Está em todos os
jornais: o Produto Interno Bruto (PIB) caíu 0,2% no primeiro trimestre do ano,
se comparado com o PIB do quarto trimestre de 2018. Essa queda no PIB foi a
primeira desde o quarto trimestre de 2016 e confirma a lentidão na recuperação
da economia nacional.
Como o segundo trimestre não se
apresenta alvissareiro em seus dados iniciais, as projeções apontam para
crescimento em torno de 1% neste ano,
abaixo do 'avanço' de 1,1% de 2018.
Por ora, a falta de definição
sobre a reforma da Previdência, com a estranha relutância de um bloco no
Congresso sobre essa reforma de capital importância, é o motivo mais citado por
economistas para explicar tal resultado ao lado de choques como a crise
econômica na Argentina e a queda da produção da indústria extrativa, causado
pelo rompimento da barragem da Vale do
Rio Doce em Brumadinho (MG).
A Vale já tivera em Mariana a indicação clara de que o atual modelo de exploração do
minério, com os seus inaceitáveis riscos ao meio ambiente e, sobretudo, às
populações circunstantes, já o demonstrara de forma plena, e por conseguinte apontando
para a urgente necessidade de adotar-se novo modelo mais consentâneo, não só
para o controle da clara e inaceitável ameaça ambiental, como Brumadinho o mostrou na sequência para
aqueles que não tinham querido aceitar e adaptar-se com a devida urgência ao
desafio representado por essa evidente e
relevante ameaça ambiental.
Com efeito, a tragédia de Mariana e o
consequente enorme dano à bacia do Rio
Doce já o havia demonstrado para quem tivesse olhos para ver e a necessária
consciência crítica das reais ameaças envolvidas para tirar as consequências
indispensáveis, em termos de redefinição quanto à segurança dos métodos até então empregados com os
seus inaceitáveis riscos, em termos não só dos trabalhadores participantes, mas
também o quanto tais métodos superados e mesmo ruinosos implicam em mortal desafio,
tanto para os seus empregados, quanto
nas consequências desastrosas que trariam para o entorno da barragem de Brumadinho,
assim como no perigo que trazem para as populações circunstantes os métodos
empregados por empresas do porte da Vale do Rio Doce. Está mais do que evidente
que o estágio em que se encontram não só reflete uma visão superada de tal
desafio, mas também clama para que além da ordem venha também o progresso, com
os seus novos métodos que se adequam ao progresso da ciência e terão sobretudo
presente a atenção e o cuidado extremo que exige o emprego de novos
instrumentos e novos métodos, que não só procurem respeitar o meio-ambiente,
mas sobretudo as populações circunstantes e aqueles que por força do ofício
devam exercer sua atividade na cercania das grandes obras exigidas por sua
notável produção e consequente acesso a trabalhos cujo alto custo traz a par de
lucros ponderáveis, a necessidade de uma consciência muito presente quanto a tudo
que deva ser empreendido para salvaguardar a segurança de seus eficientes e
dedicados trabalhadores, que não podem ser expostos a riscos como o da
avalanche artificial que matou centenas de trabalhadores, no seu refeitório a jusante da barragem de Brumadinho.
A importância do Meio Ambiente é
de tal monta que ela se reflete nas várias atividades humanas. Não há nada de
romântico na avaliação médio ambiental. As forças da natureza estão aí para o
homem utilizá-las com proveito das populações circunstantes, mas também de
gente que demora bastante longe dos locais onde tais recursos se encontram.
A distância, no entanto, não
deve fazer esquecer que o homem será sempre o instrumento indispensável, não só
para localizar tais recursos, mas também para aceitar o desafio que implica a
sua utilização. Todo desafio tem os seus
riscos, e tolo será aquele que os desconhecer, como meio para cortar
custos.
A tragédia de Mariana, que começara, na
aparência, pequena, mostraria na sequência o despreparo das grandes mineradoras
como a Vale para lidar com tais desafios. Um dos maiores perigos que enfrenta
qualquer atividade está no menosprezo seja dos riscos, seja dos consequentes
recursos a serem empregados. Em termos de proteção da vida humana, já nos
ensinou a prática de que são preferíveis as sirenes, pelo seu alto e conciso
poder de sinalização do perigo, do que as linhas telefônicas. É um exemplo
simples, quase comezinho na aparência, mas se olharmos para Mariana e se
estivermos de boa fé, não será difícil concordar com a necessidade de respeito
aos moradores potencialmente afetados pelas obras das grandes mineradoras, mas
também de se dispender o que é necessário para salvaguardar a vida humana e
tudo o que o bicho homem, essa
industriosa e maravilhosa criatura, tende a fazer e a ter em matéria de mínimos
confortos existenciais. Sem esquecer,
como se tem permitido com demasiada frequência, que o meio ambiente seja
ignorado, e que as atividades potencialmente danosas a ele não mereçam as
atenções e os cuidados que o entorno populacional - v.g., como o de Brumadinho - pode eventualmente causar a seus moradores.
Falamos da tragédia de
Mariana, que se arrastou por demasiado tempo, depois de causar mortes pontuais,
nos seus efeitos desastrosos sobre a bacia do Rio Doce.
E o que se dirá então da
catástrofe de Brumadinho, com a sua inaceitável carga de trabalhadores mortos soterrados
e sufocados pela terra da barragem, que lhes veio célere ao encontro, a eles
que pensavam apenas recuperar forças, comendo o rango que lhes era servido
pelos seus patrões da Vale?
( Fontes: O Estado de
S.Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo e Rede Globo )
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