sexta-feira, 26 de julho de 2019

União Européia vs. Johnson


                        

         O novo Primeiro Ministro Boris Johnson apresentou ontem, logo após a audiência com a rainha Elizabeth, suas condições para a saída de seu país da União Europeia. Com a mesma presteza, elas consideradas "inaceitáveis" por Michel Barnier, o negociador europeu.
              Em seu primeiro discurso ao Parlamento, o novel premier usou o mesmo termo ao se referir aos pontos do acordo antes negociado pela predecessora Theresa May. Nesse sentido, ele pediu a Bruxelas que reveja o texto. Johnson, que ora tem assessoria de eurocéticos no gabinete, exigiu o fim do "backstop", mecanismo criado para evitar  uma fronteira alfandegária entre as duas Irlandas, aquela republicana, e a Irlanda do Norte, tendo presente que o restabelecimento de postos de controle violaria o acordo de paz de 1998, e por conseguinte ameaça ressuscitar um conflito sectário traumático para os irlandeses.
              Ao assumir o cargo, na quarta-feira, Johnson preparou o Reino Unido para um confronto com a U.E., prometendo negociar um novo acordo do Brexit e ameaçando que, se o bloco recusar, ele vai tirar o país sem um pacto, no dia 31 de outubro.
                Era previsível que a resposta de Barnier fosse também na linha anti-negociação. "Inaceitável", replicou Barnier, utilizando o mesmo vocabulário de Johnson. "Uma falta de acordo nunca será a opção da UE, mas devemos estar preparados para todos os cenários."
                  Em conversa telefônica com o Primeiro Ministro britânico, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que está deixando o cargo, reiterou a  Johnson que o acordo concluído em novembro com a May é o ~melhor e único pacto possivel.
                    Os dirigentes da UE  vem repetindo que não vão reabrir o acordo de saída concluído com May, que se viu forçada a renunciar após o texto ser rejeitado pelos deputados britânicos, inclusive conservadores, em três oportunidades.     
                      Ontem, em seu discurso inaugural, Boris prometeu  que o Brexit tornará o Reino Unido o melhor lugar do mundo, ecoando a retórica popularesca do presidente estadunidense, Donald Trump. O primeiro ministro, que foi saudado por Trump como sua versão britânica (sic), prometeu que o divórcio da UE vai energizar a quinta maior economia mundial. "Vamos fazer deste país o melhor lugar do mundo."
                       Johnson garantiu que não está sendo exagerado e afirmou que o Reino Unido poderá ser a economia mais próspera da Europa até 2050, um feito que significaria superar França e Alemanha. "Nossos filhos e netos viverão mais felizes, gozando de melhor saúde e mais ricos", afirmou sem pestanejar.
                        Johnson garantiu que não estava exagerando e afirmou que o Reino Unido poderá ser a economia mais próspera da Europa até 2050, um feito que significaria  superar a França e a Alemanha.  "Nossos filhos e netos viverão mais felizes, gozando de melhor saúde e mais ricos", afirmou ele.
                        Jeremy Corbyn, lider do Labour,  principal legenda de Oposição no Parlamento britânico, denunciou logo depois  um "governo de extrema direita" e advertiu que os trabalhistas se oporão a qualquer  acordo do Brexit que não proteja o emprego, os direitos dos trabalhadores britânicos e o Meio Ambiente.
                           Convocada por Corbyn, uma manifestação ontem à tarde em Londres pediu eleições legislativas antecipadas. Lembra-se que Johnson foi eleito apenas pelos militantes do Partido Conservador e que, em consequência, não representa a todos os ingleses.
                             A atitude do novo Primeiro Ministro vem inquietando o governo irlandês. Assim, Michael Creed, ministro da Agricultura da Irlanda, disse que a posição do governo britânico que implica pedido de um novo acordo sem o "backstop" - mecanismo ideado para evitar uma fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte,  é preocupante.
                                Por outro lado, na quarta-feira o primeiro ministro da Irlanda, Leo Varadkar, disse que "um novo acordo" sobre o Brexit "não deve ocorrer."
                                 Tampouco foi divulgado detalhe sobre propostas alternativas de Johnson para a fronteira da Irlanda e Varadkar evitou fazer especulações.

                                 Em fim de contas, o novo líder conservador do Reino Unido ameaça um Brexit sem acordo, o que seria desastroso para a economia irlandesa.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )           

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