quinta-feira, 25 de julho de 2019

Brumadinho


                                   

       Seis meses já transcorreram do rompimento da barragem da Vale. Para os que pensavam que a tragédia de Mariana, também causada pela Vale do Rio Doce, não obstante o disfarce da Samarco - firma que representava as três companhias, que cuidavam daquela barragem, e que era uma criatura empresarial tanto da Vale quanto das duas companhias estrangeiras co-sócias. Desse primeiro desastre, pode-se dizer que foi um precursor para a tragédia posterior. Mortes houve, causadas sobretudo por um sistema de alerta de uma precariedade que, hoje, já anos passados da tragédia, ainda provoca revolta. Em vez da sirene, o aviso era por telefone...

          Mas depois desse macabro ensaio geral, viria outro golpe, e muito mais sério e grave. Brumadinho. Parece romântico, não é? Não está longe do parque artístico de Inhotim e das suas hospedarias.  Inhotim estará acaso fora de serviço? E as estalagens ?
             Brumadinho... quem diria que a localidade viraria nome de barragem. Explicações à parte, as barragens da Vale costumam ser do modelo mais antigo. E o problema das sirenas?
              Iolanda diz que vinte dias antes da tragédia,o filho Robert chegou em casa contando que estava vazando água da barragem. 
                Três dias antes da sexta do rompimento, Iolanda tinha conseguido crédito para ajudar o filho a comprar um automóvel. Pelo carro, ela foi criticada. Robert estava fazendo auto-escola. "Como saíu a esmola que eles deram, de R$ 100 mil, eu comprei esse carro para realizar o sonho dele. Já que eu não pude realizar em vida, realizo depois de morto", diz ela, mostrando um Fiat Adventure na garagem.
                 A expectativa já leva seis meses. Iolanda não sai de casa, aguardando que o filho seja encontrado. Sofre pensando que não vai poder vê-lo no caixão, como foi com os outros dois.

                 Conta com dor sobre conhecidos que enterraram apenas partes dos familiares - braço, perna, mão - o que mostra a violência da onda de lama. Segundo a Polícia Civil, só 79 corpos foram encontrados intactos - são 248 mortos, além dos 22 desaparecidos.


( Fonte: "Mãe de vítima de Brumadinho sonha com ossos para enterrar", Folha de S. Paulo, reportagem de Fernanda Canofre (extratos).

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