Seis meses já
transcorreram do rompimento da barragem da Vale. Para os que pensavam que a
tragédia de Mariana, também causada
pela Vale do Rio Doce, não obstante o disfarce da Samarco - firma que representava as três companhias, que cuidavam
daquela barragem, e que era uma criatura empresarial tanto da Vale quanto das
duas companhias estrangeiras co-sócias. Desse primeiro desastre, pode-se dizer que
foi um precursor para a tragédia posterior. Mortes houve, causadas sobretudo
por um sistema de alerta de uma precariedade que, hoje, já anos passados da
tragédia, ainda provoca revolta. Em vez da sirene, o aviso era por
telefone...
Mas depois desse macabro ensaio
geral, viria outro golpe, e muito mais sério e grave. Brumadinho. Parece
romântico, não é? Não está longe do parque artístico de Inhotim e das suas hospedarias. Inhotim estará acaso fora de serviço? E as estalagens ?
Brumadinho... quem diria que a localidade viraria nome de barragem.
Explicações à parte, as barragens da Vale costumam ser do modelo mais antigo. E
o problema das sirenas?
Iolanda diz que vinte dias antes
da tragédia,o filho Robert chegou em casa contando que estava vazando água da
barragem.
Três dias antes da sexta do rompimento, Iolanda tinha conseguido
crédito para ajudar o filho a comprar um automóvel. Pelo carro, ela foi criticada.
Robert estava fazendo auto-escola. "Como saíu a esmola que eles deram, de
R$ 100 mil, eu comprei esse carro para realizar o sonho dele. Já que eu não
pude realizar em vida, realizo depois de morto", diz ela, mostrando um Fiat Adventure
na garagem.
A expectativa já leva seis
meses. Iolanda não sai de casa, aguardando que o filho seja encontrado. Sofre
pensando que não vai poder vê-lo no caixão, como foi com os outros dois.
Conta com dor sobre
conhecidos que enterraram apenas partes dos familiares - braço, perna, mão - o
que mostra a violência da onda de lama. Segundo a Polícia Civil, só 79 corpos
foram encontrados intactos - são 248 mortos, além dos 22 desaparecidos.
(
Fonte: "Mãe de vítima de Brumadinho sonha com ossos para enterrar", Folha
de
S. Paulo, reportagem de Fernanda Canofre (extratos).
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