quarta-feira, 26 de junho de 2019

O que é hoje a Crimeia


                                            
      A ação militar russa que, em uma jornada, se apoderou de forma clandestina da península da Crimeia, arrancando-a da Ucrânia, na prática, não encontrou qualquer resistência e, sequer mesmo, válida contestação. A sua "formação militar" envergava uniforme castrense, sem qualquer marca nacional. 

        Apesar do formato ridículo, aqueles soldados de chumbo eram expressão da raiva do senhor de todas as Rússias, em que o presidente ucraniano Viktor Yanukovitch houvesse mordido o pó da debandada,  fugindo às pressas do palácio do chefe de Estado, desabalado correndo pela própria vida, enquanto, pesaroso, deixa o que amealhara pelos velhos métodos orientais do entesouramento,  naquela pouco gloriosa escapada de pernas pra que te quero? 
        
         Assim, ela na prática, seria o  tal 'castigo', aplicado por gospodin Vladimir Putin contra o novo governo da Ucrânia e, sobretudo, a seu povo desassombrado, que ousara derrubar o servil presidente pró-Moscou, assim culminando as manifestações da praça Maidan. Feitas ao ar livre, com os ventos cortantes, que trazem consigo o outono e o inverno, e através desse gélido, chuvoso outono e do seguinte glacial inverno, com as suas lacerantes lufadas, já demasiado duras e insuportáveis naquelas paragens, essa gente animosa favorecera a laços da Ucrânia com a União Europeia. ao invés de deixar-se estreitar pela burocrática corrente  com Moscou, por meio da sólita união consular, que condena os ucranianos àquele acordo sem outro porvir que a dependência à capital imperial, que, como se fora pouco, lhes abre o caminho da servidão, dentro de vazio figurino, em que apenas reluzem os escudos de gospodin Putin, Senhor do Kremlin.
       
           Em outras palavras, ao contrário de sensaborona aliança consular, um Tratado com a Comunidade Europeia, que, de alguma forma, abrisse o Ocidente, sua liberdade e seu progresso ao Povo ucraniano, que decerto prefere as oportunidades industriais e comerciais da Europa Ocidental e a consequente abertura à democracia ocidental,  a eventual intercâmbio com a Liga consular russa, larga, desconfortável avenida para a mesmice de um mundo sem porvir,  vazio de esperança e de eventual futuro que comparar-se possa aos acenos da existência de um mundo melhor, como aquele do Ocidente, que, ao invés do sufocante abraço do imperial burocratismo russo, demora em espaços de um sol cujos raios não só prometem  esperança, mas mundo em que a liberdade abre suas asas sobre as gentes, e lhe torne a própria vivência uma promessa da ridente  esperança, e não senda que leve aos descaminhos de uma existência condenada à mediocridade.

( Fontes: The New York Times; Castro Alves ) 

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