O massacre de Tiananmen
ocorreu por força de circunstâncias já demasiado conhecidas - a viagem do
Premier Zhao Ziyang para a Coreia do Norte, como o grupelho conservador se
prevaleceu de sua ausência através de Li Peng, convencendo a Deng Xiaoping a
publicar editorial provocador no jornal oficial, com o que contribuíu para o
enrijecimento da posição dos estudantes na Praça da Paz Celestial.
Quando Zhao Ziyang volta da
viagem à aliada Coreia do Norte, as sortes já estão lançadas. Nesse momento, a delegação
brasileira, chefiada pelo então presidente José Sarney, já se apresta a partir.
Na chamada cidade proibida, já às vésperas da partida de regresso a Brasília,
encontro em uma sala o Primeiro Ministro Zhao Ziyang. Eu o comprimento, pois
naqueles poucos dias de estada de nossa delegação, tivéramos oportunidade de
estabelecer conhecimento, ainda que necessariamente superficial.
Desse breve encontro me resta o
quadro de um entristecido Premier, que me transmite impressão de quem
não mais esteja no gozo de plenos poderes. Era algo por certo difícil de
descrever, que se sente mais pelo ambiente, e pela atmosfera que o cerca, e que,
para minha surpresa - pois eu de nada sabia sobre o processo em curso -, não
mais transmite o aparato visual que sói cercar a posição de alguém que
formalmente se subordina diretamente ao então homem forte da RPC, Deng
Xiaoping.
Na atualidade, Joshua Wong é lider de
corrente democrática em Hong Kong, que luta contra a Lei da Extradição, que
Carrie Lam, chefe do Executivo da ex-colônia britânica, propõs para a ex-colônia. Como ele explica, essa polêmica Lei constituiria uma ameaça para as pessoas da
ex-colônia para a China, e até mesmo estrangeiros que vivam em Hong Kong, assim como pessoas que estejam de passagem pela ilha.
Como frisa Wong, se a tal lei for aprovada, a linha que
separa os dois Judiciários desaparecera.
Nesse contexto, o líder democrata sublinha que a política de linha dura
continua sob o regime do presidente Xi Jinping.
Segundo relata, no último mês, a polícia insular usou gás lacrimogêneo
quase duzentas vezes, assim como balas de borracha contra as pessoas. Consoante Wong
assinala, os demonstrantes em Hong Kong sofrem
perseguição política e ele próprio já foi preso três vezes. Também
legisladores, eleitos democraticamente foram destituídos.
Consoante Wong, as coisas
não mudaram muito desde os protestos de 2014. Assim, a política de linha dura
continuou sob o regime de Xi Jinping. No último mês, a polícia usou gás
lacrimogêneo quase duzentas vezes e também balas de borracha. Sofrem perseguição política, ele próprio já foi preso por três vezes, e legisladores
eleitos democraticamente foram destituídos de seus cargos.
Wong explica que o movimento agora não tem
líderes, porque se os tiver, eles serão alvo fácil para a perseguição de
Beijng. Agora, sem líderes, como um movimento de iniciativa pessoal, será um
desafio maior silenciar a voz das pessoas.
Indagado sobre as razões do
incremento do apoio popular, Joshua Wong foi direto: "Em 2014, quando duzentas
mil pessoas ocuparam as ruas de Hong Kong, nós dissemos que voltaríamos. Cinco
anos depois, estamos de volta com uma determinação ainda maior, eis que cerca
de dois milhões de pessoas foram às ruas. A razão simples: a linha dura de
Beijing, e a supressão de liberdades aumentou desde 2014, e é por isso que tanta gente se viu
compelida a unir-se às manifestações, descendo às ruas."
No que tange ao apoio do
setor de negócios, também cresceu a participação pessoal de gente a ele ligada. Na verdade, a lei de extradição é uma séria
ameaça à liberdade econômica. Cinco anos
atrás, os lideres empresariais se opuseram ao movimento dos guarda-chuvas.(*)
Agora, segundo asseverou Wong, o empresariado está do lado dos demonstrantes de
Hong Kong. A explicação é que a
liberdade política e econômica está sob ameaça de Beijing, e empresários temem
ser extraditados para a China continental.
Perguntado sobre a eventual
reação dos manifestantes, diante da ameaça do governo chinês ao prometer
"tolerância zero" contra os protestos, o líder Wong disse: "A população de Hong Kong não tolera a repressão
de Beijing. Nós vamos manter nossa luta. Mais de 52 ativistas foram presos nas
últimas semanas. A lei pode ser ratificada nos próximos meses, e é por isso que
houve a invasão do Parlamento. Dos 7
milhões de habitantes de Hong Kong, dois milhões se juntaram a nós nos
protestos. Mas parece que Beijng ainda não entende a importância de respeitar a
vontade das pessoas."
Consoante o repórter, no contexto
da necessária prudência, sobretudo tendo pela frente o massacre de Tiananmen (1989), dever-se-ia contabilizar
os avanços e evitar provocar uma repressão que destrua o movimento.
A esse respeito, assim se
manifestou Joshua Wong: "Não estamos ocupando as ruas todos os dias, apenas uma
ou duas vezes por semana. Espero que as pessoas entendam que a ameaça de
Beijing continua e que é nosso dever manter tal batalha. Xi Jinping deve
permitir que nosso povo tenha eleições livres e democracia."
Indagado sobre o seu pedido
de apoio internacional, o repórter ponderou que isso também pode servir de
pretexto para Beijing afirmar que o movimento é uma conspiração externa... O
que espera de outros países?
Se a lei de extradição passar, tal
significará uma grande erosão nas liberdades das pessoas de Hong Kong, mas também será ameaça a
pessoas que viajarem,v.g., do Brasil para
cá, por exemplo. Qualquer brasileiro que vier a turismo ou negócios estará sob
risco de ser extraditado para a RPC. Líderes mundiais deveriam preocupar-se com
o fato de que não haverá garantias à liberdade econômica e a segurança pessoal.
A Iniciativa Cinturão e
Rota é o plano de Beijing para expandir sua influência. Espero que as pessoas se lembrem de que Hong
Kong é uma cidade global. Se as liberdades econômicas estiverem ameaçadas,
isso poderá causar danos ao ambiente de negócios a nível global. Por isso, a
garantia às liberdades econômicas e políticas de Hong Kong é importante e
benéfica para o funcionamento do mercado
financeiro mundial.
Perguntado sobre a música
"Cante Aleluia ao Senhor", que se tornou o hino dos protestos, e se
isso aumentou o incômodo de Beijing, eis que na RPC não há liberdade religiosa,
Wong respondeu: Acho que sim. A liberdade religiosa em Hong Kong está sob
ameaça, e a autocensura dos políticos tornou-e frequente. Esta é a razão de as
pessoas se terem tornado mais ativas em movimentos sociais.
Sendo uma das figuras na linha
de frente dos protestos, teme uma punição severa de Beijing para que sirva de
exemplo ?
Ao que Joshua Wong respondeu : "Já
fui preso três vezes, as ameaças não podem derrotar-me. Só me tornam mais forte
para continuar a batalha."
( Fonte: O Globo )
(*) O movimento dos guarda-chuvas tomou esse nome porque os demonstrantes usavam guarda-chuvas e sombrinhas para ocultarem os próprios rostos e, por conseguinte,a respectiva identidade, da polícia e os guardas da RPC."
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