Governo e Oposição
concordam em estabelecer mesa de trabalho para tentar resolver a crise
política. No entanto, não se levanta o tópico de nova eleição presidencial,
que seria o objetivo dos adversários do presidente Nicolás Maduro.
Delegados de Maduro e de Juan Guaidó
concluíram ontem, doze de julho, em Barbados, reunião iniciada na 2ª feira, dia
oito, dando continuidade à mediada aproximação pela Noruega, e que se iniciou
em maio, em Oslo.
Em pronunciamento por rádio e tevê, disse Maduro: "foi desenvolvida uma intensa jornada de trabalho, com os seis pontos que foram acordados com o governo da Noruega e as oposições".
Mais cedo, o Ministério das Relações
Exteriores da Noruega emitiu comunicado explicando que "como parte deste
processo, foi instalada uma mesa que vai trabalhar de forma contínua com a finalidade de chegar a uma solução acordada
e no âmbito da Constituição".
"Está previsto que as Partes
realizem consultas para poder avançar na negociação", acrescentou o texto
da chancelaria norueguesa, sem dar detalhes sobre as datas dos novos encontros.
O governo da Noruega pediu ainda que chavismo e oposição tomem a "máxima
precaução em seus comentários e declarações com re-lação ao processo".
Ao lado de Maduro, Héctor Rodríiguez, negociador do governo, antecipou um "caminho complexo", mas que poderia levar a um "acordo de coexistência democrática" e "governabilidade" em que ambas as partes se reconhecem. Anteriormente, o ministro de Comunicação, Jorge Rodríguez, classificou o encontro em Barbados como uma "troca bem-sucedida".
Já o representante de Guaidó, Stalin
González, afirmou pelo Twitter que os venezuelanos necessitam de
"respostas e resultados" e anunciou que a delegação opositora
"realizará consultas para avançar e encerrar o sofrimento".
Guaidó exige que o diálogo leve à saída de Maduro, estabeleça um governo de transição" e resulte na convocação de novas eleições, considerando que a reeleição do líder chavista, em 2018, foi fraudulenta. No entanto, no encerramento do encontro, o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, negou que o governo esteja discutindo uma saída eleitoral.
As partes iniciaram uma
aproximação após a fracassada tentativa de golpe militar liderada por Guaidó
contra Maduro, que continua no poder com o apoio das Forças Armadas. Ele
descarta a possibilidade de abandonar a presidência, apesar de manter otimismo
em relação ao diálogo com a Oposição.
Muitos venezuelanos estão céticos e não acreditam que as negociações levarão ao fim da crise política e econômica. Vários opositores afirmam que a boa vontade de Maduro não passa de uma tentativa de ganhar tempo e protelar sua saída - uma vez que outras tentativas de diálogo não deram resultado prático.
Enquanto isso, os
venezuelanos vivem a pior crise de sua história, que inclui uma escassez
crônica de alimentos e remédios. A hiperinflação, segundo estimativas do FMI,
chegará a 10.000.000% neste ano. O cenário caótico já levou mais de
quatro milhões de venezuelanos a fugir do país. A maioria cruzou a fronteira
dos países vizinhos, Colômbia e Brasil.
(Fonte: O Estado de S. Paulo )
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