Não pretendo fazer o
que seria o perfil clássico do jogador. Como não me cabe tomar posições de quem
se arroga julgar questões para as quais não dispõe de título para tanto, o que
me parece mais oportuno e conveniente, é deixar o papel de juiz a quem esteja
habilitado para tanto, enquanto assumo a vaga de um torcedor da equipe
brasileira, e que de repente se descobre preocupado e mesmo inquieto com a
situação de nosso futebol. Pelé - aquele
que padece hoje pelas botinadas covardes que sofrera de um montão de beques e
de outros jogadores adversários medíocres que, por conseguinte, jamais lhes
chegariam aos pés, por mais que se esforçassem nos desleais pontapés, com que
fizeram do Pelé atual a imagem do torpe sofrimento
que, por covardia e incapacidade técnica, lhe 'aplicaram' através dos tempos e
da covarde e melancólica conivência de tantos árbitros.
Tampouco tenciono fazer uma espécie
de espelho da reportagem de capa da revista Veja.
Lamento que Neymar se haja afastado de Bruna
Marchezine, com quem a seu tempo fazia um belo par.Não conheço o pai de
Neymar, mas presumo que como todo o pai quer o melhor para seu filho. Como tal
se traduza na realidade, não carece muito estudo para determinar da eventual
influência na vida real da selva urbana.
Em geral, muitos jogadores põem a
sua carreira futebolística a risco, quando porventura transportem para a sua vidinha
e o eventual momento de glória relações
sentimentais ou amorosas com pretensas fãs. Não há dúvida que terá repercutido
muito bem a seu tempo a liaison entre
Neymar e Bruna, pela então confluência de idades e de ares protagonistas, mas
decerto os juízos à distância tendem a ser sempre falhos e incompletos.
Um jogador como Neymar, se avultou
como gigante no relativo deserto hodierno, tal responde às injunções de uma
nova fase do futebol brasileiro, que não mais convive com o oba-oba que impunha
temor às platéias e aos times adversários.
Para ganhar um título mundial -
como não aconteceu na relativa mediocridade
do scratch canarinho, tanto no murro que levamos nas Alterosas com o 7 a um
(que reeditara placares que a nossa seleção sofria no ínicio do século passado
...) será sempre necessário, além de ótimos jogadores (em que os nossos
scratches com poucas exceções constituem a feliz regra), dispor de um bom
técnico, de pouca intromissão da mídia, e de muita confiança. Presumíamos no
passado que a qualidade estaria sempre do nosso lado. A mídia, com a sua tendência quase mecânica
de exigir das equipes nacionais papéis marcantes, deveria ter presente que depois
do vexame diante da Alemanha, a humildade deve estar sempre como a regra do
dia. Não há bichos papões no futebol de hoje, e por uns tempos devemos ter
presente que a época da profusão dos craques, se não é coisa do passado, deve
ser encarada com seriedade, pois a última Copa (a de Moscou) mostraria que o
Brasil será sempre temível, mas não é - pelo menos nas condições presentes -
invencível. Na terra de gospodin Putin
o Brasil não apareceu como de hábito. Estávamos muito acostumados a disputar
finais. Hoje, podemos tropeçar diante de
equipes que venceríamos sem grande dificuldade, quando dispúnhamos de grandes
craques em diversas posições. Tal, por enquanto, não é o caso.
Daí recomendaria a todas as
instâncias do futebol que dêem uma particular atenção ao jogador Neymar. Ele é, no momento, um super-craque, em um
país, que em passado recente, estava
habituado a dispor de alguns jogadores
nesse nível.
Por isso não vou dizer que a
revista Veja tratou Neymar mal. Mas alguém poderia dizer que o tratou bem? Já
tivemos grandes craques. Houve tempo inclusive em que essa húbris do grande
craque fora pensada como quase uma consequência natural da seleção canarinho.
Tal não foi na África do Sul, por exemplo. Não sei se quando o então diretor
técnico se deparou com o banco de reservas, e não viu ninguém que tivesse para
substituir diante de uma crise na partida, talvez tal se devera a uma ojeriza
do dito técnico a grandes jogadores.
Quando se deu conta do erro garrafal que cometera ao barrar jogadores
até do nosso banco para que, na eventualidade de um desafio, ele pudesse dispor
de algum craque, o dito técnico pagaria caro a sua implicância com a escolha de
grandes jogadores. Ninguém barra impunemente um craque e foi o que ocorreu na
África do Sul...
Não desejo arvorar-me em
defensor dos craques, mas me sinto parte dos oprimidos se esquecermos que no
momento o Brasil e a sua seleção não estão exatamente estourando em craques.
Devemos, por conseguinte, preservar o nosso eterno garoto Neymar. Quer
queiramos, quer não, ele é o único super-craque disponível, e por isso ele vem
sendo "mimoseado" pelos beques adversários e desde outras copas - os
mais velhos irão lembrar-se do beque colombiano que praticamente o aleijou para
os então próximos jogos. Neymar tem sido
muito "alvejado" em campo, e não creio que tal seja justo. Isso não o
desculpa de eventuais desmandos e até
mesmo atos reprováveis.
Temos bons jogadores na seleção, mas,
na minha modesta opinião, apenas um solitário grande craque. Ele está submetido
a uma enorme pressão, e não pretendo aqui entrar em outros campos, que não são
o futebolístico, mas decerto demandam atenção.
A solidão é a grande inimiga
dos jogadores. Perguntem a Cristiano Ronaldo no capítulo. Com seriedade, tratemos
de preservar o que temos, e que, pelo momento, não é muito, se nos ativermos a
padrões passados. O futebol brasileiro é grande e há de superar essa
crise. De qualquer forma, ainda jogam
nesses campos internacionais brasileiros que viraram atletas de outras nações,
chegando inclusive às respectivas seleções.
Por isso, aconselho aos senhores do ramo a não baterem muito na Geni. Pois
ela pode voltar, e surpreender a muitos...
( Fontes: Veja; Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo ; Chico Buarque de Holanda)
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