Teve sucesso a missão
de Michelle
Bachelet? Se tivermos presente,
que o regime chavista mantém setecentos venezuelanos presos, em inimagináveis
condições, com base em acusações políticas, a resposta terá de ser não.
Poder-se-ía antever algo melhor dessa
visita da Bachelet à ditadura chavista ? A Alta-Comissária para os Direitos
Humanos terá tentado a libertação desses infelizes, presos sob fragilíssimas
acusações de ordem política? Não excluo que o haja feito, mesmo que de forma
simbólica. Ressalta, no entanto, que malgrado tudo o que se diz sobre as
terríveis condições nas enxovias dessas setecentas "ameaças" ao
Estado chavista - além de ter presente a imanente precariedade desse Estado, com os seus hospitais em condições miseráveis, a ponto que militares
- que têm acesso aos 'melhores' - enjeitam o que de saúde tais estabelecimentos
possam hoje oferecer, correndo para o atendimento nos hospitais de Roraima.
A Bachelet insistiu em escritório
de direitos humanos,e ela tenciona manter na terra de Bolívar dois comissários
durante três meses , e não é de descartar a possibilidade de criar-se escritório
permanente, em até seis meses. Se cumprido esse "compromisso", nunca
se terá previsto algo tão inadequado para lidar, não só com Maduro, mas também
com o seu soturno vice, Diosdado Cabello
(com quem ela também se reuniu).
Juan Guaidó, pela foto ao lado da Bachelet, já tem ares
presidenciais, ainda que interinos. Não se deve, contudo, negar, que Guaidó é
um sucesso, e um senhor porta-voz de oposição, até hoje infelizmente atenazada pela
interna desunião. Só não repetirei, por respeito ao leitor, o número de países
que o reconhecem como tal. Também me
parece importante que a Bachelet saiba do número de pessoas, ou escorraçadas
para o exílio, ou refugiadas em missões diplomáticas.
Outro testemunho de
grande, talvez maior pertinência foi o
de Gilber Caro, deputado
ex-preso político do regime chavista. Caro logrou encontrar-se com a Bachelet.
Ele já foi preso duas vezes, e, guarda
caso!, foi liberto nesta semana, após 51 dias de cadeia. Condições dessa
última prisão: onze dias algemado,
trinta dias incomunicável, em uma cela de um metro (?) sem direito a tomar
banho.
Todas essas contradições entre as torturas
e as miseráveis condições reservadas aos mortais (quando não visitam altos
funcionários e funcionárias internacionais) participam da triste, tenebrosa rotina
das ditaduras & Cia.que ainda vicejam nesse mundo,vasto mundo, como a
Venezuela parece ser a um ponto de cinismo que é de tirar o chapéu (mesmo que
metaforicamente, uma vez que tal adereço do vestuário passou a ser usado apenas
por motivos de saúde... )
(Fontes: O Estado de S. Paulo; Carlos Drummond de Andrade)
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