quarta-feira, 3 de julho de 2019

Caso Marielle: barqueiro vê jogarem armas


              
         Barqueiro declara à Polícia ter visto homem ligado ao PM  reformado Ronnie Lessa jogar ao mar seis armas.  Lessa é acusado de ser o assassino da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.
            Com efeito, em depoimento à Delegacia de Homicídios, pescador afirmou que um homem supostamente ligado  ao PM reformado Ronnie Lessa, que é acusado de ser o assassino da vereadora Marielle Franco  (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, alugou seu barco, supostamente para um"passeio" e jogou seis armas no mar, perto das Ilhas Tijucas, a cerca de dois quilômetros da praia da Barra.
               A Polícia Civil suspeita que estava entre elas a submetralhadora  HK MP5, que teria sido usada no crime praticado em catorze de março de 2018, no Estácio.
                 De acordo com os investigadores, o descarte do armamento ocorreu poucos dias depois da prisão de Lessa, em doze de março de 2019, e pode ter sido planejado por quatro indivíduos: Márcio Montavano, o Márcio Gordo, apontado como o homem que alugou o barco; Eliane de Figueiredo Lessa, mulher do PM reformado ;  o irmão dela, Bruno Figueiredo; e Josivaldo Freitas, um amigo da família. Há quatro meses,policiais iniciaram buscas no mar, com a ajuda da Marinha e do Corpo de Bombeiros.
                      Na Segunda-Feira, a mulher de Lessa e o irmão dela prestaram depoimentos na sede da DH, na Barra.  Márcio Gordo e Josinaldo foram ouvidos ontem.  Além de policiais civis da especializada, o Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual investiga o caso.
                       O pescador, cujo identidade foi preservada pela DH, contou em depoimento que foi procurado por um homem que chegou de táxi ao Quebra-Mar na Barra. O suspeito lhe disse que queria contratar embarcação  para fazer pesca submarina perto das Ilhas Tijucas. Dono de um barco de fibra de vidro com 5 metros de comprimento e motorizado, o pescador aceitou o serviço.
                   Descrito  como um homem forte, com idade entre 30 e 35 anos, os braços cobertos por tatuagens, o suspeito carregava uma caixa pesada de papelão e uma mala grande, nas quais o barqueiro acreditava que estivessem guardados arpões e outros equipamentos. "No meio das ilhas Tijucas", segundo o pescador, o homem retirou da mala "seis fuzis" e, da caixa de papelão, recipientes menores, nas cores amarelo e azul. Em seguida, jogou tudo no mar.

                          A polícia avalia que, embora o pescador haja dito que viu seis fuzis, uma submetralhadora HK MP5 pode fazer parte do material jogado no mar, pois as diferenças entre os dois tipos de armamento não seriam claras para um leigo.
                             O pescador, que acertara o valor de R$ 60,00 pelo serviço, disse ainda que sentiu muito medo e, por isso, desistiu de cobrar o pagamento. Na volta, porém, sem falar nada, o homem jogou R$ 300,00 dentro da embarcação e foi embora. No depoimento , o pescador também afirmou que havia visto o suspeito em um bar do Quebra-Mar, e acrescentou que o descarte do armamento ocorreu no dia catorze ou quinze de março.
                               A Marinha,a Polícia Civil e o Corpo de  Bombeiros chegaram a usar um sonar para fazer buscas na região onde as armas teriam sido abandonadas, mas sem sucesso. Além disso, mergulhadores enfrentaram dificuldades para localizar os objetos a quarenta metros de profundidade, por conta das águas turvas.
  
                               Buscas em Apartamento.  A desova do armamento teria aconteci-do pouco antes de a polícia tentar cumprir mandado de busca e apreensão no local onde estariam armazenadas. Segundo investigadores, na madrugada de treze de março, três homens vestidos de policiais civis chegaram me Fiat Palio com placa clonada a um conjunto residencial no Pechincha,em Jacarepaguá, onde mora a sogra de Lessa. O síndico, que é militar, desconfiou do grupo e não permitiu a entrada.
                                  Contudo, no dia seguinte, um homem sozinho - com as mesmas características descritas pelo pescador - conseguiu passar pela portaria e foi até um apartamento, do qual saíu com uma caixa e uma mala. Policiais da DH apareceram logo depois, mas nada encontraram no imóvel: havia apenas  jornais espalhados pelo chão. Sem embargo, os agentes conseguiram pegar imagens de segurança, que registraram a saída do suspeito.
                                      Para a DH, a mulher de Lessa teve envolvimento com a ação. Elaine, de acordo com investigadores, determinou a retirada da mala e da caixa  do apartamento no Pechincha. Se ficar provado que coordenou o plano, supostamente a mando do marido, ela poderá responder por obstrução de investigação de organização criminosa.

( Fonte:  O  Globo  )

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