A conselho do
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o Ministro Sérgio Moro concordou em comparecer à Comissão de Constituição e
Justiça da Casa, marcando-se para a próxima 4ª feira, dia dezenove, para dar
explicações sobre as mensagens trocadas por ele, ainda enquanto juiz na Lava
Jato, e o procurador Deltan Dallagnol, reveladas pelo site The Intercept/Brasil.
Sob a pressão da divulgação das
conversas, ainda que obtidas de forma contestável, Moro considerou que ir
espontaneamente ao Congresso é menor desgaste de o que ser convocado. Com isso,
supõe que o ambiente lhe será menos hostil.
Dado o modo com que se procedeu à
reprodução das mensagens entre Moro e Dallagnol, e para evitar maior exposição
e eventuais desdobramentos do caso, Moro resolvera tomar a iniciativa no
episódio. Parte do receio se deve à clara desarticulação da base do governo
Jair Bolsonaro. Nesse sentido, o ministro Moro ouviu o conselho de Alcolumbre e
assentiu.
Por sua vez, na Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) recomendou a
líderes do Centrão que não tomassem atitudes imediatas. O pedido foi reforçado
especialmente em relação a desencorajar
o Centrão a embarcar em pedido de Comissão Parlamentar Mista sobre o tema. Líderes estavam reunidos na residencia oficial do Presidente da Câmara
quando o site publicou as reportagens sobre o tema.
Deputados do MDB, PP, PSDB, PRB, PR, DEM, PTB, Patriota e PSC se debruçaram sobre
os respectivos celulares. Alguns liam trechos em voz alta. O que provocou maior
indignação foi mensagem atribuída a Moro em que ele fala sobre "limpar o Congresso".
Diante disso, os ânimos se
elevaram, até que Maia interviesse, recomendando aguardar para medir a
repercussão do caso. Desde então, os
líderes do Centrão se mostraram
cautelosos. Em especial, não se manifestaram contra Moro, argumentando que é preciso aguardar para conhecer todo o material que o site prometera publicar.
Por sua vez, enquanto
oposição, os líderes do MDB enfatizaram a necessidade de ver a íntegra do material, antes de tomar
qualquer atitude.
Ontem terça-feira, o
corregedor do CNJ, Humberto Martins,
determinou o arquivamento de um pedido para investigar a conduta de Moro, apresentado pelo PDT, com a justificativa de que ele não pode mais ser alvo de um
procedimento do órgão, porque abandonara a carreira de magistrado.
A par disso, o presidente Jair Bolsonaro
interrompera uma coletiva ontem, em São Paulo, ao ser inquirido sobre o
vazamento de diálogos privados atribuídos ao ministro da Justiça, Sérgio Moro,
e ao procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava-Jato em Curitiba.
Ao conversar em S.
Paulo, no aeroporto de Congonhas, o presidente falou com jornalistas sobre o
andamento da proposta de reforma da Previdência.
Após responder a
algumas perguntas acerca do tema, Bolsonaro foi questionado ex-abrupto
sobre o vazamento das conversas, que
ocorreram quando Moro ainda era juiz em Curitiba. Irritado, o presidente
disse: - Está encerrada a entrevista.
Após deixar a sala
de autoridades, Bolsonaro seguiu para a Fiesp, onde recebeu a Ordem do Mérito
Industrial de São Paulo.
Pela manhã, Moro
foi encontrar-se com o Presidente no Palácio da Alvorada, encontro esse
realizado após a divulgação do aludido
site. Pouco depois, sempre ao lado do Presidente, Moro embarcou
em lancha no Lago Paranoá, nos fundos da residência oficial do
Presidente, rumo a um evento da Marinha.
Ainda juntos, o
presidente e o Ministro da Justiça chegaram ao Grupamento de Fuzileiros Navais
de Brasília, a fim de participar da cerimônia de comemoração do 154º
aniversário da Batalha de Riachuelo, uma das mais importantes da Guerra do
Paraguai, e da entrega das condecorações da Ordem do Mérito Naval. Tanto na
embarcação quanto na solenidade, Moro ficou ao lado de Bolsonaro, em claro e
inequívoco sinal de prestígio junto ao Chefe da Nação.
No evento,
Moro foi condecorado juntamente com outros ministros presentes à solenidade.
Como se fez
questão de marcar, Moro saíu prestigiado
na sua presença ao lado do Presidente da República. Tudo isso terá contribuído
para colocar nos seus devidos lugares a extrapolação das supostas
"revelações" de um site, e
dirimir qualquer dúvida sobre a posição do Ministro da Justiça, Sérgio Moro.
(Fonte: O Globo )
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