As apreensões feitas pela Polícia
Federal nos endereços dos quatro suspeitos de hackear o telefone de autoridades
revelaram que mais de mil números de telefones, incluindo os de integrantes dos
Três Poderes da República e de jornalistas, foram acessados ilegalmente. Segundo
os investi-gadores, as vítimas tiveram suas conversas no aplicativo Telegram
roubadas.
Entre os alvos do grupo estão ao
menos dois ministros do governo Bolsonaro. Além de Sérgio Moro, da Justiça, a PF identificou que o ministro Paulo Guedes, da Economia,
teve seu celular invadido da mesma
maneira.
São cerca de mil números
telefônicos alvo deste modus operandi,
afirmou o coordenador-geral de inteligência da PF, delegado federal João Vianey
Xavier Filho.Segundo ele, ainda não foram identificadas todas as pessoas que
tiveram celulares atacados, mas a lista de autoridades, de acordo com um dos
envolvidos na investigação vai de "A a Z",
Ainda segundo a PF, uma
quadrilha de Araraquara, usou celulares e computadores de alta tecnologia para
acessar as contas de aplicativos de conversas."Havia a captura sistemática de contas de aplicativos de
mensagem e como prática o investigado fazia toda a burla necessária à captura
da sessão da vítima", disse o coordenador de inteligência da PF.
Não se exclui que o número
de vítimas possa ultrapassar os mil, a PF cita cinco vítimas no pedido de
prisão de Gustavo Henrique Elias Santos,
Suellen Priscila de Oliveira, Walter Delgatti Neto e Danilo Cristiano Marques,
suspeitos pelos ataques.
Além do já citado Moro,
acham-se na lista o desembargador Abel Gomes, relator da Lava-Jato no Tribunal
Regional Federal da 2ª Região, o juiz Flávio
de Oliveira Lucas, que atuou
como substituto nas férias de Gomes, e os delegados da PF Rafael Fernandes e Flávio
Vieitez Reis.
Segundo a PF, eles são
apenas alguns dos alvos das 5.616
ligações telefônicas, que eram
usadas como método para acessar a conta do Telegram
das vítimas. Chamou a atenção dos
investigadores que um dos computadores apreendidos reunia, na área de trabalho,
atalhos para a conexão com diversas contas de aplicativos de mensagens. O
equipamento, segundo a P.F., pertence a Delgatti Neto, que admitiu ser
responsável pelos ataques virtuais.
No que concerne às
investigações, elas começaram ainda em
abril, após integrante da Operação
Lava-Jato identificar a invasão de seus telefones. Um dos alvos foi o
coordenador da força-tarefa em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol . Desde
o mês passado, supostas conversas de
Dallagnol no Telegram foram
divulgadas pelo site The Intercept Brasil
e outros veículos de imprensa. O procurador afirma não ser possível
confirmar a autenticidade das mensagens divulgadas.
A operação foi
deflagrada para buscar provas dos crimes de formação de organização criminosa
(3 a 8 anos de prisão), invasão de dispositivos informáticos (3 meses a um ano
de detenção e multa), e interceptação de comunicações telefônicas (2 a 4 anos
de detenção e multa). As penas somadas podem chegar a 13 anos.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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