Como
seria de esperar , a Itália, sob as ordens de Matteo Salvini, que. enquanto
chefe da neo-fascista Liga, e que governa a Itália com gabinete partilhado com
Luigi de Maio, esquerdista, mandou prender a alemã Carola Rackete. À deriva por mais de duas semanas, e com 42
migrantes a bordo, alguns com sérios problemas de saúde, o Sea Watch 3, a corajosa comandante foi
"acusada" de querer afundar uma lancha italiana, que tentara impedir
que o navio atracasse.
Pertencente à ONG Sea Watch, a embarcação
aguardava há três dias para entrar no porto de Lampedusa, no sul italiano. Dada
a manifesta má-fé das autoridades, na
madrugada de sábado, a capitã decidira prosseguir, mesmo sem autorização. Fora
do porto por alguns minutos, bloqueado
por barco de patrulha, depois se dirigira para o cais, aonde atracou.
"Basta, depois de 16 dias entramos
no porto.", escreveu ela no Twitter.
Não tardou que soldados embarcassem no Sea Watch, e detivessem a Capitã. A Rackete poderá ser punida entre
três e dez anos de prisão, e a ONG ser multada em até 50 mil euros e ter o
navio apreendido.
Por mais que políticos demagógicos se refugiem numa soberania nacional
que desconhece a miséria em um continente vizinho, e diante da hipocrisia dos
tribunais europeus, a situação de desvalimento dos passageiros do Sea
Watch é tal, que mesmo o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos teve que
compor-se com a emergência. Embora se curvasse diante de Salvini, o órgão pediu que "Roma continuasse a prestar a
assistência necessária" às pessoas
vulneráveis a bordo.
Por ora, dir-se-ía que o primitivismo do fascistóide Matteo Salvini
prevalece, diante de um escândalo humanitário do porte do cenário mediterrâneo,
em que a riqueza europeia convive com a miséria e o desvalimento do
continente africano. Por quanto tempo, é uma questão cuja pertinência se
sobrepõe a esse caldeirão de soberanias, de trêmulos tribunais diante da
manifesta denegação de direitos, e da arrogância fascista de políticos que põem
a ambição na contra-mão do bom senso e dos direitos humanos, muitos têm a impressão de que a queda do fascismo em piazzale Rieti não terá de fato ocorrido, com o
ditador Benito Mussolini, pendurado pelos calcanhares, na companhia da amante
Clara Petacci, para serem fuzilados
pelos partigiani. Ainda não passaram
setenta anos dessa data, e há políticos na Itália que ajem como se ela não
tivesse existido.
(
Fontes: O Globo e lembranças de um
soggiorno em Roma)
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