Segundo os cômputos
eleitorais, Donald Trump dispõe de
algumas substanciais vantagens de acordo com o velho critério - que é,
infelizmente, ainda o válido - do colégio eleitoral. Foi sua vantagem nesse
colégio - que é sempre aquela que vale, enquanto o Congresso americano não emendar
a Constituição, abolindo um parâmetro do século XVIII - e, ainda que
tardiamente, depois de tantas injustiças praticadas não só contra este ou
aquele candidato, mas também por permitir que um método torto prevaleça (que
sói muita vez favorecer o candidato minoritário) como tem acontecido demasiadas
vezes na história política americana, e portanto não pretendo cansar o leitor,
recordando apenas o ocorrido com Hillary
Clinton, vencedora no voto popular, mas perdendo no colégio eleitoral. E há diversos outros casos desta histórica
injustiça na crônica política americana,
além desta recente "derrota" de Hillary Clinton, por obra de sistema implantado no século XVIII.
As
perspectivas de Trump, apesar de seu gritante e abusivo racismo, além de suas
perigosas mentiras, continuam, sem embargo, a favorecê-lo, se o sistema eleitoral
continuar aquele do "colégio eleitoral", que já lhe permitira em
2016 vencer a candidata democrata - e de longe a melhor - porque os Estados
Unidos continuam a ser o único país no mundo a persistir na tolerância de um
método de cômputo eleitoral que é torcido e que sói favorecer em muitos casos o
candidato minoritário, se computado contra o voto popular. Há frestas, sem
dúvida, que coloquem a vitória pelo Código Eleitoral que tenham também o aval
da contagem numérica. Mas o que há de errado no sistema do voto por colégio é
que ele prevaleça sobre a contagem numérica absoluta dos votos. Em nenhum caso
deveria ser permitido, em que um sistema artificial - como o do colégio
eleitoral - possa prevalecer contra a contagem de um candidato que obteve a
pluralidade majoritária de todos os votos depositados no país. É um artificialismo que só é permitido persistir, porque favorece em
muitos casos o candidato do partido Republicano, que é aquele - e
não por acaso - que costuma recorrer -direta ou indiretamente - aos "truques" da invalidação de
votos por uma série de razões que visam a excluir da lista dos eleitores,
votantes negros ou com condições culturais que habilitem as autoridades do GOP
a partir para a política de impedimento maciço de potenciais sufragantes do
Partido Democrata.
Essa
política de um partido que se apóia nos truques sistemáticos da invalidação de
votos válidos por suspeições cavilosas lançadas contra eleitores em geral
negros, mestiços ou de recente ingresso na pátria estadunidense, constitui
decerto uma das grandes Vergonhas da Pátria americana, e um insulto à
Democracia. Não tenho dúvida de que em qualquer outro país em que Bush, no
começo deste século, fosse "eleito" pela votação da Corte Suprema
receberia um tratamento pela soi-disante
imparcial imprensa internacional, de uma incomparável severidade, o que não
costuma ocorrer com a Superpotência.
Um dos grandes erros do Partido Democrata é o de, na prática, tolerar esse
monstrengo da democracia, que
é o sistema de votação por colégio eleitoral. Talvez não haja má-fé maior de
que continuar a servir-se de um sistema anacrônico - criado no século XVIII
pelos prógonos da democracia americana por um fator material, imposto e ditado pelo tamanho geográfico dos Estados
Unidos da América, e a consequente necessidade de compatibilizar o voto do
eleitor com distâncias que a situação de então tornaria imanejável qualquer outro
sistema para o cômputo em tempo oportuno e realista da expressão da vontade
nacional.
Mas esse tempo, meus caros
amigos americanos, já passou faz muito, e, por conseguinte, esse
antiquado sistema de cômputo por colégio eleitoral me lembra aqueles brinquedos
que já passaram de época, e só são mantidos em uso pela teimosia de um punhado
de velhos...
(Fonte: o acompanhamento por algumas
décadas do sistema eleitoral americano e o crescente descrédito diante de sistema
que não favorece decerto a apuração, tanto verdadeira quanto inatacável, e
dentro de um critério democrático, a salvo de qualquer truque ou influência, da
lídima vontade do eleitor americano.)
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