segunda-feira, 8 de julho de 2019

Malta recebe temporariamente o navio Alan Kurdi


          
         Esta embarcação, que leva o nome do menino afogado no mar  Jônico, pertence  à  ONG  alemã Sea Eye, e, com 65 migrantes a bordo, teve autorizada a sua entrada em águas territoriais de Malta.
             Depois de negociações com países da União Europeia - e com a Alemanha em particular - patrulhas maltesas recolheram os migrantes que estavam a bordo, levando-os para terra firme.  Contudo, o navio não recebeu autorização para atracar.
              O governo de Malta participou do esforço de solução de mais esse problema que decorre da generalizada crise alimentar em grande parte da África, sob a condição de que nenhum dos migrantes permaneça em seu território.  Dessarte, todas as pessoas socorridas a bordo serão "redistribuídas para outros Estados-membros da U.E.".
                Ainda nesse quadro, as Forças Armadas de Malta anunciaram haver socorrido no dia de ontem um grupo de 50 migrantes quase-náufragos, eis que os infelizes estavam em embarcação que afundava na zona oficial de resgate, atribuída à Malta. 
                   O ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, disse que a RFA está disposta a receber vários migrantes, "no âmbito de uma solução europeia de solidariedade".            
                   Do outro lado da rosa dos ventos, o Ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, se empenha em sua luta contra as ONGs de resgate a esses infelizes, refugiados da crise que assola a África, e lhes nega acesso aos portos italianos.  Na última semana, dois barcos  de ONGs atracaran na Ilha de Lampedusa, em novo desafio a Salvini.
                      Nesse "desafio" da miséria e da fome de um continente que tem parte manifestamente à deriva,  o superministro do gabinete italiano pensa poder lidar com o problema através de multas de até cinquenta mil euros, cominadas contra o capitão, o operador, ou o proprietário de uma nave que entre em águas itálianas sem autorização. Não é dessa maneira brutal que se pode seriamente pensar estar contribuindo para solucionar crise que é apenas uma esfarrapada metáfora da miséria e do desgoverno de regiões na África que exigem ações mais sérias e mais humanas.
                       Entristece à gente de boa vontade, que 59% dos italianos aprovem a decisão de Salvini de fechar os portos. Para grandes problemas, como esse de uma vasta região à deriva, não será através da violência inumana que se estará contribuindo para a sua solução. Um grande povo, como é o italiano, não pode dar as costas a um continente em crise, como a Africa. Na sua trajetória através da História, será sempre a mente que mostra a outrem esperança  e  caminhos para a solução. Não é através de nãos brutais e de dar as costas aos problemas, que a península itálica assumiu a sua conhecida liderança em enfrentar  os desafios que eles colocam para a humanidade. E é pensando nesta Humanidade,que se deve refletir sobre o desafio que hoje coloca o povo africano.  Ele carece de ser ajudado e não escanteado. Ignorar um problema pode ser a melhor maneira de torná-lo insolúvel.

( Fonte: A.J. Toynbee )

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