sábado, 6 de julho de 2019

Bolsonaro: Povo decidirá sobre Moro


                         

          Diante do acirramento da campanha do site Intercept Brasil, o presidente Jair Bolsonaro não hesitou em reforçar a sua associação  com o ministro Sérgio Moro e a Lava-Jato, ao ser interrogado  sobre novas mensagens atribuídas ao ex-juiz e ao procurador Deltan Dallagnol sobre procedimentos da operação.
              Nesse sentido, o presidente afirmou que tenciona assistir amanhã a final da Copa América, em que Brasil e Peru, se enfrentam em um Maracanã lotado. E acrescentou que o fará tendo ao lado o titular da Justiça e da Segurança Pública.
               E trazendo para esse quadro de um Maracanã lotado, com a torcida brasileira presumivelmente ocupando grande parte das cadeiras e das arquibancadas desse estádio,  disse  ele que caberá ao Povo dizer se eles estão "certos ou não".
               Segundo a reportagem do Estado de S. Paulo, após a divulgação  do caso pelo site The Intercept Brasil, o ministro Moro, com o aval do Palácio do Planalto, traçou uma estratégia para transformar o vazamento da troca de mensagens atribuídas a ele em uma espécie de plebiscito, dos que são contra e a favor da Lava-Jato. Ontem, Moro voltou a enfatizar o trabalho da operação ao responder a perguntas sobre uma eventual candidatura à Presidência da República.
                 "Embora existam cegueiras ideológicas  que às vezes turvam o nosso juízo, a grande maioria dos brasileiros, se não a totalidade, avalia o trabalho da Lava-Jato positivamente, e percebe que queremos fazer a coisa certa dentro do governo, que queremos avançar", disse o ministro, que não descartou a possibilidade de concorrer ao Planalto, mas ressaltou que "o candidato do governo será o Presidente".
                  Consoante supostos diálogos divulgados pela revista Veja. em parceria com The Intercept Brasil, Moro teria orientado procuradores da Lava-Jato a anexar provas para fortalecer a parte acusatória em um dos processos da operação.  O ministro afirma que não reconhece a autenticidade das mensagens atribuídas a ele, "obtidas por meios criminosos e que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente".
                   Questionado sobre a publicação, Bolsonaro fez referência ao apoio popular. "Pretendo domingo não só ir assistir à final do Brasil com Peru, bem como, se for possível, se a segurança me permitir, irei com o Sérgio Moro junto ao gramado. E o Povo vai dizer  se nós estamos certos ou não", afirmou  o  presidente, após evento no Batalhão da Guarda Presidencial, em Brasília.
                    Quando o caso Moro veio à tona no início de junho passado, Bolsonaro demorou para quebrar o silêncio e sair em defesa de seu ministro da Justiça. O gesto explícito de apoio foi feito justamente num estádio de futebol - o Presidente levou Moro à arena Mané Garrincha, na capital federal, para assistir ao jogo entre Flamengo e CSA, pelo Campeonato Brasileiro. Os dois vestiram camisas do time rubro-negro e foram saudados pela torcida.
                    No domingo passado,  atos convocados em defesa de Moro e da Lava-Jato  em dezenas de cidades brasileiras foram apoiados pelo Presidente.  "A população brasileira mostrou novamente que tem legitimidade, consciência e responsabilidade, para estar incluída cada vez mais nas decisões políticas do nosso Brasil", escreveu Bolsonaro no Twitter.  Moro também usou a rede social para agradecer as manifestações nas ruas.
                   Ontem, em São Paulo, o ministro foi muito aplaudido ao participar de evento da XP Investimentos, cuja plateia era  formada essencialmente por agentes do mercado financeiro. Entrevistado no palco, Moro respondeu com exaltação à Lava-Jato a  perguntas sobre uma eventual candidatura ao Planalto. O ex-juiz disse que a operação "foi um trabalho muito difícil". "Até porque tem esses efeitos colaterais, com incremento progressivo da lista de inimigos", disse, ressaltando que, em geral, a população vê o resultado como positivo.
                   Em relação a uma candidatura, o ministro declarou que não é sua pretensão e que "dificilmente" conseguirá "chegar com fôlego para esse tipo de situação." "Acho absolutamente prematuro falar nesse assunto, mas, como já houve referência nesse sentido do próprio presidente, o candidato do governo será o presidente."
                  A final da Copa América no Rio será a quinta vez que Bolsonaro irá a um estádio como presidente. Questionado sobre vaias durante o último jogo da equipe brasileira,no Mineirão, o presidente disse que o alvo era a seleção da Argentina. "Houve vaia quando  a seleção da Argentina entrou. E aí jogaram a câmera para cima de mim. Queriam o quê?"

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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