A Chanceler
Angela Merkel, ao cabo de treze anos
à frente do governo, já entregara a secretaria de seu partido a CDU, retendo
por ora a Chancelaria Federal que é a direção do governo federal alemão.
Não surpreende decerto que não seja
dos melhores o seu relacionamento com o atual presidente dos Estados Unidos.
Como já referido no blog o seu
recebimento na Casa Branca - a quem fora visitar pouco depois do ingresso de Donald Trump na presidência - terá demonstrado
para quem tem olhos para ver que o sucessor de Obama não se sentia à vontade em
tê-la naquela famosa residência em que, para surpresa de muitos, acabara o republicano
de entrar. Sem dúvida, não será difícil entender que Trump não se sentisse à
vontade com uma personalidade como a Merkel,
enquanto um pouco mais tarde chegou a sair de um trenzinho de mãos dadas
com a Primeiro Ministro inglesa,Theresa May... Afinidades decerto
não se discutem... Talvez a May, que já se despede de Downing Street 10,
tenha-lhe parecido mais no seu próprio nível, do que a Merkel com toda a sua
presença, de treze anos à testa da Chancelaria Federal...
Desta feita, ouvidos mais atentos a
esperavam nos jardins da Universidade Harvard, nos EUA. Na sua alocução, a
Merkel conclamou os formandos a
"derrubar os muros da ignorância e da intransigência", e condenou,
vejam só, a adoção de políticas de cunho isolacionista e protecionista.
De quem as orelhas arderam à
distância, sabemos por certo o nome...
Não é de ignorar-se, tampouco, a
atual ascensão do populismo na Europa. Essa forma de demagogia, como todas as suas
variações, pode até impressionar a princípio, mas em geral não corresponde às
profusas faixas com que anuncia a própria entrada. Um dos perigos que o cercam
é a sua superficialidade e as mágicas e simplistas maneiras com que pensa
resolver os problemas que atenazam os líderes do presente... O mais
interessante disso tudo - é claro que Mr Trump não tem tempo para pensar em
tais coisas - será a preferência pelos atalhos autoritários (Hungria, Polônia),
ou então soluções mágicas, como o Brexit[1]
- vale dizer a saída do Reino Unido da União Europeia - que desde 2016 atormenta
a velha Inglaterra... Disto, no momento, assistimos a mais um capítulo.
Tendo
presentes seja a atualidade, seja os quadros de um passado não tão
distante, Angela Merkel que no cadinho
da Europa do meio disse: "Nossas liberdades individuais não são dadas. A
democracia não é algo que possamos considerar garantida. Nem a paz ou a
prosperidade". Os alemães - e os
europeus - podem entender essas asserções com maior facilidade.
Para os jovens universitários
hodiernos, nos Estados Unidos, talvez pareça complicado. Mas um curso sobre maccarthysmo talvez ajudasse a
compreendê-lo de forma um pouquinho mais abrangente...
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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