O
conservador britânico Boris Johnson
foi oficializado a 23 de julho corrente como novo Primeiro Ministro do Reino
Unido. Substitui Theresa May, que em uma reunião
inicial surgira sentada em um trenzinho, com as mãos dadas a Donald Trump.
Vejamos se esse Prime Minister, que dizem parecer-se com o modelo Trump será tão
eficaz quanto ao seu profuso otimismo, que ele exibe nas fotos com os polegares
levantados, ou com as mãos abertas em gesto que parece a muitos ou desconexo,
ou de cheer leader de uma estranha
banda que por perto não se vê.
Há
algo de juvenil nesse cinquentão, em quadro que pode parecer até inquietante.
Piruetas à parte, o legado de Theresa
May não é decerto invejável, inclusive com a bancada do Ulster que fora chamada
às pressas pela antecessora, para
consertar a desastrosa tentativa da May de ter um gabinete com forte
sustentação no Parlamento. A tentativa
de independência dessa última deixa Johnson com o apoio de um partido menor, da
Irlanda protestante, que em termos de
votos tem poucos e bastante caros em termos de consequências para o atual suporte do partido governante.
Também em termos de Europa, o panorama visto da ponte não é nada animador. Por enquanto, Boris fala grosso, pensando que
vai incutir medo ô nas raposas
europeias.
David Cameron, o antecessor da antecessora May, passava, os pés leves e ligeiros, pelos
grandes salões de Bruxelas, com o nariz levantado, naquela jeitão conhecido do
leve desconforto com os continentais. Culminou a passagem com a renúncia depois da vergonhosa
calinada - convocando um referendo
desnecessário e, portanto, errado, na estação errada... Deu no que deu...
Agora, o juvenil Boris Johnson
fala grosso, quando deveria não falar fino, mas modular a voz. Bancar o valentão não lhe ajudará muito, e
muito menos ameaçar quando tem as mãos vazias.
Não vejo o Brexit nos jovens
da Inglaterra, e naqueles que lamentam as oportunidades perdidas além dos
brancos penhascos de Dover. Porque essa estória de debochar dos continentals e desses países longínquos
de que um senhor - que não era Winston Churchill - disse que de nada
sabia, nem deles, nem de suas paragens, tudo isso pertence a História, e foi
para que ela não se repetisse que tantos pensaram em reatar perdidas amizades e
perdidos contatos.
(Fontes: O
Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo,
Sir Arthur Neville Chamberlain.)
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