Hong
Kong é um enclave remanescente do período
de um cerco neocolonialista no século XIX, do então império da China.
Atrasada na época em termos bélicos, a
China foi um prato fácil para as incursões de um Ocidente bastante mais bem
armado. Hong Kong é um exemplo dessa fase quase inerme do poder chinês, quando
as potências ocidentais tripudiavam sobre o imbele estado chinês.
Sem embargo, do mal podem advir boas
consequências .Impregnada pelas práticas ocidentais, a colônia da Inglaterra,
então no auge de seu poder, dominando os sete mares,adquiriu costumes,
práticas e leis ocidentais, tanto que hoje a sua democracia incomoda o poder de
Xi Jinping.
Assim, centenas de milhares de pessoas encheram as
ruas de Hong Kong ontem para protestar contra uma enésima lei de caráter
ditatorial, eis que é feita para ensejar a extradição para a China continental.
Organizadores declararam que havia um milhão de pessoas na manifestação. Houve,
por conseguinte, confrontos com a polícia. Não se exclui que se siga uma série
de prisões e o consequente envio de opositores da ilha para as autoridades
chinesas.
Passada meia-noite,
milhares de ativistas cercavam a sede do governo central - que repassa as
ordens da metrópole - com cartazes dizendo "Sem extradição para a
China" e "Sem Lei Maligna".
O levante se dirige precipuamente contra projeto de lei, apresentado
pelo governo local de Carrie Lam, que é ligada ao PCC. A legislação em tela
permitiria que suspeitos de crimes sejam extraditados a países com que Hong
Kong não tenha acordo formal de extra-dição. O objetivo imediato é permitir que o governo envie um acusado de homicídio de Hong Kong para Taiwan, onde é acusado de ter matado a namorada.
O projeto deixaria a cargo
de funcionários do Executivo a decisão de extraditar suspeitos de crimes, mas
as autoridades de Hong Kong afirmam que antes da decisão haveria julgamento por juiz
independente. O governo também afirmou
que a nova lei não será usada contra
quem enfrente perseguição religiosa ou
política.
O que temem os habitantes de Hong Kong
? Que a China instrumentalize essa lei
e que os cidadãos de Hong Kong venham a sofrer detenções arbitrárias, ou que o
poder residente chinês aplique detenções arbitrárias ou acusações aleatórias
(suborno, corrupção, para prender eventuais opositores).
Os críticos alegam
que os tribunais de Hong Kong são transparentes e independentes, enquanto os da
RPC atendem aos desejos do Executivo,
onde o presidente Xi Jinping vem intensificando a repressão à sociedade civil
Nos últimos meses, desapareceram de Hong Kong
uma dezena de dissidentes e críticos do regime chinês. E se acham sob
custódia da China continental, inclusive um bilionário chinês e homens ligados a empresa que ousou publicar
livros que não agradam à liderança
chinesa. "Essa lei vai tirar nossas
liberdades se for implementada", disse ao New York Times Peter Lam, um estudante de 16 anos
do ensino médio.
"
Nos
últimos anos, o governo chinês limitou a independência de Hong Kong, reprimiu o
movimento democrático, impediu que candidatos
da oposição concorressem e
sufocou quase todos os movimentos de protesto", disse Ivan Choy, professor do Departamento de
Governo e Administração da Universidade Chinesa de Hong Kong.
Segundo
Choy, é provável que tal medida passe, já que os legisladores pro-Beijing detém
43 dos setenta assentos. "O maior problema é que Xi Jinping é um homem
forte, que detém enorme poder econômico", disse Choy. "Ele vai forçar
a decisão de Carrie Lam de avançar com a dita proposta."!
( Fonte: O Estado de S.
Paulo )
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