segunda-feira, 15 de julho de 2019

Hong Kong e a Defesa da Liberdade


                 

            Os ativistas políticos na população da ex-colônia inglesa, hoje incluída na China Continental, prestam através de seus movimentos de protesto contra desígnios repressivos de Beijing e do atual governo de Xi Jinping, a maior homenagem que os habitantes do antigo domínio britânico possam prestar ao legado da velha Inglaterra em termos de civilização e de política.
                  Com efeito, a luta é incessante, mantendo sob a guia de líderes corajosos um esforço de preservação do legado deixado pela velha Álbion em termos de cultura e, mesmo, de civilização.  Os manifestantes, que têm o apoio de boa parte da população da ex-colônia,  pretendem preservar as condições que presidiram à cessão do ex- território de Hong Kong para a República Popular da China, notadamente o respeito à democracia e os princípios que presidiam às relações humanas na antiga colônia de Sua Majestade.

                   Não é que os habitantes de Hong Kong repudiem determinações de Beijing. A sua porfia se dirige à preservação dos princípios e das leis que davam àquele território o arcabouço político e filosófico da obediência à liberdade e aos pertinentes princípios democráticos, que foram, através dos séculos, absorvidos pela população chinesa da colônia, e agora são homenageados da forma mais simples e direta que imaginar-se possa.  A luta dos moradores de Hong Kong se dirige a princípios e à conduta pelas autoridades, em que se reflita o amplexo da democracia, em todos os seus aspectos, de regras, leis e comportamento consequente dessas autoridades.  A gente de Hong Kong, ainda que de origem chinesa, abraçou a norma ocidental que vem da antiga Grécia, e através dos séculos, tem sido burilada por muitos povos.

                        A Liberdade como norma e a igualdade de direitos como princípio e limite, tanto para o cidadão, quanto para a autoridade, constituem princípios do Ocidente que a população de origem chinesa abraçou pelas tortuosas vias dos anos de convivência, nesse paradoxal aprendizado de conhecer as qualidades da liberdade pelo estranho intermediário de sua aplicação em reduto colonial.

                        Na verdade, a liberdade democrática - que Hellas transmitiu ao mundo - é de todos o mais subversivo dos sistemas. No entanto, como se funda no pétreo princípio da igualdade acima de tudo, a sua força de transmissão e de adoção é inigualável. Daí o temor que a democracia inspira aos tiranos e sua tropa de choque. Entende-se muito bem que essa dádiva inglesa não careça de elogios e de resistências patrióticas. A sua grande vantagem reside na própria qualidade de vida espiritual que ela traz consigo. Daí, os temores que inspira aos regimes discricionários, pela subversiva mensagem de abertura e igualdade, que não carece de embuços para afirmar-se no concerto dos Povos.   


( Fonte: A Grécia antiga e seus inúmeros imitadores.)        

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