quinta-feira, 18 de julho de 2019

Odebrecht: avanço no Peru, parada na região


             
      A Odebrecht admite que pagou US$ 788 milhões de propina em doze países, entre 2001 e 2016. Tais subornos foram pagos em troca da participação da empreiteira em pelo menos cem projetos e obras públicas. O escândalo afetou a elite política do Peru, mas vem sendo na prática ignorado em outros países da América Latina.
           Ontem, o ex-presidente peruano Alejandro Toledo foi transferido para o centro de detenção do Edifício Phillip \Burton, em São Francisco, nos EUA. A prisão de Toledo foi o último capítulo de ulterior desdobramento da Lava-Jato no Peru. Ele é acusado de receber US$ 20 milhões para conceder à Odebrecht a construção da Rodovia Interoceânica, quando foi presidente do Peru, entre 2001 e 2006.
               Toledo é um dos quatro ex-presidentes do Peru envolvidos na Lava-Jato. Todos receberam mandados de prisão preventiva depois das investigações da Procuradoria. Ollanta Humala chegou a ficar preso por nove meses e foi libertado por decisão judicial.

                Pedro Pablo Kuczynski teve a pena transferida para prisão domiciliar em consequência da idade avançada, e Alan Garcia cometeu suicídio, quando os policiais foram  à sua residência.prendê-lo, em um trágico desdobramento que chocou o país. 
                  Assinale-se que o escândalo da Odebrecht afetou até o maior nome da oposição, Keiko Fujimori, acusada de lavar US$ 1,2 milhões provenientes de fundos ilícitos da construtora brasileira para a campanha presidencial de 2011.
                  Em entrevista ao semanário mexicano Processo, Alejandro Gertz Manero, procurador-geral do México, se referiu ao Peru como o país que teve "mais sucesso" nas investigações do escândalo da Odebrecht.
                   Em contrapartida, o México constitui exemplo de como o caso não recebeu a mesma atenção judicial. No início do mês, um juiz federal emitiu um mandado de prisão contra Emilio Lozoya, ex-diretor da Pemex, estatal mexicana do petróleo, que teria recebido dez milhões de dólares da empreiteira brasileira. Hoje, ele vive foragido na Alemanha.
                     O mesmo padrão de suborno se repete na Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, Panamá e Venezuela. Na maioria dos países fica evidente a má-vontade das Procuradorias. Mesmo no caso colombiano, pais de alto grau de institucionalidade, a investigação foi lenta.  Um processo contra a campanha do ex-presidente Juan Manuel Santos prescreveu.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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