Ruralistas e desmatadores em geral se acham em plena campanha para promover uma ‘reforma’ no Código Florestal, que se acha em vigor desde 1965.
A presente legislatura – que termina no corrente ano de 2010 – se tem assinalado pelos escândalos dos senhores deputados e senadores. A lista é longa e sem sombra de dúvida acabrunhante, pelo espírito oportunista, alienado e corporativista que esses mandatários têm demonstrado contínua e repetidamente.
Se custo fosse indicação de qualidade, o legislador federal brasileiro seria o melhor do mundo, pois acarretando por cabeça um dispêndio do Tesouro de cerca de dez milhões de reais, ocupa o primeiro lugar, como o mais caro Congresso do mundo.
Se as coisas chegaram a tal ponto, com esta malversação do dinheiro dos contribuintes – dada a crassa mediocridade das representações, a falta generalizada de um mínimo respeito pelo Povo, e a vergonhosa proliferação de escândalos – boa coisa é que não se pode esperar dessa patuleia de excelências.
Assistimos por toda a parte o descalabro do meio ambiente. A elevação das temperaturas médias não se evidencia, com a sua cadeia maldita de consequências, em ignotos e perdidos lugares do planeta Terra. Dela sofremos em todas as regiões os perversos fenômenos que, antes de nós desconhecidos (v.g. ciclones e furacões no sul, tornados, idem, seca na Amazônia, inundações em São Paulo, no Rio Grande, em Santa Catarina, no semiárido, etc.), mas também da cruel deformação das estações. Este último aspecto não constitui, senhores ruralistas e demais sufragantes da Senadora Kátia Abreu, um traço pitoresco a mais que recebamos dessa Mãe Natureza, que tanto maltratamos. Basta indicar a elevação constante da temperatura do nosso mundo, que não tira só o habitat do urso polar, senão acalenta as epidemias, confunde a ordem natural, e com sua temível força inercial nos promete a nós e nossos descendentes um pior sempre pior, aberta a caixa de Pandora de todas as desgraças.
O deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), erigido em relator da comissão especial da Câmara para dar ‘parecer’ao projeto de lei nr. 1876, de 1999, discursou em audiência pública em Ribeirão Preto. Como é notório, a frente ruralista quer desfigurar o Código Florestal, sobretudo naquilo que tem sido mais útil nessa árdua campanha para preservar o nosso maior recurso natural, que são as nossas florestas. Em demonstração de despejado oportunismo, os ruralistas não querem mais saber dos 80% do percentual de preservação vigente para a Amazônia.
Para eles não basta a cínica proteção do Presidente Lula, que ao invés de cobrar-lhes a multa legal pelo desmate feito na reserva que deveria ser mantida, vai estendendo a cada prazo o não só oneroso, mas criminoso perdão dessas infrações.
Eles querem mais. Na ânsia de derribar a mata e acabar com a floresta (Amazônica e Atlântica), e o ecossistema do Pantanal, pois eles se estão lixando que, depois de suas plantações, virão os cavaleiros da seca, da savana, quando não do próprio deserto.
Na sua ânsia beócia, eles querem se empaturrar do presente, com as bênçãos demagógicas de Lula e a fraqueza de Carlos Minc.
Eles fingem não saber que o Brasil é o último reduto da grande floresta, da sua biodiversidade, e das benesses que esse sistema pode oferecer ao seu cultor, se ético e inteligente. Quem deu Chico Mendes ao mundo não merece que a sua pregação, o seu exemplo e o seu martírio sejam escarnecidos e desvirtuado por um conglomerado de desmatadores, como os ruralistas, de oportunistas, como o deputado Aldo Rebelo e o presidente Lula.
Não é possível que a cegueira dos políticos – com a sua invasão das matas ciliares, e das irresponsáveis construções junto a encostas de morros, acaso já se esqueceram das catástrofes de Santa Catarina e de Angra dos Reis – nos leve a mais uma vez transformar acertos do Código Florestal em gritantes deformidades que só podem gerar monstros e desgraças ?
Se essa frente ambiental, que tem até candidata à presidência da república, é coisa séria, soou a hora de demonstrá-lo.
Chega de MP de grilagem e quejandos. É preciso tudo fazer, no Congresso, na praça pública e nos meios de comunicação para que o bem, por uma vez, prevaleça neste País.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
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