sábado, 14 de outubro de 2017

Significado da Liminar do Ministro Fux

                                                 

         Mais uma vez o Ministro Luiz Fux concede liminar que determina fato importante no Supremo. Ontem, Sua Excelência determinou  não ser possível  a extradição de Cesare Battisti  antes do julgamento do habeas corpus submetido pela defesa do prófugo italiano, previsto para a terça-feira,  dia 24 de outubro, pela Primeira Turma da Corte.
        É o seguinte o despacho do Ministro Fux: "Defiro a liminar para, preventivamente, obstar eventual extradição do paciente, até que esta Corte profira julgamento definitivo."
       Atendendo ao pedido da defesa de Battisti - ele já estava em liberdade, beneficiado por um habeas corpus do desembargador José Marcos Lunardelli, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), que acolhera pedido do advogado de defesa Igor Tamasauskas.
        Não obstante, e para garantir a suspensão de qualquer procedimento que vise extradição, deportação ou expulsão do país, reiterou-se a intercessão até que seja julgado o habeas corpus.
        Não falta à defesa de Cesare Battisti razão para encarecer tal providência, eis que há evidente risco de irreversibilidade no caso, diante da manifesta possibilidade de o presidente Michel Temer vir a decidir pela extradição do italiano.
         Ao contrário da grandeza demonstrada pelo Presidente Lula - e no último dia do seu segundo mandato presidencial -  o ministro da Justiça, Torquato Jardim afirmou em entrevista ao Estado que a "suspeita" envolvendo  a tentativa  de Cesare Battisti de atravessar a fronteira com a Bolívia no início do mês, foi uma "quebra de confiança", o que justifica (sic) uma eventual decisão pela extradição do italiano.
           E na mesma linha, afirma o ministro do Presidente Michel Temer: "Se ele podia sair do Brasil, por que foi para a Bolívia e não para o Uruguai ou a Argentina? Se ía pescar, por que não foi pescar no rio Araguaia?", questionou o Ministro Torquato Jardim, em parecer que enviou ao Palácio do Planalto, defendendo a extradição.
            De acordo com a nota do jornal O Estado de S. Paulo, antes de o Ministro Luiz Fux, do Supremo,  conceder a referida liminar para impedir que o italiano seja extraditado antes do julgamento do habeas corpus preventivo apresentado pela defesa, o titular da Justiça disse que o Presidente Temer só tomará decisão final após a decisão do STF.
             No entanto, a argumentação do Ministro Torquato já dá sobejas indicações  de o que pretende o Governo Temer.  Nesse sentido, busca rebater a tese de que já transcorreram cinco anos e a decisão de mantê-lo no país não poderia ser revista: "Este não é um ato administrativo. É um ato de soberania."
          Assinale-se que o perseguido Cesare Battisti acusa a Polícia Federal de promover uma armadilha contra ele, com a ajuda da Embaixada da Itália.  Nega que o dinheiro apreendido fosse todo dele, pois, como é notório, Battisti viajava com dois amigos, quando foi detido.
            É difícil, de resto, entender porque o Ministro da Justiça e o Presidente Temer têm tanto afã em expulsar alguém que por ato do Presidente Lula - e no último dia de seu segundo mandato presidencial - tivera confirmada a sua estada no Brasil.
            O Ministro Marco Aurélio - que é um dos ministros mais antigos do Supremo - declara, a propósito, que depois  de cinco anos da decisão do presidente Lula o governo brasileiro não poderia revê-la e extraditar  Battisti.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )                  

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