domingo, 16 de junho de 2019

Hong Kong suspende extradições


                              

                                         Liberdade, liberdade abre as asas sobre nós !

      Resultado direto das manifestações e concentrações do povo de Hong Kong, que se bateu em grandes, multitudinários comícios pelo repúdio do previsto projeto sobre ex-tradições de habitantes de Hong Kong para a RPC, a chefe do Executivo da antiga colônia da Inglaterra, Carrie Lam, veio a público e declarou: "O governo decidiu suspender o procedimento de emenda legislativa, reativar nossa comunicação com todos os setores da sociedade, trabalhar mais (...) e ouvir  as diferentes visões da sociedade."
         Nessa comunicação arranjada, assim se expressou o representante da RPC, Geng Shuang, do M.R.E.: "Respeitamos e compreendemos a decisão."
          Mais uma vez, como se depreende dos comunicados dos funcionários chineses, vence o indômito povo de Hong Kong. Malgrado, o tom plácido dos comunicados dos representantes de Beijing, cada popular dessa antiga colônia de Sua Majestade não desconhece o quão árduo e difícil é arrancar das autoridades chinesas tais concessões.
            Malgrado o tom plácido e oficioso das assertivas dos funcionários representantes do poder colonial chinês, nada tem de anódino e de plácido essa concessão. Atrás dela estão os milhões de habitantes da antiga Cidade-estado, que não trepidaram em descer às invias e estreitas ruas de Hong Kong e de suas praças, para manifestar a sua negativa da extradição como projeto de manietar esse  corajoso povo, que não hesita em formar multitudinárias manifestações em defesa dos poucos direitos que lhe restam. Permitir que os seus líderes e seus melhores - e disso não têm dúvidas - venham a ser extradita-dos de Hong Kong para os tribunais e cárceres da RPC representaria não uma metáfora mas a agilização da retirada da antiga cidade-estado das poucas liberdades que ainda lhe restam.
              Daí a repetição das magníficas concentrações dessa gente corajosa, que bem sabe não ser apenas uma anódina concessão que os seus nacionais não venham a ser arrancados desses becos e dessas angustas praças para serem lançados nas cadeias de Beijing.
               Essa estranha contradição - a colônia como um laboratório de liberdades, que é o legado do antigo, angusto território de Hong Kong -  esse povo indômito, que não ignora o alto preço que há de pagar  se ceder  às na aparência suaves mensagens dessa representante do poder de Beijing - que é Carrie Lam - se tem refletido com rígida, tenaz afirmativa, bem sabendo o que se esconde por trás da linguagem por vezes macia da representante do poder imperial.
                  Na  última grande guerra, o povo nórdico lutara até contra representante que traíra o próprio mandato, transformando-lhe o próprio nome em símbolo de crueldade e ignomínia, que é a figura do quisling. 
                        Para os que conhecem Hong-Kong, e seu indômito povo,  as dificuldades que encontram, e a sua vida árdua e trabalhosa, será sempre imagem prazerosa, para que não se trepide no elogio da liberdade que, por vezes, tais sejam arduas as suas jornadas e por vezes íngremes os respectivos caminhos. quão paradoxais uma tal existência e as lutas incessantes que os dragões - que muitos pensam animais legendários - que lhe guardam as vielas e as montanhas nessa metáfora da existência trabalhosa  - e perguntar-se, incréus que são, porque se agarram com tanta pertinácia a tal existência em que a liberdade traz tantos espinhos para quem não queira escorraçá-la e a trocar pela murcha vida da falta de esperança e sobretudo que busca na sua enaltação, entendida como expressão ainda que angusta, mas sempre tenazmente autônoma como testemunha de um porvir que não é o da falta de imaginação do conformismo. Pensando Hong Kong, e deparar o próprio povo na sua luta, é um pouco ter diante de si a Castro Alves, o poeta libertário, que terá sempre presente a imagem da liberdade, que abre as suas generosas asas sobre essa gente sofredora. Já dizia Carlos Drummond de Andrade que a poesia é necessária, e não simples adereço. Por que ela dá sentido à vida, que não se resume a uma existência sem história, como anônimo figurante em louvaminheira procissão, enquanto o ausente olhar de Mao Zedong contempla a praça e os massacres que lá seriam praticados.

( Fontes:  O Estado de S. P(aulo, Castro Alves, Carlos Drummond de Andrade )   

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