As tensões aumentam em Hong Kong e
tal se deve ao sistemático descumprimento por Beijing dos termos de autonomia, que foram concedidos
pela China à antiga colônia britânica.
Muitos vêem nas dificuldades
criadas as impressões digitais do novo líder chinês Xi Jinping, que tem marcado na China Continental uma atmosfera
repressiva que faz justiça a quem nutre grande admiração por Mao Zedong.
Em uma escalada sem precedentes
em Hong Kong, manifestantes invadiram ontem o Parlamento, e só deixaram o local
quatro horas depois, na madrugada de hoje. Essa nova onda de protestos
representa o mais sério desafio ao controle de Beijing sobre a cidade
semiautônoma e às condições de relativa liberdade sob as quais opera.
Sob promessa de que não
deixariam o Parlamento, os manifestantes redigiram declaração em que se
convocava a queda do Conselho Legislativo (fantoche-de-Beijing) e do próprio
Governo.
No interior do Conselho, os manifestantes
picharam paredes e colocaram uma bandeira da época colonial britânica na mesa
diretora.
Por volta da uma e meia da
madrugada de hoje, houve a invasão do plenário por policiais, equipados com escudos,
gás lacrimogêneo e outros projéteis. Começaram então a tropa chinesa a expulsar
os manifestantes de dentro e ao redor do complexo. Simultaneamente, porém, mais de quinhentos
mil manifestantes começaram a marchar
pacificamente pela cidade, o que levou a na prática fechar as principais vias
públicas da cidade-estado.
Entrementes, um pequeno
grupo, formado na sua maioria por estudantes que usavam capacetes e máscaras,
usou um carrinho de metal, barras e pedaços de andaime para quebrar o
vidro reforçado e avançar contra as
instalações ocupadas pelo complexo da administração chinesa. Entrementes,
outros manifestantes os cobriam com dezenas de guarda-chuvas para destarte
impedir que as câmaras do poder de ocupação gravassem suas feições e, assim,
eles pudessem no futuro evitar identificação posterior pelos órgãos de
segurança de Beijing.
Antes da
manifestação de ontem e desta madrugada, durante a celebração do aniversário de
22 anos do retorno à China do território de \Hong Kong, Carrie Lam afirmara que
os últimos protestos a tinham levado a ouvir mais a população. Com a invasão, porém da sede do Legislativo,
ela se apressou em condenar a violência e o vandalismo dos
manifestantes.
Apoiada por
Beijing, Carrie se aferra ao cargo, malgrado a inédita forte reação ao seu
governo. No dia quinze, ela suspendeu o projeto de lei de extradição, por
causa da marcha de centenas de milhares na cidade, mas como é do seu feitio, o
fez pela metade, pois frisou não descartá-lo totalmente, como exigiam os manifestantes.
No
Ocidente, houve protestos contra as ações de Beijing. O Reino Unido manifestou
seu apoio "inequívoco" às liberdades de Hong Kong. Já a União
Europeia matizou o próprio protesto, pedindo que "se evite a
escalada", convocando as partes para o diálogo.
Também
Donald Trump achou oportuno intervir, dizendo que os manifestantes desafiam o
governo chinês em busca da democracia.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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