A leitura da reportagem de capa da revista Época "Minha Pena é Impossível de
Cumprir", de Aline Ribeiro, se
mostra a realidade do sistema carcereiro no Brasil, expõe igualmente a situação de um condenado a
45 anos de cadeia, doente, ameaçado de morte e desemparado, o preso pede para
ser executado.
Por
outro lado, a decisão judicial que autorizou a revista Época a entrevistar o presidiário proibiu que ele fosse
identificado pelo nome ou pela imagem.
O artigo descreve a experiência do
presidiário, com a carnificina de Carandiru. José (nome fictício) estava na
Casa de Detenção de São Paulo, na Zona Norte da capital, em 2 de outubro de
1992, quando 350 policiais invadiram a prisão para conter uma rebelião e
acabar por dizimar 111 detentos. Era o massacre do Carandiru, o mais conhecido
caso de violência em presídio do mundo. (...) Foi uma derrubada, como a gente
diz na gíria. Dizem que foram 111. Mas eu estava lá e vi com meus olhos: foi
muito mais. Os 111 foram identificados
pelas famílias. Mas e os que não foram?"
"Temendo mais confusão, ele evita sair da cela no dia a dia. Quase
nunca vê o sol. José mora há dois anos
no mesmo cubículo, com 12 camas e 31 presos.Por causa da saúde debilitada, os
detentos cederam uma cama para ele.
Aproveita o horário do banho de sol, quando os companheiros saem, para
ter um tempo sozinho. Passa o dia deitado, vendo televisão e lendo." (...)
José não recebe tratamento psicológico nem psiquiátrico. E sonha
constantemente com a morte."
(
Fonte: Revista Época (15.07.19) -
"Eu quero que o Estado me mate". O pedido de um preso para ser executado - por
Aline Ribeiro)
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