sábado, 13 de julho de 2019

Diário de um Detento


                                

       A leitura da reportagem de capa da revista Época "Minha Pena é Impossível de Cumprir", de Aline Ribeiro, se mostra a realidade do sistema carcereiro no Brasil,  expõe igualmente a situação de um condenado a 45 anos de cadeia, doente, ameaçado de morte e desemparado, o preso pede para ser executado.
          Por outro lado, a decisão judicial que autorizou a revista Época a entrevistar o presidiário proibiu que ele fosse identificado pelo nome ou pela imagem.

          O artigo descreve a experiência do presidiário, com a carnificina de Carandiru. José (nome fictício) estava na Casa de Detenção de São Paulo, na Zona Norte da capital, em 2 de outubro de 1992, quando 350 policiais invadiram a prisão para conter uma rebelião e acabar por dizimar 111 detentos. Era o massacre do Carandiru, o mais conhecido caso de violência em presídio do mundo. (...) Foi uma derrubada, como a gente diz na gíria. Dizem que foram 111. Mas eu estava lá e vi com meus olhos: foi muito mais. Os 111 foram identificados  pelas famílias. Mas e os que não foram?"

             "Temendo mais confusão, ele evita sair da cela no dia a dia. Quase nunca vê o sol.  José mora há dois anos no mesmo cubículo, com 12 camas e 31 presos.Por causa da saúde debilitada, os detentos cederam uma cama para ele.  Aproveita o horário do banho de sol, quando os companheiros saem, para ter um tempo sozinho. Passa o dia deitado, vendo televisão e lendo." (...) José não recebe tratamento psicológico nem psiquiátrico. E sonha constantemente com a morte."


( Fonte: Revista Época  (15.07.19) - "Eu quero que o Estado me mate". O pedido de um preso para ser executado - por Aline Ribeiro)

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