Os
ativistas políticos na população da ex-colônia inglesa, hoje incluída na China
Continental, prestam através de seus movimentos de protesto contra desígnios
repressivos de Beijing e do atual governo de Xi Jinping, a maior
homenagem que os habitantes do antigo domínio britânico possam prestar ao
legado da velha Inglaterra em termos de civilização e de política.
Com efeito, a luta é incessante, mantendo sob a guia de líderes
corajosos um esforço de preservação do legado deixado pela velha Álbion em
termos de cultura e, mesmo, de civilização.
Os manifestantes, que têm o apoio de boa parte da população da
ex-colônia, pretendem preservar as
condições que presidiram à cessão do ex- território de Hong Kong para a
República Popular da China, notadamente o respeito à democracia e os princípios
que presidiam às relações humanas na antiga colônia de Sua Majestade.
Não é que os habitantes de Hong Kong repudiem determinações de Beijing.
A sua porfia se dirige à preservação dos princípios e das leis que davam àquele
território o arcabouço político e filosófico da obediência à liberdade e aos
pertinentes princípios democráticos, que foram, através dos séculos, absorvidos
pela população chinesa da colônia, e agora são homenageados da forma mais
simples e direta que imaginar-se possa.
A luta dos moradores de Hong Kong se dirige a princípios e à conduta
pelas autoridades, em que se reflita o amplexo da democracia, em todos os seus
aspectos, de regras, leis e comportamento consequente dessas autoridades. A gente de Hong Kong, ainda que de origem
chinesa, abraçou a norma ocidental que vem da antiga Grécia, e através dos
séculos, tem sido burilada por muitos povos.
A Liberdade como norma
e a igualdade de direitos como princípio e limite, tanto para o cidadão, quanto
para a autoridade, constituem princípios do Ocidente que a população de origem
chinesa abraçou pelas tortuosas vias dos anos de convivência, nesse paradoxal
aprendizado de conhecer as qualidades da liberdade pelo estranho intermediário
de sua aplicação em reduto colonial.
Na verdade, a liberdade democrática - que Hellas transmitiu ao mundo - é de todos o mais subversivo dos sistemas. No entanto, como se funda no pétreo princípio da igualdade acima de tudo, a sua força de transmissão e de adoção é inigualável. Daí o temor que a democracia inspira aos tiranos e sua tropa de choque. Entende-se muito bem que essa dádiva inglesa não careça de elogios e de resistências patrióticas. A sua grande vantagem reside na própria qualidade de vida espiritual que ela traz consigo. Daí, os temores que inspira aos regimes discricionários, pela subversiva mensagem de abertura e igualdade, que não carece de embuços para afirmar-se no concerto dos Povos.
(
Fonte: A Grécia antiga e seus inúmeros imitadores.)
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