Estranho Silêncio
Segundo informa a Folha de S.Paulo, há mais de três meses o Supremo Tribunal Federal aguarda resposta do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a perguntas sobre o conhecimento dele dos fatos apontados na ação penal do mensalão, bem como sua relação com os réus do processo.
O Presidente Lula foi indicado como testemunha de defesa por dois dos acusados no processo, os ex-deputados federais Roberto Jefferson e José Janene.
Ante a demora de Lula em responder ao questionamento da Procuradoria Geral da República, o Ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do processo, reenviou as questões ao Presidente a cinco de fevereiro corrente.
Conquanto não haja prazo determinado para atender aos quesitos repassados pelo Ministro Barbosa, o eventual atraso não pode ser excessivo a ponto de atrapalhar o andamento do processo.
Se não apresentar seu testemunho por escrito, Lula será passível de ser arguido por crime de desobediência à ordem legal, consoante informa a assessoria do Ministro.
As eventuais respostas de Luiz Inácio Lula da Silva serão o primeiro depoimento formal do Presidente sobre o caso.
As reações de Lula ao escândalo do mensalão – a mais séria crise enfrentada por seu governo – variam de observações que referem a prática generalizada do ‘caixa dois’ à negativa de sua existência, formulada em novembro de 2009: “foi uma tentativa de golpe no governo. Foi a maior armação já feita contra o governo.”
Vê-se pelo teor das respostas o obvio desconforto presidencial com o mensalão. Por outro lado, o emprego da chamada ‘tese conspiratória’, é utilizado com grande desenvoltura pelo PT, a despeito das ações penais que correm na Justiça.
De qualquer forma, Sua Excelência, como Primeiro Magistrado da Nação, terá que submeter-se ao dever legal de responder aos 33 quesitos redigidos pelo Ministério Público.
Síntomas Preocupantes
O Partido dos Trabalhadores pôs as manguinhas de fora, apresentando programa de governo para a pré-candidata Dilma Rousseff bastante mais à esquerda do que o proposto por sua Executiva.Dentre os pontos polêmicos, estão a taxação das grandes fortunas, o fim da criminalização de movimentos como o MST, apoio à criação de Comissão de Verdade para examinar os crimes da ditadura, e redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais.
Diante do fato consumado, a pré-candidata em seu discurso de hoje, adotaria tom moderado, em defesa da estabilidade. A esse propósito, a par das passadas posições da indicada pelo Presidente Lula – acrescida da indicação de Marco Aurélio Garcia para a coordenação da campanha – caberia a pergunta acerca do grau de controle da pré-candidata sobre o seu partido, à vista das discrepâncias entre plataforma partidária e o seu compromisso de manutenção da linha lulista.
Existem outras indicações de que o Partido dos Trabalhadores tem ulteriores dúvidas sobre a estratégia traçada pelo Presidente Lula. Assim, o congresso petista derrotou a emenda que previa a inclusão do PMDB como aliado preferencial.
Todos esses assomos de independentismo não mandam decerto boas mensagens para o Presidente, nem sobretudo para as perspectivas da futura governança. Abandonar o pragmatismo de Lula em termos de política economico-financeira pode ser tentação eleitoreira irresistível aos aloprados do petismo, mas não é nada bom para o posicionamento de correntes influentes da opinião pública que se reconciliaram com o governo petista justamente pela sua responsabilidade nas finanças.
A frase do colunista Merval Pereira – “Dilma sem Lula simplesmente não existe” – se mostra a força do apoio prestado à candidata de algibeira, sinaliza também a sua eventual fraqueza, se ungida à presidência, em ater-se à linha do então já ex-presidente.
É sabida a sovada máxima – ganhar com a esquerda, e governar com a direita. Entretanto, além dos problemas de conceituação, às vezes é difícil, uma vez destapada a garrafa, fazer com que os gênios a ela voltem.
( Fontes: Folha de S. Paulo e O Globo )
sábado, 20 de fevereiro de 2010
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