terça-feira, 31 de outubro de 2017

Trump, os russos e a campanha suja

                                                                   
            Apesar dos patéticos twitters contra Hillary Clinton (para ele, Hillary 171[1]), o noticiário se ocupa basicamente de o que interessa, isto é, o envolvimento da gang de Donald Trump.

             Paul Manafort já dispõe de currículo para ninguém botar defeito, em termos de falta de escrúpulos e de lavagem de dinheiro. Além da lista de ditadores corruptos para quem trabalhou, como Mobutu Sese Seko (Congo), Ferdinand Marcos (Filipinas), Jonas Savimbi (Angola), Manafort serviu a outro governante - o presidente ucraniano Viktor Yanukovych- que foi derrubado em princípios de janeiro de 2014 pela revolta da Praça Maidan, em Kiev. A queda desse desonesto governante levaria gospodin Putin a 'castigar' a pobre Ucrânia, o que fez através da sucessiva invasão da Criméia[2], em retaliação pela ousadia do povo ucraniano de livrar-se do corrupto (mas muy amigo de Rússia) Yanukovych. Isto sem falar da guerra civil que subsidia contra a Ucrânia no leste desse país, que tem a pouco invejável situação de colindar com o urso russo.

             Manafort, que foi chefe de campanha de Trump, é experto em lavagem de dinheiro, como as autoridades americanas e, em especial, Mr Mueller III, o Conselheiro Especial, que está fazendo ótimo trabalho contra a turminha de Trump, que é notoriamente da pesada. A esse propósito, há rumores de que o presidente, apesar de desmoralizado, pode intentar na base do desespero a demissão de Mueller. Ironica e absurdamente, a legislação americana permitiria tal absurdo, mas Mr Donald John Trump deve ter muito presente o que ocorreu com outro presidente, Richard M. Nixon, que também pensou resolver os seus problemas demitindo o fiscal que o acusava.  Como a história o comprova, esse expediente antiético de nada serviu a Nixon, que, diante do quadro negativo arrasador, optou por demitir-se da presidência para escapar da cadeia.  (a continuar)

( Fontes: The New York Times, CNN, O Globo,  blogs sobre a Ucrânia)



[1] A frase ritual de Trump é 'crooked Hillary'. Não há uma tradução literal que me pareça satisfatória dessa designação feita por alguém especialmente cínico e parcial. Por isso, 'Hillary 171' reflete melhor, a meu ver, a baixeza de Donald Trump.
[2] Esta gravíssima infração de Putin contra a Ucrânia foi objeto de Recomendação da Assembleia Geral das Nações Unidas, a qual foi aprovada pela maior parte dos países.  O Brasil, para vexame de sua diplomacia  se absteve, o que se deve à ignorância da Presidente Dilma Rousseff e da fraqueza do então chanceler. Página triste da história diplomática do Brasil, um país cujos limites foram costurados pelo consenso e por grandes brasileiros, como Alexandre de Gusmão e os célebres pareceres do Barão do Rio Branco, aprovados por decisões internacionais.

Nenhum comentário: