Os
males de que padece a Venezuela, a começar pela híperinflação e a consequente inviabilização
do bolívar como moeda de curso corrente, são demasiado grandes para que se
possa crer na mensagem das encenadas manifestações pró-Maduro como se fossem outra coisa de o que
realmente são: grande e manipulada operação orquestrada pelo que resta do poder
chavista, com a presença de estudantes, presenças engajadas como Diosdado Cabello, Delcy Rodriguez et al.,
dentre movimentos sociais, grupos páramilitares e milícias apoiadoras do
chavismo, na sua versão (terminal) sub -Maduro.
Assim, eles criticaram o relatório apresentado pela alta-Comissária das
Nações Unidas sobre os Direitos Humanos, Michelle
Bachelet. Para eles, esse relatório é "tendencioso" e
"manipulado",
Ora, no dia quatro do corrrente, a ONU publicou tal relatório, que documenta a execução extra-judicial de 5,287 pessoas na Venezuela, em 2018: catorze assassinatos
por dia! Assinale-se que tal relatório foi preparado por uma equipe
chefiada pela Bachelet, que visitara recentemente o país.
A maior parte das ditas execuções ocorreu pelas mãos da Força
de Ação especial da Polícia Nacional
Bolivariana (FAES), criada por Maduro para "combater o crime".
Para a ONU, o FAES é o principal
violador dos direitos humanos na Venezuela. Segundo
a visão prevalente, o grupo não passa de um Esquadrão da Morte a mando do
regime.
O governo venezuelano, que negociara a visita da Bachelet com a
ONU, e aceitara libertar alguns presos
políticos, contestou de imediato ao relatório. Nesse sentido, o chavismo chegou
a listar 70 pontos do texto que julgava serem "parciais" ou
"incorretos".
Apesar das críticas a
Bachelet, o governo Maduro liberou 22 presos políticos após a divulgação do
Relatório, inclusive os emblemáticos casos da juíza Maria Lourdes Afiuni e do jornalista Braulio Jatar. O ato foi comemorado pela Oposição.
Pelo Twitter, o autodeclarado presidente da
Venezuela, Juan Guaidó disse que a libertação era um "produto do
contundente relatório" da Bachelet.
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