Diante do acirramento
da campanha do site Intercept Brasil, o presidente Jair Bolsonaro não hesitou
em reforçar a sua associação com o
ministro Sérgio Moro e a Lava-Jato, ao ser interrogado sobre novas mensagens atribuídas ao ex-juiz e
ao procurador Deltan Dallagnol sobre procedimentos da operação.
Nesse sentido, o presidente afirmou
que tenciona assistir amanhã a final da Copa América, em que Brasil e Peru, se
enfrentam em um Maracanã lotado. E acrescentou que o fará tendo ao lado o
titular da Justiça e da Segurança Pública.
E trazendo para
esse quadro de um Maracanã lotado, com a torcida brasileira presumivelmente
ocupando grande parte das cadeiras e das arquibancadas desse estádio, disse ele
que caberá ao Povo dizer se eles estão "certos ou não".
Segundo a reportagem do Estado
de S. Paulo, após a divulgação do caso
pelo site The Intercept Brasil, o ministro Moro, com o aval do Palácio do
Planalto, traçou uma estratégia para transformar o vazamento da troca de
mensagens atribuídas a ele em uma espécie de plebiscito, dos que são contra e a
favor da Lava-Jato. Ontem, Moro
voltou a enfatizar o trabalho da operação ao responder a perguntas sobre uma
eventual candidatura à Presidência da República.
"Embora existam cegueiras
ideológicas que às vezes turvam o nosso
juízo, a grande maioria dos brasileiros, se não a totalidade, avalia o trabalho
da Lava-Jato positivamente, e percebe
que queremos fazer a coisa certa dentro do governo, que queremos avançar",
disse o ministro, que não descartou a possibilidade de concorrer ao Planalto,
mas ressaltou que "o candidato do governo será o Presidente".
Consoante supostos diálogos
divulgados pela revista Veja. em
parceria com The Intercept Brasil, Moro teria orientado procuradores da Lava-Jato a anexar provas para
fortalecer a parte acusatória em um dos processos da operação. O ministro afirma que não reconhece a autenticidade
das mensagens atribuídas a ele, "obtidas por meios criminosos e que podem
ter sido adulteradas total ou parcialmente".
Questionado sobre a
publicação, Bolsonaro fez referência ao apoio popular. "Pretendo domingo
não só ir assistir à final do Brasil com Peru, bem como, se for possível, se a
segurança me permitir, irei com o Sérgio Moro junto ao gramado. E o Povo vai
dizer se nós estamos certos ou
não", afirmou o presidente, após evento no Batalhão da Guarda
Presidencial, em Brasília.
Quando o caso Moro veio à
tona no início de junho passado, Bolsonaro demorou para quebrar o silêncio e
sair em defesa de seu ministro da Justiça. O gesto explícito de apoio foi feito
justamente num estádio de futebol - o Presidente levou Moro à arena Mané
Garrincha, na capital federal, para assistir ao jogo entre Flamengo e CSA, pelo
Campeonato Brasileiro. Os dois vestiram camisas do time rubro-negro e foram
saudados pela torcida.
No domingo passado, atos convocados em defesa de Moro e da Lava-Jato em dezenas de cidades brasileiras foram
apoiados pelo Presidente. "A
população brasileira mostrou novamente que tem legitimidade, consciência e
responsabilidade, para estar incluída cada vez mais nas decisões políticas do
nosso Brasil", escreveu Bolsonaro no Twitter. Moro também usou a rede social para agradecer
as manifestações nas ruas.
Ontem, em São Paulo, o
ministro foi muito aplaudido ao participar de evento da XP Investimentos, cuja
plateia era formada essencialmente por
agentes do mercado financeiro. Entrevistado no palco, Moro respondeu com
exaltação à Lava-Jato a perguntas sobre uma eventual candidatura ao
Planalto. O ex-juiz disse que a operação "foi um trabalho muito
difícil". "Até porque tem esses efeitos colaterais, com incremento
progressivo da lista de inimigos", disse, ressaltando que, em geral, a
população vê o resultado como positivo.
Em relação a uma
candidatura, o ministro declarou que não é sua pretensão e que
"dificilmente" conseguirá "chegar com fôlego para esse tipo de
situação." "Acho absolutamente prematuro falar nesse assunto, mas,
como já houve referência nesse sentido do próprio presidente, o candidato do
governo será o presidente."
A final da Copa América no Rio
será a quinta vez que Bolsonaro irá a um estádio como presidente. Questionado
sobre vaias durante o último jogo da equipe brasileira,no Mineirão, o
presidente disse que o alvo era a seleção da Argentina. "Houve vaia
quando a seleção da Argentina entrou. E
aí jogaram a câmera para cima de mim. Queriam o quê?"
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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