo e Rede Globo )    

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