quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Loas do PT à ditadura de Maduro

                     
          Os elogios do Partido dos Trabalhadores, assinados pela própria presidente Gleisi Hoffmann,  beiram o cinismo ao afirmar que as eleições na Venezuela foram "um exemplo de democracia e de participação cidadã".
           Não surpreende que tanto descaramento só encontre paralelo  nas  palavras do ditador de Cuba, Raul Castro, ao dizer que a Venezuela "deu outra grande lição de paz, vocação democrática, coragem e dignidade."
           A tal democracia chavista se especializa,  ora no sádico jogo de negar ao próprio povo que possa exercer plenamente o dever do voto, ora cansá-lo no inútil exercício da denegação do sufrágio a esse Povo que é soberano,  malgrado a chusma dos lacaios que intentam barrar o passo da autêntica democracia.
            O deboche ao sagrado direito do voto ao cidadão  é tal que para a maioria do povo que deseja livrar-se pelo sufrágio da ditadura de Maduro os apparatchicks, sabendo da preferência democrática da gente à volta,  se comprazem em reeditar procedimentos que Orwell acharia próprios para inserir na sua clássica obra sobre o despotismo, quer desrespeitando  a localização das seções de votação - com transferências de última hora para locais ou distantes,  ou até mesmo nos antros dos coletivos - , em jogo que, na verdade, constitui sardônico, sádico 'preito' à democracia que tanto temem, pois os servos da ditadura do corrupto-mor, mostram nessas vis contorções o quanto lhes aborrece o poder do Povo, que o singelo conceito aristotélico da Democracia tão bem reflete.
            Me dá pena que um partido que, ao surgir unira operário, intelectual e sacerdote na luta pela democracia, ora se compraza em desenrolar o roto tapete das louvaminhas ao ditador de plantão em América Latina.   
            É triste entrever nas palavras de petistas ilustres o rouco elogio a tal suposto modelo de democracia. Dá pena, pois pelo visto esqueceram o próprio berço, e hoje não trepidam em louvações à infeliz terra de Maduro, quando não passa de reles exercício de acosso e intimidação a um Povo a que desejam arrancar até o direito de escolher os próprios governantes.


(Fontes: George Orwell, 1984; O Estado de S. Paulo )

Nenhum comentário: