sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sinal Amarelo para os Democratas

A sinalização das últimas pesquisas de opinião transmite a insatisfação dos eleitores com ambos os partidos, embora com ligeira vantagem para o Partido Democrata. Continua, entrementes, a fragilização do apoio popular ao Presidente Barack Obama.
A despeito de haver transcorrido o primeiro ano do mandato de Obama, maioria da população continua a atribuir a principal responsabilidade pelos problemas econômicos nacionais, assim como pelo deficit ao ex-Presidente George W. Bush e a Wall Street.
Por outro lado, a maioria da opinião pública culpa seja ao Congresso em geral, seja ao Partido Republicano em particular pela paralísia (gridlock) do Legislativo em 2009. A estratégia do G.O.P. – determinada tanto pelo enfraquecimento do partido, quanto pela preponderância da direita – de não-cooperação absoluta chega a induzir os eleitores a preconizar mudança nas regras de filibuster do Senado.
A opinião vê com preocupação a falta de bipartidarismo no mundo político, e nesse aspecto consideram que os republicanos demonstraram mais falta de espírito bipartidário do que os democratas e, em especial, de Presidente Obama. Nesse contexto,apoiam o esforço de Obama em chegar a acordo com os republicanos.
A desaprovação para os membros do Congresso é ampla – 81% dos consultados julgam que os atuais senadores e deputados não mereceriam ser reeleitos.
Ainda no quadro do Congresso, o facciosismo demonstrado pelos republicanos não é favorecido pela maioria da pesquisa. É pensamento generalizado que os parlamentares devem procurar um consenso para lidar com as sérias questões a serem resolvidas. Nesse sentido, o oposicionismo in extremis do Partido Republicano não é visto como construtivo.
A pesquisa contribui, outrossim, para relativizar a importância na avaliação do movimento popular de direita Tea Party. Malgrado o oba-oba de certos setores da direita e da extrema direita – que tem nos locutores Glenn Back e Rush Limbaugh e na rede Fox os principais suportes nos meios de comunicação – menos de vinte por cento do eleitorado apoia ou sequer conhece esse movimento. Por outro lado, e a fortiori, a maioria dos consultados descarta a necessidade de recurso a um terceiro partido.
Já do nível de aprovação de Barack Obama, o que se pode dizer é que decresceu bastante, estando entre os presidentes de primeiro mandato com menor apoio popular relativo. No momento o seu coeficiente de aprovação está em 46%. Quanto às insatisfações dos eleitores com respeito ao Primeiro Mandatário, julgam que não deveria ter concedido tanto tempo à reforma sanitária e que a sua política de criação de empregos deixa a desejar. Dentre os tópicos aprovados pelo público no que concerne a atuação presidencial, acham-se o término da política de Bush de diminuir os impostos das classes mais ricas, e a proposta de eliminação das restrições para a participação de gays nas forças armadas.
A par disso, diante do óbvio desafio que representam as próximas eleições congressuais intermediárias para a atual maioria do Partido Democrata, a pesquisa fornece a indicação de que o Presidente e seu Partido não deveriam apresentá-las para o eleitorado como se fora um referendo, e sim como uma escolha entre o approach democrata para os problemas nacionais e aquele dos republicanos. A fundamentação de tal estratégia está na circunstância de que as soluções preconizadas pelos democratas têm o apoio da maioria.
Até novembro ainda há muito chão a ser percorrido. Não é muito provável – depois da débacle em Massachusetts – que a Reforma da Saúde possa ser transformada em lei. Não obstante, afigura-se indispensável que o Presidente Obama transmita imagem de liderança mais segura, e que não haja maiores altercações entre os principais líderes do partido.
Se se confirmar um eventual clima conflitivo no Partido Democrata – como manifestações de insatisfação crescente da Speaker Nancy Pelosi com a orientação presidencial - isso transmitiria para a opinião pública visão negativa, que em nada contribuiria para as perspectivas democratas de superar o desafio dos comícios de novembro próximo.

( Fonte: International Herald Tribune )

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