A Odebrecht admite que
pagou US$ 788 milhões de propina em
doze países, entre 2001 e 2016. Tais subornos foram pagos em troca da
participação da empreiteira em pelo menos cem projetos e obras públicas. O
escândalo afetou a elite política do Peru, mas vem sendo na prática ignorado em
outros países da América Latina.
Ontem, o ex-presidente peruano Alejandro Toledo foi transferido para o centro de
detenção do Edifício Phillip \Burton, em São Francisco, nos EUA. A prisão de
Toledo foi o último capítulo de ulterior desdobramento da Lava-Jato no Peru.
Ele é acusado de receber US$ 20 milhões para conceder à Odebrecht a construção
da Rodovia Interoceânica, quando foi presidente do Peru, entre 2001 e 2006.
Toledo é um dos quatro
ex-presidentes do Peru envolvidos na Lava-Jato. Todos receberam mandados de
prisão preventiva depois das investigações da Procuradoria. Ollanta Humala chegou a ficar preso por
nove meses e foi libertado por decisão judicial.
Pedro
Pablo Kuczynski teve a pena transferida para prisão domiciliar em
consequência da idade avançada, e Alan
Garcia cometeu suicídio, quando os policiais foram à sua residência.prendê-lo, em um trágico desdobramento que chocou o país.
Assinale-se que o escândalo da
Odebrecht afetou até o maior nome da oposição, Keiko Fujimori, acusada de lavar US$ 1,2 milhões provenientes de
fundos ilícitos da construtora brasileira para a campanha presidencial de 2011.
Em entrevista ao semanário mexicano
Processo, Alejandro Gertz Manero, procurador-geral do México, se referiu ao
Peru como o país que teve "mais sucesso" nas investigações do
escândalo da Odebrecht.
Em contrapartida, o México
constitui exemplo de como o caso não recebeu a mesma atenção judicial. No
início do mês, um juiz federal emitiu um mandado de prisão contra Emilio Lozoya, ex-diretor da Pemex,
estatal mexicana do petróleo, que teria recebido dez milhões de dólares da
empreiteira brasileira. Hoje, ele vive foragido na Alemanha.
O mesmo padrão de suborno
se repete na Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala,
Panamá e Venezuela. Na maioria dos países fica evidente a má-vontade das
Procuradorias. Mesmo no caso colombiano, pais de alto grau de
institucionalidade, a investigação foi lenta.
Um processo contra a campanha do ex-presidente Juan Manuel Santos
prescreveu.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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