É
deplorável a interrupção por um embaixador de sua missão diplomática, por
motivos fora de seu controle. Que a imprensa inglesa tenha vazado o teor dos
respectivos telegramas mostra que algo de muito errado acontece no reino de Sua
Majestade Britânica. Porque a notícia
tem limites muito claros, e tem a ver com a segurança nacional.
O que os chefes de missão comunicam à sua sede é uma decisão de sua
competência e responsabilidade. Ora, se eles não podem mais fiar-se na
confiabilidade das comunicações, das duas uma: ou o embaixador, sabedor de que
os códigos não são mais confiáveis, deve recorrer a correios diplomáticos, com
as respectivas malas sob sua guarda, para evitar que os segredos de Estado
vazem, ou então, como fazem muitos, silenciar o que sabem, se desejam continuar
no posto.
A função de informar é uma das obrigações mais importantes de um Chefe
de missão. Se ele não pode mais inteirar
o próprio governo de o que sabe, de que valia tem a sua capacidade de acessar autoridades
do país em que está sediado, além de transmitir à própria chancelaria (ou mesmo
a seu ministro) qual é realmente o seu pensamento sobre o governo junto ao qual
está acreditado, e tal decerto começa pela sua avaliação da máxima autoridade
do país para o qual foi credenciado:
Nesse contexto, é
lapidar a comunicação feita pelo embaixador Kim Darroch à sua chancelaria:
"a situação atual me impede de cumprir minha função como desejaria. Nessas
circunstâncias, o caminho responsável a seguir é permitir a nomeação de um novo
embaixador".
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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