quinta-feira, 25 de julho de 2019

A Farra dos Celulares (II)


                  As apreensões feitas pela Polícia Federal nos endereços dos quatro suspeitos de hackear o telefone de autoridades revelaram que mais de mil números de telefones, incluindo os de integrantes dos Três Poderes da República e de jornalistas, foram acessados ilegalmente. Segundo os investi-gadores, as vítimas tiveram suas conversas no aplicativo Telegram roubadas.
              Entre os alvos do grupo estão ao menos dois ministros do governo Bolsonaro. Além de Sérgio Moro, da Justiça, a PF identificou  que o ministro Paulo Guedes, da Economia, teve seu celular invadido  da mesma maneira.

                São cerca de mil números telefônicos alvo deste modus operandi, afirmou o coordenador-geral de inteligência da PF, delegado federal João Vianey Xavier Filho.Segundo ele, ainda não foram identificadas todas as pessoas que tiveram celulares atacados, mas a lista de autoridades, de acordo com um dos envolvidos na investigação vai de "A a Z",
                   Ainda segundo a PF, uma quadrilha de Araraquara, usou celulares e computadores de alta tecnologia para acessar as contas de aplicativos de conversas."Havia a captura sistemática de contas de aplicativos de mensagem e como prática o investigado fazia toda a burla necessária à captura da sessão da vítima", disse o coordenador de inteligência da PF.

                    Não se exclui que o número de vítimas possa ultrapassar os mil, a PF cita cinco vítimas no pedido de prisão de Gustavo Henrique Elias Santos, Suellen Priscila de Oliveira, Walter Delgatti Neto e Danilo Cristiano Marques, suspeitos pelos ataques.
                      Além do já citado Moro, acham-se na lista o desembargador Abel Gomes, relator da Lava-Jato no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, o juiz Flávio de Oliveira Lucas, que atuou como substituto nas férias de Gomes, e os delegados da PF Rafael Fernandes e Flávio Vieitez Reis.

                      Segundo a PF, eles são apenas alguns dos alvos das 5.616 ligações telefônicas, que eram usadas como método para acessar a conta do Telegram das vítimas. Chamou a atenção  dos investigadores que um dos computadores apreendidos reunia, na área de trabalho, atalhos para a conexão com diversas contas de aplicativos de mensagens. O equipamento, segundo a P.F., pertence a Delgatti Neto, que admitiu ser responsável pelos ataques virtuais.

                      No que concerne às investigações, elas começaram  ainda em abril, após integrante da Operação Lava-Jato identificar a invasão de seus telefones. Um dos alvos foi o coordenador da força-tarefa em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol . Desde o mês  passado, supostas conversas de Dallagnol no Telegram foram divulgadas pelo site The Intercept Brasil e outros veículos de imprensa. O procurador afirma não ser possível confirmar a autenticidade das mensagens divulgadas.
                        A operação foi deflagrada para buscar provas dos crimes de formação de organização criminosa (3 a 8 anos de prisão), invasão de dispositivos informáticos (3 meses a um ano de detenção e multa), e interceptação de comunicações telefônicas (2 a 4 anos de detenção e multa). As penas somadas podem chegar a 13 anos.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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