A ação militar russa
que, em uma jornada, se apoderou de forma clandestina da península da Crimeia,
arrancando-a da Ucrânia, na prática, não encontrou qualquer resistência e, sequer
mesmo, válida contestação. A sua "formação militar" envergava
uniforme castrense, sem qualquer marca nacional.
Apesar do formato ridículo,
aqueles soldados de chumbo eram expressão da raiva do senhor de todas as
Rússias, em que o presidente ucraniano Viktor Yanukovitch houvesse mordido
o pó da debandada, fugindo às pressas do
palácio do chefe de Estado, desabalado correndo pela própria vida, enquanto,
pesaroso, deixa o que amealhara pelos velhos métodos orientais do
entesouramento, naquela pouco gloriosa
escapada de pernas pra que te quero?
Assim, ela na prática, seria o tal 'castigo',
aplicado por gospodin Vladimir
Putin contra o novo governo da Ucrânia e, sobretudo, a seu povo desassombrado,
que ousara derrubar o servil presidente pró-Moscou, assim culminando as
manifestações da praça Maidan. Feitas ao ar livre, com os ventos cortantes, que trazem
consigo o outono e o inverno, e através desse gélido, chuvoso outono e do
seguinte glacial inverno, com as suas lacerantes lufadas, já demasiado duras e
insuportáveis naquelas paragens, essa gente animosa favorecera a laços da
Ucrânia com a União Europeia. ao invés de deixar-se estreitar pela burocrática corrente
com Moscou, por meio da sólita união
consular, que condena os ucranianos àquele acordo sem outro porvir que a
dependência à capital imperial, que, como se fora pouco, lhes abre o caminho da
servidão, dentro de vazio figurino, em que apenas reluzem os escudos de
gospodin Putin, Senhor do Kremlin.
Em
outras palavras, ao contrário de sensaborona aliança consular, um Tratado com a
Comunidade Europeia, que, de alguma forma, abrisse o Ocidente, sua liberdade e
seu progresso ao Povo ucraniano, que decerto prefere as oportunidades industriais
e comerciais da Europa Ocidental e a consequente abertura à democracia
ocidental, a eventual intercâmbio com a Liga
consular russa, larga, desconfortável avenida para a mesmice de um mundo sem
porvir, vazio de esperança e de eventual
futuro que comparar-se possa aos acenos da existência de um mundo melhor, como
aquele do Ocidente, que, ao invés do sufocante abraço do imperial burocratismo russo,
demora em espaços de um sol cujos raios não só prometem esperança, mas mundo em que a liberdade abre
suas asas sobre as gentes, e lhe torne a própria vivência uma promessa da
ridente esperança, e não senda que leve
aos descaminhos de uma existência condenada à mediocridade.
( Fontes: The New York Times; Castro Alves )
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