Há enfrentamentos em
que o valor simbólico pode ter um poder maior diante de situação já firmada
e conhecida, se tal força ignota se apresenta como um desafio, que transcende a
situações anteriores, a ponto de transformar a respectiva fraqueza em uma
espécie de resistência, que se baseia não em força pré-estabelecida, mas retira
o seu poder de resistência da própria aparente fraqueza, mostrando que a
negativa de princípio retira a respectiva capacidade de resistência a outros
insondáveis poderes que transcendem às realidades burocráticas, factuais e
políticas, e que por isso, através da coragem de eventuais afirmações de
princípio podem levar de roldão os clichés e os dados burocráticos que têm sido a solução
mágica para o sucesso do todo-poderoso Matteo Salvini.
Faz
parte decerto do imaginário da consciência humana que Davi terá alguma chance
contra Golias. Elementos para tal o desafiador (Carola) poderá eventualmente
dispor, e é neste elemento de surpresa que residem as poucas possibilidades que
têm de prevalecer em um embate determinado e sujeito a tais rígidas premissas.
Não
está, decerto, escrito que ela vá prevalecer. No entanto, o continuado êxito da
política negacionista do todo-poderoso Salvini leva dentro dele o gérmen de um
eventual tropeço, pelas próprias características do embate, e da ínsita
afirmação de sua humanidade, sobretudo se se configurar um choque de princípios
que confronte, ainda que por uma vez, o brutal egoismo de negar guarida aos
infelizes que dela verdadeiramente careçam.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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