sábado, 20 de julho de 2019

Precisa o Rio de um autódromo ?


            
      A Justiça Federal suspendeu ontem, dezenove de julho, em caráter liminar, a contratação de empresa vencedora da licitação  para a construção do autódromo de Deodoro, no Rio de Janeiro.
        A pedido do MPF, a prefeitura de Crivella  terá de interromper o procedimento de contratação do serviço até a conclusão  do EIA-Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental), e consequente  emissão de licença prévia para prosseguir-se na obra.
          Dessarte, no dia vinte de maio, o consórcio Rio Motorsport foi anunciado como vencedor do processo de licitação para levantar o novo autódromo  carioca de Fórmula-1. Nesse sentido, ao apresentar um projeto de R$ 700 milhões, com a construção de uma pista de 4,5 km e objetivo de realizar parceria público-privada por 35 anos, a empresa disputa com São Paulo para receber o GP do Brasil de Fórmula 1 a partir de  2021.
              O documento da Justiça Federal, assinado pelo Juiz Adriano de Oliveira França, cita a necessidade, no caso em tela, de parceria  público-privada, da existência de licença ambiental prévia, dentro das diretrizes do Conama.
                "Além disso, a suspensão da contratação do objeto da licitação em questão tem o condão de evitar danos não  só ao meio ambiente, mas também prejuízos econômicos", informa texto assinado pelo juiz França e publicado ontem, e a que o Estado de S. Paulo teve acesso. Nesse sentido, o juiz ordena a entrega de intimação para a prefeitura do Rio de Janeiro apresentar a contestação. O foco é a área da Floresta do Camboatá, local em que tenciona construir o referido autódromo.

                  Segundo o Juiz França, a região citada tem "elevada importância ecológica para a cidade". O terreno pertencia antigamente ao Exército, porém foi repassados há alguns atrás para a Prefeitura do Rio de Janeiro.

                    O próprio MPF tentou suspender a licitação para a construção do autódromo, antes que o vencedor fosse anunciado, mas somente agora a Justiça Federal concedeu a liminar.
                      A Rio Motorpost explicou que vai cumprir todas as determinações da Justiça. "Já está em curso  a produção de amplo estudo de impacto ambiental na região e que, uma vez concluído, o mesmo será encaminhado às autoridades competentes, conforme determinam as legislações vigentes".
                          O novo autódromo é um projeto do presidente Jair Bolsonaro, juntamente com o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel e o prefeito Marcelo Crivella. Como a F-1 tem apenas contrato para realizar o GP do Brasil em Interlagos até 2020, a meta de Bolsonaro é transferir a prova para a capital fluminense.


Questões ambientais.    


                              No entanto,  para a realização da obra tem-se de atentar para o interesse do estado do Rio de Janeiro, máxime tendo presente a situação ambiental.  Depois de vários deflorestamentos na antiga área da capital da República, é importante verificar se atende ao interesse desse Estado da Federação, e da mui leal e heróica  cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, assim como da gente que aqui vive, se a destruição da floresta do Camboatá for realizada no altar da construção de mais um autódromo no Brasil, e em particular na antiga capital da República, que já assistiu a memoráveis disputas automobilísticas entre azes brasileiros e estrangeiros, e que em determinada época se centrara na antiga área da avenida Niemeyer (hoje temporariamente imprestável para o uso automobilístico) e nas montanhas da floresta da Tijuca.
                               Nesse contexto, tem suma importância a sentença do Juiz federal Adriano de Oliveira França, que cita a necessidade, no caso de parceria entre os setores público e privado, da existência da licença ambiental prévia,dentro das diretrizes do Conselho  Nacional do Meio Ambiente (Conama).
                               Tendo presente a relevância da remanescente floresta do Camboatá, máxime em uma área que já sofreu bastante pelas invasões e pelo consequente deflorestamento, seria de todo interesse, tanto do Rio de Janeiro, enquanto municipalidade e Estado da União Federal, que sejam preservadas as áreas  florestais restantes, como aquela do Camboatá.
                                 Nessas condições, um estudo ecológico aprofundado fará presente a necessidade prevalente da preservação da floresta nativa, ao invés de sacrificá-la com a transferência para o Rio de Janeiro da custosa e ambientalmente questionável estrutura para um novo autódromo nessa cidade, que dadas as suas condições e as ameaças ecológicas envolvidas  dispensaria tais obras, eis que o Brasil já dispõe no autódromo de Interlagos das condições materiais necessárias para continuação de sua exitosa participação nos certamens do automobilismo mundial, e em especial a Fórmula 1.  Tal seria um inútil bis in idem  que a ecologia e a preservação das belezas naturais remanescentes dessa cidade dispensariam. Devemos, com efeito, ter bem presente que essa megalópole  já foi bem mais maravilhosa do que atualmente é,  por força de  fatores que condicionaram, em muitos casos, uma ocupação humana sem os necessários controles urbanos e o consequente lamentável desmatamento.

(Fontes:O Estado de S. Paulo, e experiência própria)

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