domingo, 9 de junho de 2019

Neymar


                                                           

      Não pretendo fazer o que seria o perfil clássico do jogador. Como não me cabe tomar posições de quem se arroga julgar questões para as quais não dispõe de título para tanto, o que me parece mais oportuno e conveniente, é deixar o papel de juiz a quem esteja habilitado para tanto, enquanto assumo a vaga de um torcedor da equipe brasileira, e que de repente se descobre preocupado e mesmo inquieto com a situação de nosso futebol.  Pelé - aquele que padece hoje pelas botinadas covardes que sofrera de um montão de beques e de outros jogadores adversários medíocres que, por conseguinte, jamais lhes chegariam aos pés, por mais que se esforçassem nos desleais pontapés, com que fizeram do Pelé atual  a imagem do torpe sofrimento que, por covardia e incapacidade técnica, lhe 'aplicaram' através dos tempos e da covarde e melancólica conivência de tantos árbitros.
          Tampouco tenciono fazer uma espécie de espelho da reportagem de capa da revista Veja. Lamento que Neymar se haja afastado de Bruna Marchezine, com quem a seu tempo fazia um belo par.Não conheço o pai de Neymar, mas presumo que como todo o pai quer o melhor para seu filho. Como tal se traduza na realidade, não carece muito estudo para determinar da eventual influência na vida real da selva urbana.
            Em geral, muitos jogadores põem a sua carreira futebolística a risco, quando porventura transportem para a sua vidinha e o eventual momento de glória  relações sentimentais ou amorosas com pretensas fãs. Não há dúvida que terá repercutido muito bem a seu tempo a liaison entre Neymar e Bruna, pela então confluência de idades e de ares protagonistas, mas decerto os juízos à distância tendem a ser sempre falhos e incompletos.
               Um jogador como Neymar, se avultou como gigante no relativo deserto hodierno, tal responde às injunções de uma nova fase do futebol brasileiro, que não mais convive com o oba-oba que impunha temor às platéias e aos times adversários.
                Para ganhar um título mundial - como não aconteceu na relativa mediocridade do scratch canarinho, tanto no murro que levamos nas Alterosas com o 7 a um (que reeditara placares que a nossa seleção sofria no ínicio do século passado ...) será sempre necessário, além de ótimos jogadores (em que os nossos scratches com poucas exceções constituem a feliz regra), dispor de um bom técnico, de pouca intromissão da mídia, e de muita confiança. Presumíamos no passado que a qualidade estaria sempre do nosso lado.  A mídia, com a sua tendência quase mecânica de exigir das equipes nacionais papéis marcantes, deveria ter presente que depois do vexame diante da Alemanha, a humildade deve estar sempre como a regra do dia. Não há bichos papões no futebol de hoje, e por uns tempos devemos ter presente que a época da profusão dos craques, se não é coisa do passado, deve ser encarada com seriedade, pois a última Copa (a de Moscou) mostraria que o Brasil será sempre temível, mas não é - pelo menos nas condições presentes - invencível. Na terra de gospodin Putin o Brasil não apareceu como de hábito. Estávamos muito acostumados a disputar finais.  Hoje, podemos tropeçar diante de equipes que venceríamos sem grande dificuldade, quando dispúnhamos de grandes craques em diversas posições. Tal, por enquanto, não é o caso.

              Daí recomendaria a todas as instâncias do futebol que dêem uma particular atenção ao jogador Neymar.  Ele é, no momento, um super-craque, em um país,  que em passado recente, estava habituado a dispor  de alguns jogadores nesse nível.

                Por isso não vou dizer que a revista Veja tratou Neymar mal. Mas alguém poderia dizer que o tratou bem? Já tivemos grandes craques. Houve tempo inclusive em que essa húbris do grande craque fora pensada como quase uma consequência natural da seleção canarinho. Tal não foi na África do Sul, por exemplo. Não sei se quando o então diretor técnico se deparou com o banco de reservas, e não viu ninguém que tivesse para substituir diante de uma crise na partida, talvez tal se devera a uma ojeriza do dito técnico a grandes jogadores.  Quando se deu conta do erro garrafal que cometera ao barrar jogadores até do nosso banco para que, na eventualidade de um desafio, ele pudesse dispor de algum craque, o dito técnico pagaria caro a sua implicância com a escolha de grandes jogadores. Ninguém barra impunemente um craque e foi o que ocorreu na África do Sul...

                 Não desejo arvorar-me em defensor dos craques, mas me sinto parte dos oprimidos se esquecermos que no momento o Brasil e a sua seleção não estão exatamente estourando em craques. Devemos, por conseguinte, preservar o nosso eterno garoto Neymar. Quer queiramos, quer não, ele é o único super-craque disponível, e por isso ele vem sendo "mimoseado" pelos beques adversários e desde outras copas - os mais velhos irão lembrar-se do beque colombiano que praticamente o aleijou para os então próximos jogos.  Neymar tem sido muito "alvejado" em campo, e não creio que tal seja justo. Isso não o desculpa de eventuais desmandos  e até mesmo atos reprováveis. 

                    Temos bons jogadores na seleção, mas, na minha modesta opinião, apenas um solitário grande craque. Ele está submetido a uma enorme pressão, e não pretendo aqui entrar em outros campos, que não são o futebolístico, mas decerto demandam atenção.

                   A solidão é a grande inimiga dos jogadores. Perguntem a Cristiano Ronaldo no capítulo. Com seriedade, tratemos de preservar o que temos, e que, pelo momento, não é muito, se nos ativermos a padrões passados. O futebol brasileiro é grande e há de superar essa crise.  De qualquer forma, ainda jogam nesses campos internacionais brasileiros que viraram atletas de outras nações, chegando inclusive às respectivas seleções.  Por isso, aconselho aos senhores do ramo a não baterem muito na Geni. Pois ela pode voltar, e surpreender a muitos...

( Fontes:  Veja; Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo ; Chico Buarque de Holanda)

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